O que o pessoal tá achando do novo da Adele? | JUDAO.com.br

Um resumo do que a imprensa nacional e internacional está falando do novo disco da cantora, 25, lançado na última sexta-feira (20)

E aqui estamos nós, de volta a este espaço em que fazemos um apanhado de opiniões sobre um grande lançamento da semana para te ajudar a definir a sua. O assunto desta vez é o disco 25 , o mais novo álbum da carreira da cantora britânica Adele.

Em 2011, com seu disco blockbuster 21, Adele vendeu impressionantes 31 milhões de cópias em todo o mundo, número expressivo pra caralho no mundo dos downloads e streamings por aê. E ainda foi lá e ganhou um Oscar pela música-tema de Skyfall. Era de esperar, portanto, que depois de quatro anos de silêncio, o universo estivesse esperando um bocado do novo álbum da moça. Como já tínhamos falado por aqui: este tal 25 é fácil o equivalente sonoro ao tanto que se está colocando de expectativa em O Despertar da Força no mundo do cinema. E no YouTube, o primeiro clipe deste novo disco ultrapassou a marca de 1,6 milhões de visualizações por HORA, deixando os jedis e seus 1,2 milhões para trás.

Ainda tem dúvidas? Hello, o primeiro single, se tornou o primeiro da história dos EUA a ultrapassar a marca de 1 milhão de downloads vendidos legalmente em apenas uma semana. E as primeiras estimativas da Billboard, com base na movimentação dos varejistas, dão conta de que 25 — lançado oficialmente na última sexta-feira, dia 20 — deve ter a melhor primeira semana de vendas da história desde que a Nielsen SoundScan começou a fazer este tipo de apuração, em 1991. E, pelo menos inicialmente, serviços como Deezer, Spotify e quaisquer outros de stream não contarão, já que a gravadora e a própria Adele resolveram não lançar o disco por lá. :)

Vamos, então, à nossa grande pergunta...o que o pessoal tá achando de 25? Adele voltando com força total para mostrar quem é que manda? Ou fazendo mais do mesmo, pra tentar repetir a “fórmula campeã” de 21? Os críticos de todo o mundo opinam – incluindo EU mesmo. :D

O disco é LINDO. A voz da Adele transborda de emoção, tem uma força, uma capacidade de torcer seu coração e virar sua alma do avesso, como poucos artistas têm nos dias de hoje. Mas vejam: apesar de LINDO, este 25 está longe de ser CRIATIVO. É uma espécie de continuação natural de 21, para o bem e para o mal. Acaba ficando uma parada MONOCÓRDICA (adoro esta palavra). Não me decepcionou, mas vou dizer que amaria ver o que este vozeirão sensacional é capaz de fazer saindo um pouquinho que seja da zona de conforto.

Você simplesmente não pode deixar de sentir que ela tentou apostar em terreno seguro. Você não pode culpar a Adele por seguir uma fórmula que até agora resultou em mais de 30 milhões de álbuns vendidos – mas tomara que tenhamos um pouco mais de inovação no 29.

Há momentos isolados de novidade espalhados aqui e ali através do álbum... Mas conforme 25 continua, ele acaba sendo gradualmente inundado pelo tipo de baladas tristes no piano que são o terreno de conforto de Adele.

As músicas são invariavelmente entregues de maneira linda. Em um mundo de cantores que se sentem impelidos a expressar emoção fazendo malabarismos vocais, Adele entende que menos é geralmente mais. Mas ainda assim tem algo faltando assim.

Adele

25 tenta soar integrado, por mais que as canções variem do fenomenal para o morno. Em certos momentos, tudo isso vem até junto.

A ‘golden voice’ de Adele, ao mesmo tempo que é uma bênção (e para seus fãs), pode ser também sua maldição. De identidade tão forte, a garganta de Adele não só abafa facilmente as canções do álbum, muitas delas guiadas por um contrastante dedilhar de piano, como faz do velho exercício de ouvir um disco inteiro um desafio exaustivo.

Aquela voz. Em 25, o material é ocasionalmente inspirado, às vezes meio chato, mas sempre entrega o que promete – e com Adele, isso é o suficiente.

Os fãs de Adele têm esperado por anos por novas canções da cantora que possam explicar suas próprias experiências. Eles ganharam um lote digno destas faixas em 25, um álbum tão cheio de drama que faz uma cantora mais alegre como Katy Perry parecer uma máquina fofinha de doces.

adele_02

Um registro que parece ao mesmo tempo novo e familiar – uma bela, ainda que segura, escolha de baladas panorâmicas e desvios lindamente executados... Sua voz é um monumento nacional, a nona maravilha.

Ela capricha como nunca na potência vocal, prioriza arranjos etéreos e quase sempre grandiosos, entrega letras tão intimistas quanto as anotações de um diário de adolescente. (...) A proposta pode soar repetitiva e cansativa — e soa —, mas o fato é que nenhum fã terá do que reclamar. Esse é o terreno da jovem cantora, onde caminha com mais desenvoltura.

Nostalgia é a linguagem da Adele. (…) Pop maravilhosamente trabalhado que dá aos fãs o que eles querem.

25 é certamente um disco no nível de seu antecessor. O que ele sacrifica em crueza jovem transforma em maturidade e pura classe.

25 é, como seu antecessor, esmagado sob o peso de suas baladas encharcadas, poucas conseguindo escapar de suas influências dos anos 70 e 80 da forma que Hello faz, ainda que bem pouco.

Ela canta até mesmo suas letras mais bobas com tal força e convicção que, bem, você pode apenas tentar resistir. Estes últimos frutos de sua tristeza vão fazer sua gravadora, a Sony, muito, muito feliz, tenho certeza.

Ao contrário de Michael Jackson, que passou sua carreira perseguindo o sucesso de Thriller, Adele tem evitado a tentação de fazer uma ‘grande declaração’ com seus próximos discos. Ao invés disso, ela parece relaxada e inspirada, em um conjunto de canções que vêm direto do coração.

Um festival de baladas de piano, 25 não é lá um disco de grandes dinâmicas, e está sempre a uma gota de entornar o caldo do bom gosto. All I Ask, que ela fez com Bruno Mars, chega a níveis Barbra Streisand de exploração emocional.

Adele

Bem, os fãs de seus dois primeiros álbuns 19 e 21 não vão se decepcionar, mas há uma abundância aqui para conquistar novos fãs também (se há alguém no planeta que não tenha realmente um álbum da Adele ainda). Não é novidade que 25 é um conjunto altamente polido de músicas. Sim, algumas delas soam um pouco previsíveis, mas no centro de tudo isso está a voz, que nunca soou melhor.

A alma antiga do pop se torna moderna o bastante para continuar deixando as coisas bem interessantes.

Adele é um dos raros artistas atuais que dá mais de si mesma em sua música do que em qualquer tipo de mídia social ou para os paparazzi. Ela é a anti-Kardashian.

25 é bom o suficiente para saciar a sede das massas e empurra a música de Adele para a frente tanto musical quanto pessoalmente. É o primeiro álbum de Adele que permite entender que sua música não tem gênero.

Adele

É claro que tudo é muito bem feito, a produção é sublime, só tem fera na jogada, em todos os aspectos. Os vocais são tecnicamente perfeitos, não há falhas nesse quesito. A música, no entanto, não se resume à técnica, não é pura matemática. Falta em 25 o fator que foi fundamental na equação que transformou 21 em um sucesso mundial: a emoção. Foi a emoção transmitida por Adele nas canções daquele disco que causaram a identificação de milhões de pessoas, que sentiram essa emoção bater forte em seus corações. E isso não acontece em 25. Não quer dizer que as canções sejam ruins, mas elas, sem dúvida, não são tão acolhedoras e arrebatadoras quanto no trabalho anterior. E essa diferença, para uma artista que construiu a sua música e carreira muito pela capacidade de tocar o coração dos fãs, faz uma diferença danada no resultado final.

Em seu terceiro disco, Adele não chega a escalar as alturas épicas de 21, seu disco definidor de carreira. Mas com toda a honestidade, isso vai ser sempre uma tarefa quase impossível.

Não importa se é dor, mágoa ou exuberância que alimenta o fogo, Adele serve tudo isso com tamanho esforço, embora com uma alegria mais madura. Simplesmente maravilhoso.