Darwyn Cooke era uma luz no mundo das HQs, um sorriso do Universo DC | JUDAO.com.br

Quadrinista canadense morreu neste sábado (14), vítima de câncer, mas nos deixou um pouco de luz pra superar a escuridão

Eu poderia falar do trabalho dele nos storyboards de Batman: The Animated Series, e das séries subsequentes que vieram naquele universo criado por Bruce Timm. Poderia mencionar a abertura que ele criou para Batman do Futuro. Citar a edição 5 de Solo, que lhe deu um Eisner. Ou o crossover entre Spirit e Batman, que ganhou um Joe Shuster Award e rendeu uma nova revista pra clássica criação do Will Eisner.

Teve também DC – A Nova Fronteira, HQ publicada em 2004 no qual o quadrinista imaginava uma ponte entre os clássicos personagens da DC Comics da Era de Ouro e aqueles criados na Era de Prata. Um clássico instantâneo.

Ou ainda as mágicas HQs da Mulher-Gato, com roteiros do Ed Brubaker e que não só fizeram Selina Kyle ter um sentido no século XXI, como resgataram Slam Bradley, uma criação de Jerry Siegel e Joe Shuster pré-Superman e que estava há décadas esquecida.

Mas eu prefiro lembrar da beleza do traço. De como ele conseguia fazer algo lindo, dinâmico e, ao mesmo tempo, forte, cheio de queixos quadrados e de referências diretas à monstros como Joe Shuster, Jack Kirby, Alex Toth e Joe Kubert. Era – e ainda é – algo incrível, um daqueles traços que consegue reunir tanta história e importância nessa mídia clássica que são as histórias em quadrinhos.

Cooke

Também quero lembrar de como seus heróis estavam sempre sorrindo. Boca aberta. Todos os dentes à mostra. Não é só como se estivessem felizes, mas como se curtissem toda aquela aventura. Uma energia que sai dos quadros e captura o leitor. Tudo isso sempre completado pelo trabalho de grandes coloristas, que faziam a sua parte do trabalho com a mesma alegria que artista fazia cada traço.

Sempre o lembrarei como o autor de roteiros pra cima. Na visão dele, os super-heróis representam a nossa esperança, a chance de superar nossos limites terrenos e fazer um grande bem. “Nós não estamos aqui para amaldiçoar a escuridão, mas para iluminar com a luz de uma vela que possa nos guiar através da escuridão para um futuro são e salvo”, ele escreveu no epílogo de A Nova Fronteira, umas das coisas mais lindas que já li.

Darwyn Cooke era essa luz. De poucos trabalhos na carreira quando comparado com outros grandes quadrinistas, mas de um legado importante, belo. Uma luz que a esposa Marsha avisou que estava se apagando justamente numa sombria sexta-feira 13, por conta de um câncer agressivo para o qual estava recebendo tratamento paliativo. No dia seguinte, chegou a notícia que ninguém queria ouvir.

Cooke

“Darwyn Cooke teve uma visão do Universo DC que era única, ainda assim abraçada por todos. Assim que você viu seus desenhos e conceitos atemporais para Batman, Mulher-Gato, Superman, Mulher-Maravilha, Lanterna Verde ou qualquer outro personagem, você imediatamente adotava sua interpretação eufórica destes personagens como sua própria, e queria mais”, afirma a DC Entertainment, em comunicado oficial. “Sua interpretação sobre os heróis mais icônicos do mundo era de tirar o fôlego, direta, elegante e descolada. São dele algumas das mais lindas e divertidas imagens dos heróis da DC que já vimos.

De todas as mensagens de quadrinistas e profissionais do ramo lamentando a morte de Cooke, a mais importante vem de Arune Singh, ex-diretor de publicity de TV na Marvel Entertainment. “A melhor forma de honrar Darwyn Cooke é fazendo o que ele fez – use seus dons para fazer do mundo um lugar melhor para se viver, todos os dias”.

Vai lá, Darwyn, siga para a sua nova fronteira. Prometo que vou continuar por aqui, segurando uma pequena chama. Obrigado por tudo.