Pelo menos em teoria, esta produção segue uma cronologia própria, sem necessidade de estar ligada ao universo estendido da DC nos cinemas. Maaaaaaaas…
“Um filme solo do Coringa, na teoria, pode ser sim uma boa ideia”, foi o que a gente disse, lá em Agosto de 2017, quando esta história toda de uma produção que contasse a origem do Príncipe Palhaço do crime começou. “No papel, lançar um segundo selo – talvez mais sombrio e adulto – com as propriedades da DC é uma grande ideia”. Pois é. A gente continua acreditando nisso. E parece que a Warner também.
A tal produção, dirigida por Todd Phillips, da trilogia Se Beber, Não Case, vai mesmo acontecer. E não apenas começa a ser rodado em setembro, em Nova York, como já tem previsão de lançamento para algum momento do segundo semestre de 2019. E sim, as negociações de bastidores enfim evoluíram e Joaquin Phoenix vai mesmo interpretar o protagonista.
Todavia, embora Martin Scorsese não esteja mais envolvido como produtor porque sua agenda está cheia, seu braço direito na produtora Sikelia Productions, Emma Tillinger Koskoff, assina a produção, com Richard Baratta (O Lobo de Wall Street) como produtor executivo.
O roteiro, co-escrito por Phillips e Scott Silver (de O Vencedor), é descrito pelo estúdio como sendo “uma exploração de um homem à margem da sociedade que não é apenas um estudo de caráter corajoso, mas também um conto preventivo mais amplo” — lembrando aqui que os tais “contos preventivos” (em inglês, “cautionary tales”), são parte do folclore popular desde que o mundo é mundo, criada para alertar seus ouvintes sobre um determinado perigo.
Quando a notícia surgiu pela primeira vez, láááá atrás, tinha um papo de que ele se passaria no começo dos anos 1980, com aquele clima sujo e cheio de crimes da época. Se a ideia se mantém, a gente não sabe bem, mas o que é informação oficial é que estamos falando de um orçamento de US$ 55 milhões, significantemente menor do que as polpudas 250 milhas que um Batman vs Superman gastou, por exemplo. O tom promete ser mais sombrio e experimental, produzindo o que a WB descreve como um “drama criminal”.
A ideia é que esta produção esteja dentro de um “selo” diferente, sem preocupação com a cronologia do universo expandido / estendido que a DC está pretendendo criar nos cinemas. Portanto, não esperem relações diretas com Ben Affleck como Batman ou mesmo com a versão Jared Leto do vilão. Aliás, já se sabe que existe uma intenção de fazer TAMBÉM um filme solo do Coringa de Leto (esta sim, uma ideia DE MERDA), de fato ligado aos acontecimentos de Esquadrão Suicida. Isso se a gente não levar em consideração a própria continuação do Esquadrão, que é uma realidade, e até o papo, que vai e vem com certa frequência, de um filme conjunto co Coringa com a Arlequina...
Se a gente tá falando MESMO de uma história de origem, no entanto, é válido lembrar que o que não falta é material de referência, já que, da mesma forma que o Coringa de Heath Ledger faz em O Cavaleiro das Trevas, a DC Comics já contou algumas possíveis versões ao longos dos anos, mas nenhuma delas foi DE FATO considerada a definitiva.
Aquela mais aceita, até o momento, é a que Alan Moore criou na seminal história A Piada Mortal, de 1988: um comediante fracassado, precisando de grana, topa um roubo com uma gangue de mafiosos na indústria conhecida como Ace Chemicals. Ele vai disfarçado de Capuz Vermelho, pra servir como uma espécie de bode expiatório caso algo dê errado. E óbvio que acaba dando, porque não só a polícia como o Batman pintam no local. No meio da perseguição, o Capuz cai num tonel de produtos químicos não identificados, que deformam seu rosto, cravando nele um sorriso eterno, além de pintar sua pele de um branco pálido e seu cabelo de verde — e, sim, como você imagina, deixando-o absolutamente insano no processo.
Parte desta ideia foi usada por Tim Burton no filme do Morcegão que seria lançado no ano seguinte, com Jack Nicholson vivendo o vilão. Recentemente, na passagem de Scott Snyder pelo título do Batman, além de recontar a mesma história no arco Ano Zero, tivemos uma revelação de que talvez o Palhaço fosse, na verdade, alguém tão antigo e, vejam vocês, capaz de desafiar a morte como Vandal Savage e Ra’s Al Ghul. Basicamente, Snyder adicionou mais uma camada de complicação a uma história já repleta de mitos e que ninguém, de verdade, sabe PRA VALER onde começam os fatos e onde terminam as lendas que o próprio Coringa planta pelo caminho sobre si mesmo.
Este é, de fato, o grande mistério nunca resolvido pelo Maior Detetive do Mundo. Tanto é que, em Justice League #42, de 2011, segunda parte do arco Darkseid War de Geoff Johns e Jason Fabok, o Batman, se tornando praticamente um deus ao sentar na Poltrona Mobius de Metron, dos Novos Deuses, aproveita a incrível capacidade de armazenamento de dados do artefato que viaja pelo espaço-tempo pra fazer duas perguntas: quem realmente matou seus pais e qual é o nome verdadeiro do Coringa. E a resposta pra segunda questão só viria a ser revelada ao leitor OITO meses depois, quando Justice League #50 e DC Universe: Rebirth #1 chegaram às lojas. O que a cadeira disse foi: “Existem três”.
Desde então, a teoria dos Três Coringas é um dos segredos que mais consomem o Homem-Morcego e também os fanáticos fãs fiéis da DC. Afinal, seria uma ótima resposta para os muitos comportamentos que o seu principal antagonista demonstrou ao longo dos anos, bastante diferentes entre si, do zé graça bobalhão e quase inocente ao psicótico maníaco capaz de arrancar o próprio rosto e matar um herói adolescente rachando seu crânio com um cano de metal.
Talvez, como a própria imagem acima sugere, um seja o Coringa da Era de Ouro, outro o da fase Piada Mortal e o terceiro seja este mais recente, que Snyder trouxe de volta ainda mais violento?
De qualquer maneira, o mistério deve ser revelado em breve, já que a própria dupla Johns/Fabok está trabalhando numa série para revelar este segredo de vez. Ou, olha só, do melhor jeito que dá pra se considerar levando em conta que tamos falando do Coringa, né? ;)
Aliás, se o Coringa de Joaquin Phoenix der certo, talvez a própria teoria dos TRÊS Coringas ajude a Warner a trazê-lo para dentro da cronologia oficial, convivendo de algum jeito numa mesma linha que o Jared Leto e, se for o caso, até ajudando a tirá-lo de circulação? ORA ORA, a doce ironia do destino. ;)