HBO quer finalmente ser um serviço de streaming global | JUDAO.com.br

CEO da empresa, Richard Plepler, deixou escapar o comentário durante a MIPCOM – e isso representa uma grande mudança na estratégia da empresa

Grandes nomes da televisão estão, neste momento, em Cannes, na França. Não, eles não estão (apenas) curtindo as praias da Riviera Francesa e dando uma ESTICADINHA até os cassinos de Mônaco. Na verdade, eles estão lá para fazer alguns dos maiores negócios da TV mundial – e definindo, de alguma forma, o futuro da mídia.

Foi num keynote realizado nesta segunda (16) no chamado Palais des Festivals, durante o evento, que o CEO da HBO, Richard Plepler, deixou escapar uma informação bem interessante: que eles vão ter uma “plataforma global” do chamado over-the-top em algum momento do próximo ano. Por “over-the-top”, ou OTT, entenda-se como streaming, algo que eles estão tentando fazer na América Latina com o HBO Go e fazem lá nos EUA com o HBO Now. A informação é do MediaPost.

Isso representa uma boa mudança de direção nas estratégias da Home Box Office. Até hoje, o HBO Now, o serviço de streaming que pode ser assinado independentemente de qualquer operadora de TV paga, existe apenas nos EUA. Por aqui temos o HBO Go como paliativo, sem qualquer ligação com o que rola nos EUA, e é acessível no Brasil (até agora) para quem assina algumas operadoras de banda larga. Ou, claro, para quem tem os canais HBO na TV paga.

Em Dezembro de 2015, o VP corporativo da HBO Latin America, Gustavo Grossman, chegou a falar em uma coletiva realizada em São Paulo que “HBO Now é dos Estados Unidos”, deixando claro que, naquele momento, não havia nenhum planejamento para integrar pelo menos o restante das Américas com os EUA, muito menos de ter uma plataforma única global.

Agora, como vemos, há.

Além do Go e do Now, ainda existem os serviços de streaming HBO Nordic e HBO España, tudo separado e independente. Não faz, claro, sentido ficar particionando o mundo em pequenas compotas como eles estão fazendo. Quer dizer, na cabeça deles, faz. E tem relação com dinheiro.

A HBO está em “apenas” 60 países. Porém, de acordo com a Variety, seus programas alcançam 160 por meio de acordos de licenciamento com canais locais, que podem usar o selo de “casa da HBO”. São acordos lucrativos, que ajudam a empresa a pagar as contas – principalmente em locais nos quais o custo operacional é zero, já que não estão lá, como Itália, Alemanha, França e Reino Unido. Não são mercados pequenos.

Só que, enquanto isso, as pessoas estão CORTANDO O CABO. Saindo da TV paga e aderindo, aos poucos, ao streaming – principalmente o Netflix. A empresa de Los Gatos, por exemplo, alcançou recentemente a marca de 100 milhões de assinantes em todo o mundo — algo realmente impressionante. Não adianta ter um contrato lucrativo se, daqui um tempo, seus concorrentes podem matá-lo.

“Estamos seguindo o dinheiro, mas não o estamos seguindo cegamente”, disse Plepler em uma entrevista para a Variety na véspera de seu painel na Mipcom. “Estamos olhando em um horizonte de cinco a oito anos e avaliando caso a caso”.

“Estamos seguindo o dinheiro, mas não o estamos seguindo cegamente”.

Ser global não deixa, claro, de ser a mesma estratégia adotada pelos concorrentes Netflix e Amazon, mas Plepler deixou claro uma coisa: “Nós não estamos tentando ser o Netflix. Isso é sobre eles E nós”.

Aliás, isso é sobre eles todos E a Disney, já que o Mickey anunciou que também terá um serviço OTT para chamar de seu no médio prazo.

Uma coisa é verdade: a HBO tem ótimos programas originais e exclusivos, além do catálogo de filmes da Warner, já que é do mesmo grupo. É um conteúdo de respeito, que pode servir como uma alternativa e/ou complemento aos concorrentes no streaming. Ter uma estratégia global para vender isso não só ajuda a deixar as coisas mais claras, como também alinhar estratégias e lançamentos mundiais. E também ajuda a ter uma plataforma mais preparada pra não cair quando lançarem novos episódios de Game of Thrones, né?

Enquanto isso, hoje, o Netflix tem 52 milhões de assinantes nos EUA, contra 19 milhões do HBO Now por lá. É bom correr atrás enquanto ainda dá tempo, Plepler...