Amazing Spider-Man #12: CALMA, que tá tudo bem | JUDAO.com.br

Dan Slott resolveu aproveitar o gibi, lançado nesta quarta (7) nos EUA, pra ~brincar com os fãs do Homem-Aranha. Mas fica tranquilo, Tio Ben tá onde sempre esteve… :D

SPOILER! Dan Slott é um fanfarrão. Essa semana, o roteirista resolveu responder, no seu twitter, sobre os rumores de que o final de Amazing Spider-Man #12, publicada nos EUA nesta quarta (07), iria quebrar a internet. “Não posso confirmar ou negar. Mas umas merdas malucas vão acontecer”, disse.

Não demorou muito até o dono de uma comic shop enviar a tal última página para o site britânico Bleeding Cool – e, claro, eles publicaram a dita cuja nesta manhã. BOOM. Leitores chocados... e a publicação deve estar vendendo como Coca-Cola trincando no deserto do Saara. Achievement unlocked.

Ok, e qual é o tal acontecimento bombástico da última página? Bom, se você não leu por aí, se segura na cadeira, porque Ben Parker ESTÁ VIVO. Sim, o Tio Ben. VIVO.

EITA

EITA

Só que, como tudo que envolve a Marvel e Dan Slott, não é beeeeeem assim. A tal página pode pegar desavisado quem se deparar com a imagem na internet ou folhear a HQ e der logo de cara com ela, mas a aparição é perfeitamente explicável e entendível para quem ler toda a edição – e, claro, não é o que você está pensando.

4305213-asm2014012_dc11-0 No momento, as spider-HQs lá nos EUA estão passando pela saga Spiver-Verse. Basicamente, o roteirista Dan Slott resolveu juntar EVERY SPIDER-MAN EVAH – com exceção daqueles na mão da Sony, como ele disse na última San Diego Comic-Con, num tremendo fan service. Afinal, sempre foi o sonho de qualquer fã ver frente à frente as diversas versões de diversas mídias do personagem que ama. Algo ainda mais forte para quem curte o Aranha, já que o herói já teve versões mangá, tokusatsu, noir, animada tosca, animada legal e tudo mais.

Aproveitando o gancho, surgiu a oportunidade para misturar outros personagens inspirados na clássica criação de Stan Lee e Steve Ditko, como a Mulher-Aranha clássica, ou ainda enfiar novas criações, como a Gwen Stacy alternativa que também atende pelo nome de Mulher-Aranha. Uma puta e, ok, deliciosa, confusão.

Se fosse SÓ isso, até que tudo bem. Porém, pra montar todo esse arco, Slott resolveu revisitar um polêmico vilão do Cabeça-de-Teia, Morlun, criado ainda na época em que J. Michael Straczynski era o roteirista. Como antes, Morlun quer sugar os poderes dos heróis totêmicos só que, dessa vez, descobrimos que ele não está sozinho, mas que faz parte de uma FAMÍLIA, chamada Inheritors (Herdeiros, em PT-BR).

Esses caras entram em contato com poderes que tornam possível a viagem interdimensional e, a partir daí, passam a varrer o Multiverso Marvel em busca de todos os heróis com poderes de aranha, juntando toda a patota.

Isso é a versão curta da história. A longa envolve CLONAGEM...

Quando Amazing Spider-Man #12 começa, estamos na quarta parte de Spider-Verse, que é meio o momento “IH, FODEU”. Solus, o pai dos Herdeiros, foi até a Terra-13, que deveria ser um local “inatingível”, matou e absorveu o Escalador de Paredes com os poderes do Capitão Universo — além de, em seguida, roubar Benjy Parker, o filho de Peter Parker e Mary Jane do Universo MC2, aquele da Garota-Aranha May “Mayday” Parker.

Nem o Homem-Aranha japonês e seu gigantesco LEOPARDON conseguem deter o vilão.

Leopardon, 1978-2015

Leopardon, 1978-2015

Silk, que recentemente foi introduzida como parte do Universo Marvel 616 (o principal), descobre outro universo seguro, que foi vítima de uma tragédia nuclear, algo que faz mais mal aos Herdeiros do que aos Aranha. É nessa Terra, a de número 3145, que eles encontram o Tio Ben.

A edição acaba bem aí, mas fica claro que esse Ben Parker é de um universo alternativo – e apresentado pela Silk como um dos heróis totêmicos procurados pelo Morlun e os parentes. Novesfora, a Terra-3145 viu o Tio Ben picado pela aranha radioativa para ver o sobrinho Peter morrer.

...e é isso. ¯\_(ツ)_/¯

Gwen? Ben?

Pois é: Spider-Verse está mexendo com o cemitério do Homem-Aranha ao trazer, mesmo que em versões alternativas, personagens mortos importantes para o nosso herói. Não dá pra saber se eles vão se tornar, depois, presenças constantes nos gibis (há quem diga que existe uma chance pra Spider-Gwen...), mas a iniciativa fácil para chocar fãs e alavancar vendas não é tão nova assim.

Dois exemplos: o primeiro é ainda dos anos 1990, quando Peter reencontrou os pais Richard e Mary vivinhos, tudo parte de um plano do então recém-falecido Harry Osborn. Mais recentemente, na saga Disnastia M, o Universo Marvel foi modificado e Gwen ficou viva por um curto período, além de ser casada e ter filhos com Peter.

Como você pode ver, a questão nem é tão o que foi feito, mas COMO isso já começou a repercutir. Uma página, fora de contexto, vazada para fazer com que os leitores acreditem em uma coisa que não é, exatamente, a verdade.

Na internet, o Dan Slott até tenta pregar contra o vazamento fora de contexto, mas, você conhece a internet, não conhece? :P


O que irrita MESMO em Amazing Spider-Man #12 é essa saída noventista de jogar acontecimentos da saga em títulos relacionados. A publicação está recheada de recordatórios do tipo “Pra saber como chegou aí, leia tal edição” ou “Pra saber o que rola depois, leia tal coisa”. Isso cansou os leitores há 20 anos, Slott. Não há motivos para funcionar agora. A história que está sendo contada precisa funcionar um pouco mais por si própria.

Dá pra dizer que, tirando tudo o que está errado, há coisas certas. Por mais que botar todos os Homens-Aranhas possíveis em um só gibi seja fan service, é divertido.

Pois é. “Divertido” é algo inerente a esse Homem-Aranha atual. Pena que “irritante” também é.