Animais Fantásticos e Onde Habitam: mais uma prova do quão bem escreve J.K. Rowling | JUDAO.com.br

Filme é (mais) uma clara evolução do que se viu nos livros e filmes do Harry Potter, acompanhando todas as crianças, adolescentes e ~jovens adultos que cresceram com Hermione Granger em mais uma fase da vida, olhando e enxergando bem o mundo em que vivemos

Seja lendo os livros ou assistindo aos filmes, muita gente cresceu com Harry Potter. Foram dez anos desenvolvendo personagens brilhantemente, enquanto crianças se tornavam adultas e adolescentes ficavam mais próximos dos trinta do que dos vinte, moldando muito bem o caráter de muita gente.

Animais Fantásticos e Onde Habitam é o novo passo de J.K. Rowling no seu DORAVANTE chamado Mundo Bruxo, conversando com essa mesma galera pra seguir em frente desenvolvendo temas que muita gente considera como CABELUDOS, tipo intolerância e xenofobia, agora de uma maneira um pouco mais adulta, mais séria, mais sombria.

A história começa em 1926, quando Newt Scamander, ainda escrevendo o livro que viraria obrigatório em Hogwarts, vai até os EUA com a intenção de liberar um dos seus animais fantásticos em seu habitat natural, no Arizona. As leis dos EUA, porém, são diferentes — e é aí que começa um dos principais sub-plots não só desse filme, como dos cinco que veremos pelos próximos anos.

Animais Fantásticos e Onde Habitam não é só um filme. É todo um universo precisando ser construído, praticamente do zero, mas ainda mantendo a essência do que já conhecemos. A escolha de David Yates pra dirigir o filme não é à toa, já que ele conhece BEM o universo criado por J.K. Rowling... Mas é ela a grande responsável por fazer isso tudo dar certo.

Porque, olha só: Animais Fantásticos e Onde Habitam já deu certo.

Confesso que não sabia exatamente como é que seria a transição da escritora de romances para escritora de roteiros Hollywoodianos, mas o resultado muito dificilmente poderia ser melhor. Ela sabe como ninguém desenvolver personagens, e é exatamente o que percebemos entre os dois momentos que Newt Scamander passa pela alfândega, chegando e saindo dos EUA.

Ele é o protagonista, rola meio que um Pokémon Go com a busca e indexação de vários bichos estranhos e fascinantes, mas ao mesmo tempo é como se fosse apenas e tão somente uma distração à tudo o que acontece naquele mundo. A ideia de fazer com que as histórias se passem num espaço de 19 anos não é só pra explorar a homossexualidade de Dumbledore a partir do segundo filme, mas também mostrar — como ela sempre fez — o quão horrível o mundo pode ser.

Animais Fantásticos

Se você fizer as contas aí, vai perceber que não só a história dos filmes acabaria no mesmo ano em que Dumbledore derrota Grindelwald, como no mesmo ano em que a Segunda Guerra acaba. Com alguns animais fantásticos, J.K. Rowling se prepara pra ir mais fundo, dentro de uma escuridão que paira sobre o mundo.

De uma certa maneira, é como se o tal Universo Mágico de J.K. Rowling tivesse agora seus X-Men.

Mesmo sendo mais uma criação de um novo mundo, recheado de subplots, Animais Fantásticos e Onde Habitam funciona muito bem sozinho. Reconhecer a maioria daqueles personagens e bichos talvez seja realmente interessante mas, acredite, não faz falta nenhuma.

J.K. Rowling se mostrou uma ÓTIMA roteirista e, principalmente, conhecedora não só do próprio material como do público com quem fala, já que não tenta em momento algum, com a história, passar a mão na cabeça de ninguém. Animais Fantásticos, embora não seja uma sequência, segue muito bem de onde Harry Potter e as Relíquias da Morte parou, evoluindo junto com os fãs da saga do MENINO QUE SOBREVIVEU.

Mais do que um filme, ela parece ter conseguido criar uma nova história, tão interessante quanto, tão engajada socialmente quanto. Animais Fantásticos e Onde Habitam, a cada momento que passa, faz com que queiramos mais.

Por sorte, teremos.