Se você só for levar uma única coisa que eu escrevo em consideração, que seja essa
Kingsman: Serviço Secreto é do caralho. Senhoras e senhores da classe de 2015, se eu fosse Pedro Bial e pudesse dar só uma dica sobre o futuro, seria esta: assista a Kingsman: Serviço Secreto. O filme estreia nessa quinta, 05, e pode ser uma das melhores coisas que você vai ver no cinema esse ano. Pode não, VAI ser.
É do mesmo pessoal que fez o primeiro Kick-Ass. A sensacional-e-muitas-vezes-esquecida Jane Goldman é a roteirista, ao lado de Matthew Vaughn, que também dirige, baseado numa HQ de Mark Millar, o escocês que é quase um MIDAS quando o assunto é adaptações de histórias em quadrinhos pra cinema. Exatamente como Matthew Vaughn e Jane Goldman, aliás – que juntos, além de serem os responsáveis por X-Men: Primeira Classe, ainda conseguem segurar a onda de ódio do Millar pra nos dar uma história real e divertidamente violenta.
Daquelas histórias que nos fazem sair do cinema dizendo pra todo mundo assistir ao filme, mesmo que fosse a única dica que se pudesse dar pra qualquer ser humano, em toda a sua fucking vida. Que filme foda, senhoras e senhores.
Kingsman, como você deve imaginar pelo título, é uma organização secreta que além de salvar o Mundo vez ou outra, leva em grande consideração aquele ideal do GENTLEMAN britânico, da CLASSE, da FLEUMA, desde o slogan (“As maneiras fazem o homem”) aos ternos blindados feitos sob medida pra cada um dos seus membros, todos com codinomes dos Cavaleiros da Távola Redonda.
Quando um dos Kingsmen morre, é necessário encontrar o seu substituto e, pra isso, os membros restantes precisam indicar um nome. É aí que surge Eggsy, filho de um Kingsman morto ainda em treinamento, anos antes. Sabe Misfits? Eggsy é um daqueles caras que, do mais profundo nada, se vê no meio de testes assustadores e um tanto quanto MORTAIS, embora provavelmente nenhum seja tão insuportável quanto lidar com os herdeiros da high society britânica.
Óbvio, mesmo sendo o menos provável, Eggsy é quem se sai melhor na brincadeira. E muito é culpa de Taron Egerton, o moleque que consegue ser tão marrento quanto classudo na sua transformação de moleque em um Kingsman. Você olha pra ele e enxerga tranquilamente, só pra você entender o que quero dizer, um Homem-Aranha chegando no Universo Marvel (e aqui está a obrigatória comparação judônica de qualquer coisa com a Marvel).
Mas, ainda assim, Eggsy não seria ninguém sem Harry Hart, ou Galahad, o personagem de Colin Firth. Sim, o ganhador do Oscar, Rei da Inglaterra, Mr. Darcy, que vai atrás da portuguesa gordinha. Ele é a melhor coisa de TODO o filme. Ele personifica a existência e a razão dos Kingsman, a transformação do Eggsy e o filme de maneira geral. Galahad é o melhor James Bond de todos os tempos.
Como tal, merece um vilão à altura: Valentine, um bilionário da tecnologia, de língua presa e que oferece jantares regados a BigMacs; um genocida que tem ideias muito parecidas com as do Ultron (opa, essa referência foi de graça!), mas que não suporta ver uma gota de sangue. Sabemos que existe a cota Samuel L. Jackson em todos os filmes do universo, mas em Kingsman o cara domina a brincadeira. Sim, brincadeira. Pra ele, é quase tudo uma diversão.
E se temos um James Bond e um vilão à altura, não podia faltar o CAPANGA. Ou a capanga, Gazelle, interpretada por Sofia Boutella. Uma espécie de pequena e letal Miho, só que MAIS letal, com lâminas no lugar das pernas. E, como sempre nos filmes de Matthew Vaughn, cada morte que ela causa é quase uma poesia.
A ideia do Valentine é acabar com boa parte da humanidade usando um telefone celular, causando aquele mesmo efeito do Midnight Oil do Howard Stark em Agent Carter (gente, mais uma). E aí, se a violência causada pela Gazelle é quase uma poesia, o que se vê como resultado dessa ideia são duas obras de arte.
Primeiro, a sequência da treta HERÉTICA dentro de uma igreja fundamentalista, em que Colin Firth se transforma em um HERÓI DE FILMES DE AÇÃO; e, depois, lá no final, quando tudo se resolve, ao som de Pomp & Circumstance de Edward Elgas. Essa última, aliás, eu usaria tranquilamente de descanso de tela mental, se possível fosse. Que coisa linda. :D
Kingsman: Serviço Secreto é o filme pipoca perfeito. Tem ação, tem violência, e ainda discute a sociedade em que vivemos. Os Kingsmen realmente acham que são a salvação da sociedade, enquanto Valentine não vê salvação alguma e acha melhor acabar com a porra toda ironicamente usando aquilo que mais nos une e nos isola. E no meio disso tudo tem o Eggsy.
Mas Kingsman também é uma grande homenagem — ou grande exemplo! — aos filmes de espionagem: é filhadaputamente divertido. Em um mundo pós-Cassino Royale, pós-Bourne, Matthew Vaughn mostra que esse tipo de filme não só pode como deve (e consegue) divertir acima de tudo. Até mesmo com uma controversa-piadinha sobre cu. Até mesmo com o fucking Mr. Darcy.
Eu sei o que dizem sobre conselhos. Ou mesmo sobre resenhas. Eu mesmo só costumo vir aqui pra escrever sobre um filme quando esperava algo muito diferente do que vi, ou quando gosto demais de alguma coisa. E sempre, como não poderia deixar de ser, é o que eu penso. Minha mais pessoal opinião.
Mas acreditem quando eu falo sobre Kingsman: Serviço Secreto...