Até onde vai a nossa chatice? | JUDAO.com.br

Na maioria das vezes, as coisas são como são. E há beleza nisso. Ou não há nada.

O mundo não começou quando a internet começou, tampouco teve início quando as redes sociais surgiram. No entanto, eu posso garantir: as coisas ficaram bem mais exageradas desde que a gente se conectou digitalmente.

Sem dúvida, nunca houve tantas formas de difundir informação. Sim, todos temos voz de lá pra cá. Porém, junto com isso, termos superlativos como “genial”, “sensacional”, “histórico”, “inédito”, “vergonhoso”, “maravilhoso”, “péssimo”, “pior” e “melhor”, entre outros, viraram artigo banal, todo mundo fala isso o tempo todo sobre praticamente qualquer coisa que chateie ou entusiasme.

Veja esses chimpanzés, como eles olham a estrada antes de atravessar. Qual foi a última vez que você olhou para os dois lados, pensou duas vezes antes de postar, comentar ou mesmo elogiar ou reclamar de algo? Ponto pros chimps, né?

Tenho a impressão que todos somos atropelados por dois turbilhões, cada um vindo de um lado e se chocando em nossas ocas e ocupadas cabeças: um, feito de informação contínua, e outro, formado pela expectativa alheia sobre nossas performances nesta Terra que um dia há de nos comer. Daí reagimos desse jeito exagerado, mostrando que não estamos passando batidos por tudo isso, que não deixamos nada disso ditar quem somos (até porque não conseguimos mesmo ver ou sentir todos os beijos e tiros que nos acertam).

A real é que, na maioria das vezes, as coisas são como são. Tranquilas, tumultuadas, tediosas, empolgantes, comuns, naturais, artificiais, baratas, caras, próximas, distantes, bonitas, feias, enfim, cotidianas. Em muitos momentos há beleza nisso. Em outros, não há nada.

Aos poucos, três sensações vão desaparecendo de nosso cotidiano: reflexão, contemplação e vazio.

Os Vingadores

Vingadores: Era de Ultron é mesmo tão meia boca? Isso dito por fãs de quadrinhos de heróis é de cair o queixo. Quando foi que as histórias de gibis mensais não fermentaram nossas massas cinzentas? Tudo precisa ser saga, não há mais espaço para uma simples aventura cheia de Vingadores por todos os lados? E aquelas histórias onde trocentos Vingadores das Costas Leste e Oeste se juntavam e faziam mil e uma e, ao mesmo tempo, meio que não faziam nada?

Estamos ficando chatos demais, véio.

Quer a prova? Assiste a Atari: Game Over e presta atenção em como a vontade de falar alguma coisa só pra mostrar que tem opinião ou que não ficou pra trás em relação ao flow de informação pode causar um estrago danado, inclusive encerrando a carreira de gente talentosa como Howard Scott Warshaw.

Não sabe quem é? Vê o filme. Até semana que vem.