Como a empresa dos primos Golan e Globus deixou um legado sem precedentes na indústria cinematográfica. No mau sentido? Você decide ;)
“Cannon Films. A casa de filmes de alta potência e alta voltagem. Com os maiores espetáculos das telas. Estrelas mais brilhantes. E o maior catálogo de entretenimento explosivo. Nós elevamos a excitação por filmes além do limite. E sua bilheteria além do topo. Nós somos Cannon Films. E nós somos dinamite!”
Essa narração é a transcrição de um vídeo promocional — que termina com carro devidamente detonado — da The Cannon Group, Inc., estúdio dos primos israelenses Menahem Golan e Yoram Globus, a mais poderosa companhia independente de Hollywood durante os anos 80 AND grande escola do que NÃO se fazer na indústria do entretenimento. Pelo menos pra muita gente, claro. ;)
Com certeza absoluta você já deve ter visto seu icônico logo na cartela de abertura de alguns dos maiores absurdos cinematográficos protagonizados por Charles Bronson, Chuck Norris, Sylvester Stallone, Jean-Claude Van Damme, Dolph Lundgren e até pelo Michael Dudikoff, lançados ou nos cinemas ou direto-para-o-vídeo durante a inesquecível década de 1980.
A especialidade da Cannon eram filmes de baixo orçamento contendo explosões, tiroteios, pancadaria, alta contagem de corpos, atuações bisonhas, efeitos especiais toscos, toneladas de nudez e muita cafonalha – apesar de vez ou outra tentar investir em dramas e cinema autoral de diretores como John Cassavetes e Jean-Luc Goddard (juro!). Via de regra, suas produções eram feitas milimetricamente pra saciar o apetite do público por entretenimento barato e descompromissado, que percorria vorazmente as prateleiras das videolocadoras com o boom do VHS no começo daquela década. Megalomaníacos, chegaram a lançar mais de TRINTA filmes por ano!
Aqui no Brasil, essas pérolas eram distribuídas pela saudosa América Vídeo (que pertencia ao grupo Paris Filmes) e suas emblemáticas capas azuis. Inclusive, eles tinham também seu próprio vídeo promo copiado acintosamente, no qual prometiam que seus filmes iam “estourar a boca do balão”.
A Cannon foi fundada em 1967 por Dennis Friedland e Chris Dewey e ficou conhecida no meio por seus filmes B, como sex comedies e exploitation de terror. Seu primeiro sucesso financeiro, ainda como Cannon Group, foi Joe – Das Drogas À Morte (PEGA ESSE TÍTULO PARÇA), lançado em 1970, que chegou até a concorrer ao Oscar de melhor roteiro e faturou mais de 19 milhões de dólares de bilheteria contra um orçamento de pouco mais de 100 mil.
O resultado animou a companhia, que elevou o teto de gasto de seus filmes para 300 mil. Só que, na prática, uma série de fracassos de bilheteria sugaram o capital da Cannon que, juntamente com o aumento das taxas de produção de filmes naqueles idos, levou as suas ações para uma queda fulminante durante o resto da década de 70.
Em 1977, a Cannon lançou no mercado americano o thriller de ação Operação Thunderbolt, dirigido por Golan e co-produzido por Globus. A trama consistia do sequestro de um avião de passageiros baseado no incidente real no qual uma aeronave da Air France foi sequestrada por membros da Frente Popular Para a Libertação da Palestina no aeroporto de Entebbe, em Uganda, no ano anterior. Os primos NADA oportunistas aproveitaram todo o sensacionalismo por conta do incidente internacional e já tinham seu filme prontinho para ser lançado apenas três meses depois da história ter tomado todas as manchetes do mundo.
Reza a lenda que, durante as gravações, um dos pilotos do avião estava cansado e se recusou a continuar a pilotar, quando Golan pegou uma Uzi, apontou para a sua cabeça e disse: “É melhor você voltar para a cabine e fazer o que eu mando!”. Junte este tratamento, fruto de um temperamento “excêntrico”, com uma produção feita às pressas para puramente se aproveitar de algo, e você tem a fórmula que acabaria ditando o jeito Cannon de realizar seus filmes depois da dupla comprar a empresa, dois anos depois, por meros 500 mil dólares.
Oportunismo vergonhoso sempre foi uma das marcas registradas da Cannon, e eles não tinham a menor cara de pau em admitir isso, tanto que grande parte de seus filmes eram rip offs dos sucessos de bilheteria do momento. Por exemplo, Braddock – O Super Comando nada mais era que uma réplica descarada de Rambo – Programado Para Matar; As Minas do Rei Salomão, uma versão pobretona de Indiana Jones misturado com Tudo Por Uma Esmeralda; O Último Americano Virgem, uma refilmagem frame a frame de um filme israelense de Golan do fim dos anos 70 e ainda pegava rabeira na libidinagem de Porky’s – A Casa do Amor e do Riso; Breakin’ figurava como uma cópia em carbono de A Loucura do Ritmo; e até Comando Delta era uma variação do próprio Operação Thunderbolt, dessa vez aproveitando o recente sequestro do avião 847 da TWA por membros do Hezbollah em 1985.
Outras características marcantes da gestão foram abraçar de vez o mercado internacional – método ignorado por Hollywood durante muitos anos e que hoje em dia é a salvação para os blockbusters que fracassam na Terra do Tio Sam. Era regra ir todo ano fazer um FUZUÊ em Cannes para vender suas produções para distribuidoras do mundo inteiro, promover campanhas promocionais espalhafatosas e agressivas e saber muito bem como conseguir um financiamento, apesar de seus métodos serem pra lá de picaretas. Geralmente eles vinham com um título ou um pôster, vendiam apenas a ideia sem sequer um roteiro pronto, descolavam a grana e só depois o filme era produzido a toque de caixa.
“Nenhuma outra produtora no mundo – e definitivamente nenhuma das sete majors de Hollywood – se arriscou mais com filmes marginais do que a Cannon”, cravou, em 1987, o famoso crítico de cinema Roger Ebert. Essas escolhas de qualidade duvidosa, uma série de fracassos retumbantes de bilheteria e crítica e o descontrole em realizar um filme atrás do outro, levaram a Cannon ao colapso financeiro e quase falência no final da década de 80, quando Golan e Globus surtaram e resolveram gastar tubos de dinheiro em superproduções sem a qualidade, expertise e efeitos especiais necessários para tal, colecionando bombas uma atrás da outra e se metendo em um mar de dívidas.
A santíssima trindade das loucuras descompassadas dos Go-Go Boys – como a dupla era conhecida – responsáveis por esse desastre foram Falcão – O Campeão dos Campeões, Superman IV – Em Busca da Paz e Mestres do Universo, fora a tentativa frustrada e dinheiro jogado no lixo em levar o Homem-Aranha para as telas, primeiro dirigido por Tobe Hooper, depois por Steve Zito (que revelou que os dois magnatas não faziam ideia de quem era o Amigão da Vizinhança e acharam que era um personagem de terror, como o Lobisomem) e finalmente por Albert Pyun — que rodaria simultaneamente com a futura sequência de Mestres do Universo que nunca existiu — isso antes da sabe-se-lá-o-que-seria versão de James Cameron que Golan levou para a Carolco.
À beira da bancarrota, a Cannon foi comprada pela Pathé Communications, que assumiu os 250 milhões de dívida e começou uma completa reestruturação, o que resultou na saída de Menahem da cia em 1989, fundando a 21st Century Film Corporation. Yoram, por sua vez, continuou na Cannon até 1994 – gerando um litígio nos tribunais entre os primos – quando lançou sua última e deprimente produção: Perigo Mortal, estrelado por um Chuck Norris que enfrenta a ressurreição de um indestrutível emissário do demônio que quer causar o apocalipse.
Mas como, em apenas uma década, a Cannon Films foi da ascensão meteórica para o fundo do poço?
Logo depois de tomar as rédeas da Cannon, em 1980, os Go-Go Boys resolveram tirar da cartola o que eles achariam que seria um êxito comercial certeiro, inspirado pelo sucesso de The Rocky Horror Picture Show: The Apple, um musical comédia de ficção-científica (!) escrito e dirigido por Golan, que consiste em uma ópera-disco (!!) que se passa no futurístico ano de 1994 e reconta a alegoria bíblica de Adão e Eva (!!!) e foi originalmente concebido para ser uma peça musical (!!!!).
Não pra menos, essa extravagante infâmia camp foi recebida de forma negativa pelo público e, em certos círculos da crítica, considerado um dos piores filmes já produzidos, recebendo comentários nada elogiosos como “um notável feito de inépcia” pra baixo. Nada que impedisse a dupla de apostar cada vez mais em porcarias de qualidade duvidosa até tornar-se uma referência do mau gosto e instituir um “estilo Cannon de se fazer filmes”.
Em 1982, Golan e Globus resolveram investir em uma sequência de um filme de sucesso dos anos 70 para finalmente colocar a Cannon Films de novo no mapa e faturar uns bons trocados. Assim, os dois compraram os direitos de Desejo de Matar, de Dino de Laurentiis, e trouxeram Charles Bronson de volta ao papel do vigilante Paul Kersey, novamente dirigido por Michael Winner. Em Desejo de Matar II, a filha catatônica do vingador (que ainda estava se recuperando do trauma do primeiro filme) é novamente estuprada por uma gangue de delinquentes, se suicidando na sequência. O bigode grosso vai atrás de um por um para realizar sua vendeta pela segunda vez — mal ele sabia que ainda teria de ser juiz, júri e executor da bandidagem por mais quatro vezes.
Gastando 2 milhões de dólares (sendo que um e meio deles foram parar no bolso de Bronson para voltar ao papel) o longa rendeu 45 milhões ao redor do mundo para a Cannon, que ficou mais feliz que pinto no lixo. Quem não gostou muito foi Brian Garfield, autor do livro Desejo de Matar, que já havia reclamado do primeiro filme por terem transformado um personagem tão doente como Kersey em um herói, e decidiu escrever uma sequência por si próprio, ignorada por Golan, que preferiu uma história original escrita por David Engelbach e ainda disse com todas as palavras: “nós acreditamos que nossa história era melhor”. Então tá...
Em 1981 a Cannon decidiu apostar em um dos mais insólitos subgêneros do cinema de ação: os filmes de ninja. O pobre Franco Nero estrelou Ninja – A Máquina Assassina, igualmente dirigido por Golan (que chutou os fundilhos do contratado diretor Emmett Alston quando Charles Bronson proibiu o manda-chuva de dirigir Desejo de Matar II), responsável por dar a voadora inicial na febre de filmes de ninja dos anos 80, que por muito tempo gerou frutos para as reprises da sessão de cinema das noites da TV Bandeirantes.
A ótima recepção do público para aquele filme cheesy de ação-coreografada o tornou o primeiro de uma trilogia, que seguiu com A Vingança do Ninja dois anos depois, e o sem precedentes Ninja III: A Dominação de 1984, tosqueira-mor que, numa mistura de artes-marciais com O Exorcista e Flashdance (não me pergunte... ), traz a dançarina Lucinda Dickey possuída pelo espírito de um guerreiro mercenário oriental em busca de vingança.
Mas, decididos a não largar o osso, no ano seguinte a Cannon insistiu com uma nova e vexatória franquia: American Ninja. Lançado em PT-BR como Guerreiro Americano, imortalizou o loirinho oxigenado Michael Dudikoff (Chuck Norris recusou o papel pois não queria passar o filme todo por baixo de uma máscara, afinal, ele é o fucking Chuck Norris!) e ainda teve as manhas de gerar mais QUATRO continuações, sendo a última lançada em 1993, fazendo o subgênero desaparecer de vez como se envolto em uma bomba de fumaça.
Mas talvez um dos maiores absurdos da Cannon tenha sido confiar em Tobe Hooper. Tá certo que o cineasta texano fora responsável por O Massacre da Serra Elétrica e Poltergeist – O Fenômeno, mas dar um contrato de três filmes, carta branca para o sujeito e um tanto de dinheiro em suas mãos mostrou-se uma decisões mais equivocadas da vida empresarial de Golan e Globus.
Os números não mentem: o execrável O Massacre da Serra Elétrica 2 (que a Cannon queria DESESPERADAMENTE produzir de qualquer jeito) custou quase 5 milhões de dólares e faturou pouco mais de 8 milhões; a refilmagem Z de um sci-fi B dos anos 50, Os Invasores de Marte, gastou $12 milhões para não arrecadar nem $5 milhões; por fim, Força Sinistra torrou um caminhão de dinheiro – 25 milhões deles, um dos maiores orçamentos da história da empresa – estourou o orçamento, o cronograma e teve que ser finalizado às pressas, rendendo parcos 11 milhões de dólares de volta aos cofres da Cannon.
Bem, o que diabos aqueles dois esperavam de uma bagaceira sem precedentes com astronautas encontrando extraterrestres na cauda do cometa Haley (aproveitando a febre da passagem do cometa pela Terra – que se mostraria um fiasco que quase ninguém conseguiu ver) e a adição de uma alienígena que passa a película inteira pelada sugando a energia vital da galera, que depois transforma-se em um filme de vampiros e, no terceiro ato, em um disaster movie de fim do mundo?
Resultados: crise financeira na Cannon, que pavimentaria seu caminho para a falência e sepultamento em definitivo da carreira de Hooper.
O representante maior de todos os absurdos da Cannon é Chuck Norris. Isso SIM é uma verdade indubitável sobre o ator. A parceria entre o ator e o estúdio foi responsável por colocar no imaginário popular aquele tipo de filme de ação enlatado esdrúxulo, personificar a figura de homão da porra definitivo para o ruivo barbudo e, décadas depois, originar os tais “Chuck Norris Facts” que fizeram tanto sucesso na minha, na sua, na nossa rede mundial de computadores.
Norris estrelou a trinca Braddock – O Super Comando, Invasão USA e Comando Delta, aquele que levou a empresa de uma vez por todas a um beco sem saída. Os Go-Go Boys acharam do fundo de suas cabeças afetadas que aquele longa bisonho politicamente incorreto em todos os sentidos seria um sucesso estrondoso para o estúdio (“o blockbuster do século”, segundo o próprio Golan) já financeiramente combalido por conta de suas decisões irresponsáveis anteriores. Enganaram-se miseravelmente. O crítico de TV David Sheehan cravou na época que é um “filme exploitation no pior sentido da palavra. Feito de forma flagrante e sem cérebro para inspirar ódio vingativo contra árabes e palestinos”.
Pior que rolou até uma première com direito a tapete vermelho na sede do novo e nababesco escritório da Cannon com toda a nata série B de Hollywood convidada. “Uma festa black-tie para um filme do Chuck Norris… É uma porra de um filme do Chuck Norris!”, comenta transbordando de ironia o designer de produção William Stout no documentário Electric Boogaloo: The Wild, Untold Story of Cannon Films de Mark Hartley.
Nesta altura do campeonato, com todas as previsões de que a Cannon estava indo financeiramente para o buraco e o insignificante retorno de bilheteria, a ideia genial de Golan-Globus, que já deviam até as calças para os bancos, era gastar ainda MAIS grana para fazer filmes ainda mais espetaculosos e tentar cobrir o buraco. Foi quando a fixação de contratar Sylvester Stallone pelo dinheiro que fosse veio à cabeça de Menahem, o que em termos práticos significou 15 milhões de dólares de cachê na conta de Sly, saídos diretamente de um orçamento de $21 mi.
Bom, essa insanidade mudou completamente o jogo em Hollywood, supervalorizando o mercado e a partir de então todo grande astro queria um acordo igual do Stallone com a Cannon. E essa quantia astronômica para quê? Falcão – O Campeão dos Campeões, um filme sobre um CAMINHONEIRO que disputava o campeonato mundial de QUEDA DE BRAÇOS, tentando copiar a fórmula que havia dado certo em Rocky: Um Lutador e na CERTEZA de que a queda de braço se tornaria a próxima febre da América. Tsc, tsc…
Depois de trabalhar com diversos heróis de filmes de ação, a Cannon resolveu investir nas adaptações dos quadrinhos que, vale lembrar, naqueles idos não eram NADA parecidas com os filmes da Marvel e da DC de hoje em dia. Os primos foram pra cima do mercado cheios de apetite e compraram os direitos da franquia do Superman dos produtores Alexander e Ilya Salkind, que queriam mais era se livrar do Escoteirão depois da recepção pífia de Superman III e Supergirl.
Mas um filme do Homem de Aço não estaria completo sem Christopher Reeve, certo? Para convencê-lo, eles ofereceram produzir Armação Perigosa, drama e suspense jornalístico que Reeve vinha tentando conseguir financiamento para tirar do papel há anos. Tudo acertado, Superman IV: Em Busca da Paz poderia ser o filme que salvaria a Cannon e seria seu maior sucesso em todos os tempos. PODERIA.
Com orçamento prometido de 36 milhões de dólares, um mês antes das filmagens começarem, quando a conta começou a não bater e o cinto ter de apertar, a grana foi cortada pela metade, o que resultou naquela atrocidade cheia de efeitos especiais mambembes e cenas patéticas na qual o Supinho enfrenta o famigerado Homem Nuclear ao mesmo tempo em que salvava a Estátua da Liberdade, repelia uma erupção vulcânica no Monte Etna e reconstruía a demolida Grande Muralha da China.
O resultado nas bilheterias, de apenas 15 milhões de dólares arrecadados, teve efeito mais devastador que kryptonita. Era definitivamente o fundo do poço para o personagem, que ficou as próximas duas décadas sem dar as caras numa tela de cinema novamente (só para percebermos que não havia nada que Bryan Singer e Zack Snyder não pudessem piorar).
Apenas um mês depois de Superman IV aterrissar nas telas de cinema, em Julho de 1987, veio outra surra nas bilheterias e dessa vez nem os poderes de Grayskull puderam ajudá-los. Após uma joint venture caríssima com a empresa de brinquedos Mattel, a produtora adquiriu os direitos para um live-action com He-Man, Esqueleto e toda a patota de Etérnia, surfando na onda do popular desenho animado.
Mestres do Universo foi uma desgraceira estratosférica com a assinatura da Cannon que custou para seus cofres 22 milhões de dólares, sendo que o problema de caixa da empresa e o orçamento estourado colocou a produção em sérios riscos, culminando no cancelamento da produção três dias antes do fim do cronograma. O pobre coitado do diretor Gary Goddard só conseguiu filmar cenas extras três meses depois e com o prazo apertadíssimo, o que resultou na cagada batalha final entre o He-Man de Dolph Lundgren e o Esqueleto de Frank Langella (que mais parecia usar uma fantasia mambembe de Halloween).
Com o naufrágio nas bilheterias, a sequência que já tinha até um roteiro pronto e título, Masters of the Universe 2: Cyborg, foi abortada, o contrato entre a Cannon e Mattel encerrados e o roteiro acabou sendo reaproveitado para um longa estrelado por uma certa estrela belga das artes-marciais em ascensão.
Um ano depois do fiasco de Mestres do Universo, a situação estava mais do que complicada quando uma luz no fim do túnel parece ter surgido na forma de um novo astro de filmes de ação vindo diretamente da Bélgica: Jean-Claude Van Damme.
O clássico dos clássicos O Grande Dragão Branco foi lançado em 1988, fez o mundo inteiro descobrir o que raios era o Kumitê, gastou parco milhãozinho e acabou por faturar 11 milhões de trumps, dinheiro mais que bem vindo para a empresa na pindaíba.
No ano seguinte foram lançados Kickboxer – O Desafio do Dragão, que seguia a exata mesma receita de bolo e trilhou o mesmo caminho de sucesso do seu antecessor, gastando 1,5 milhão e faturando impressionantes 40 milhões ao redor do mundo, e o futurista Cyborg, O Dragão do Futuro, aquele no qual Pyun recauchutou seu roteiro abandonado da sequência de Mestres do Universo, arrecadando 10 milhões de dólares no mercado doméstico para um gasto de míseros 500 mil.
Sem a menor sombra de dúvida, a Cannon Films colocou seu nome no panteão da cultura do absurdo e, passeando pela sua bizarra filmografia, temos absoluta certeza que ela o fez com louvor, nos brindando com essas adoráveis e saudosas películas e deixando seu legado. Questionável. Mas, ainda assim, um legado. ;)