Capitã Marvel e o Poder Feminino | JUDAO.com.br

Depois de dez anos de universo cinematográfico, FINALMENTE chega aos cinemas a primeira protagonista da Marvel Studios. Demorou? Ô. Vale a pena? SIM.

A Marvel Studios se prepara para o final do seu primeiro ciclo cinematográfico e o público está ansioso para a continuação dos dramáticos acontecimentos de Vingadores: Guerra Infinita, ENQUANTO chega aos cinemas uma história sobre uma mulher ambientada no universo compartilhado. E se você espera qualquer informação sobre os acontecimentos derivados do estalar de dedos de Thanos, você vai se decepcionar.

Dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck, Capitã Marvel é um filme com vida própria o suficiente para contar a história de Carol Danvers (Brie Larson), uma das mais poderosas guerreiras do universo, que se encontra no meio de uma guerra intergaláctica entre duas raças alienígenas. A produção faz uma viagem ao passado para contar um capítulo inédito do MCU, com a introdução da protagonista e as origens do que se tornaria a Iniciativa Vingadores, com o roteiro de Boden, Fleck e Geneva Robertson-Dworet se concentrando inteiramente em apresentar a mitologia da protagonista e nos mostrar como ela encontrou seu propósito como heroína.

Apesar deste ser um elemento fundamental em uma história de origem, Capitã Marvel não segue exatamente o modelo tradicional do estúdio e dá uma boa refrescada em algo engessado, assim como aconteceu no ótimo Pantera Negra, já que funciona facilmente como uma história solo, mesmo nos mostrando que existem ligações entre acontecimentos desse filme e o que aconteceria no futuro.

Mesmo fazendo parte de uma franquia e apresentando elementos conhecidos, como uma SHIELD ainda nascente, as versões mais jovens de Nick Fury, Agente Coulson e Ronan, o Acusador, Capitã Marvel vai se relacionar lindamente com quem conhece sua história, mas principalmente com quem NÃO conhece a heroína e sua importância no universo Marvel, seja ele dos gibis ou das telonas.

Os diretores criaram cenas de ação bem envolventes e convincentes, mas o roteiro também se preocupa em incrementar esses momentos com diálogos divertidos e espirituosos. O roteiro também nos surpreende de maneiras tanto visuais como narrativas — e parte da história bem sucedida vem da química entre Brie Larson e Samuel L. Jackson, tanto no humor quanto na empatia entre os dois.

Por sinal, Larson assumiu bem o papel dessa personagem que ainda não entende seu lugar no mundo e acredita fielmente que precisa provar seu valor para os outros e para si mesma. O mesmo vale para Ben Mendelsohn no papel do líder skrull Talos e seu arco dramático simples e eficiente.

Ambientado no meio da década de 1990 (em 1995, pra gente ser mais exato), Capitã Marvel tem um bom design de produção e figurinos que sabem se aproveitar dessa viagem no tempo para introduzir elementos visuais desse período, seja uma Blockbuster (para quem não sabe, era uma Netflix física, que alugava umas coisas ancestrais chamadas ~VHS) ou o estilo de se vestir dos personagens (e tome grunge com camisa listrada de flanela).

Outro ponto importante para essa ambientação é o departamento musical, que chega impressionando com uma trilha sonora certeira de Pinar Toprak, que tem No Doubt, Hole, Heart e outras minas maravilhosas. Se você viveu nos anos 90, será impossível não bater aquela nostalgia, quase como aconteceu com os anos 70 e Guardiões da Galáxia.

Além de uma produção bem feita, Capitã Marvel ressoa sobre o poder feminino – com uma mensagem sobre mulheres sendo capazes de fazer o que quiser, principalmente na parte final do filme. E essa é a real importância de Capitã Marvel: meninas e mulheres se sentirem tão poderosas quanto a protagonista e SE VEREM no cinema. Talvez isso incomode muito quem não se enxerga na pele da protagonista. Mas, se você estiver disposto, Capitã Marvel vai te divertir, te fazer rir e servir de inspiração.

O que, no fim, é o que importa.