Capitão América, agente do... Império Secreto!? | JUDAO.com.br

Teaser mais recente indica mais um polêmico caminho para o Bandeiroso – e que pode ser o próximo grande crossover da Marvel

SPOILER! Capitão América, um agente da HYDRA. Taí uma das mais polêmicas mudanças da Marvel Comics nos últimos anos, mexendo com o status quo do mais ~correto personagem da editora. Apesar de muita gente torcer o nariz, até que o roteirista Nick Spencer conseguiu construir uma justificativa pra isso, que não envolve um retcon do jeito que estamos acostumados e se encaixa, querendo ou não, no momento político dos EUA.

Só que agora é hora de ir além nessa história toda, provavelmente desembocando no grande crossover da Casa das Ideias em 2017, como o teaser misterioso revelado na última semana dá a entender. Na imagem temos Secret Empire, uma referência ao Império Secreto, clássica equipe de vilões criada por Stan Lee e Jack Kirby. Só que no meio tá justamente o novo escudo usado por Steve Rogers...

Pra entender melhor, vamos voltar um pouco mais no tempo, mais exatamente pra 1966. Foi na edição 81 de Tales to Astonish que os pais da Marvel criaram o Império Secreto, originalmente uma organização que era uma “subsidiária” da HYDRA e liderada por um cara misterioso, chamado de Número Um – uma identidade que foi, através das décadas, assumida por diferentes pessoas.

Todos os outros integrantes assumiam números de acordo com a sua importância lá dentro – Número Dois, Três e assim vai, parecida com a SPECTRE das histórias do James Bond. Com os rostos ocultos, os integrantes tentavam, de forma subversiva, estender seu poder.

O tal Império foi e voltou diversas vezes nos últimos 50 anos, eventualmente saindo das sombras da HYDRA. No ano passado, os vilões apareceram num flashback nas páginas de Astonishing Ant-Man, enfrentando a Cassie Lang.

Agora, como isso poderia estar ligado ao Steve Rogers? Bom, é simples: a Kobik, versão humana (e infantil) do Cubo Cósmico, foi manipulada pelo Caveira Vermelha para modificar a realidade do Bandeiroso. Com essa mudança, Steve foi, desde pequeno, manipulado pela HYDRA, se transformando em um agente infiltrado na organização criminosa entre os heróis e os agentes da SHIELD. Desde sempre ele defendeu os próprios interesses, e não os da “América”.

Na edição 7 de Captain America: Steve Rogers, publicada em novembro passado, descobrimos que Rogers é amigo de infância de ninguém menos que o Barão Zemo, atuando agora ao lado dele para tirar o Caveira Vermelha do controle da HYDRA — o que, aos olhos do “novo” Bandeiroso, é corretíssimo.

Ainda não entendeu? Bom, a editora divulgou, também na última semana, um trailer com tudo o que anda rolando na revista do Capitão América. O timing dessa divulgação não deve ser coincidência.

Nesse contexto, faz sentido imaginar Zemo e o Capitão América assumindo o comando do Império Secreto. Ou até mais do que isso: ser revelado que, após as mudanças cronológicas feitas pela Kobik, Steve Rogers sempre foi o NÚMERO UM. Ou um Número Dois, subordinado ao Zemo.

Uma revelação dessas não seria à toa – e provavelmente colocaria Steve Rogers com planos mais ambiciosos para si mesmo.

É isso que deve DESAGUAR no grande evento da Marvel Comics em 2017, fazendo do teaser da última semana não só sobre o futuro de um personagem, mas de toda o universo. E é algo que também reverbera o atual momento político do país (e, na real, de todo o mundo).

Axel Alonso, o editor-chefe, já disse mais de uma vez que as publicações da Casa das Ideias são um reflexo do que acontece no mundo. Foi assim com a Guerra Civil lá de 2007, e tem sido assim agora, com a Guerra Civil II. Nesse sentido, o “Império Secreto” pode ser mais que o resgate de um conceito dos anos 1960 sob a liderança do Capitão América. É mais: torna possível uma grande metáfora sobre os EUA de hoje.

Junto com o tal teaser, Joe Taraborelli, que é o gerente de Comunicação da Marvel, publicou no twitter frase “a house divided against itself cannot stand”. Talvez você não a conheça, porque não costumamos aprender muito disso nas nossas aulas de história aqui no Brasil, mas é um trecho do chamado “Discurso da Casa Dividida”, feito por Abraham Lincoln quando foi nomeado candidato a senador. Na época, ele falava sobre a questão da escravidão, que não acreditava em um país dividido entre estados que proibiam e aqueles que a liberavam.

“A house divided against itself cannot stand”

A questão atual é outra, obviamente, mas os Estados Unidos estão desunidos. De acordo com o Bleeding Cool, a frase de Lincoln já aparecia em eventos voltados aos donos de comic shops desde o ano passado, demonstrando que a editora já estava com isso no radar. Porém, o resultado da eleição de novembro, com a vitória de um candidato que teve três milhões de votos a menos que a adversária, mostrou que a situação é ainda mais dramática. A tendência é os ânimos de acirrarem em 2017 – e a editora quer se meter no meio disso, sim.

No final do ano passado, em entrevista exclusiva para o JUDÃO, Ryan Penagos, VP e editor executivo da Marvel Digital Media, não deu muitos detalhes, mas adiantou que acreditava que o momento político dos EUA iria, em algum momento, respingar nas publicações da casa. “[...] Eu acredito que isso irá acontecer naturalmente. A atmosfera política e o ambiente no qual os quadrinistas vivem, as situações nas quais eles se encontram, isso vai vir à tona de alguma forma. Se é mais aparente, ou se é mais sutil, vamos ver. Nós temos, teoricamente, quatro anos de qualquer coisa que pode acontecer com o nosso próximo presidente”.

Já pensou, sei lá, Steve Rogers manipulando a porra toda pra se tornar, com a ajuda do Império Secreto, o PRESIDENTE dos EUA? Algo que já aconteceu em Marvel Zombies e no antigo Universo Ultimate, que poderia ser facilmente transportado para o Universo Marvel que conhecemos com esse pequeno twist recente na ÍNDOLE do herói.

Ainda de acordo com o Bleeding Cool, o especial da Marvel no Free Comic Book Day – que em 2017 será no dia 6 de maio – é justamente o pontapé inicial de Secret Empire. Foi a mesma estratégia com Civil War II, então faz sentido.

E antes que alguém xingue, fique tranquilo: não há nada aqui que não possa, depois, ser desfeito...