Child of Light: Vivendo uma fábula | JUDAO.com.br

Novo RPG de aventura da Ubisoft é tudo o que amamos em jogos indie, só que em um título comercial

Dia desses estava comentando com um amigo a preguiça que ando sentindo com a indústria de jogos. Raramente compro um jogo novo – oi Dark Souls – mas vira e mexe acabou gastando uma grana no Steam ou no GoG com jogos indie e antigos – oi Heroes of Might and Magic III – e o tanto que isso às vezes é frustrante. Existe uma torrente de novos jogos legais, em um punhado de gêneros, como Titanfall, mas que mesmo assim, não deixa de ser maçante e repetitivo. Faltam títulos comerciais que sejam originais, inventivo e instigantes.

Child of Light, novo jogo da Ubisoft Montreal que mistura aventura, plataforma e elementos de RPG, é tudo isso: original, inventivo e instigante, desde sua jogabilidade híbrida passando pela trilha sonora, design, design de níveis, personagens e história. Embora seja um jogo direcionado a crianças, é muito provável que você, marmanjão e marmanjona vão se divertir muito mais com ele do que seus irmãos e irmãs.

O jogo, totalmente em português e inteiramente RIMADO – Camões aprova – te bota na pele da pequena princesa Aurora, do reino de Lemuria, na Áustria, no final do século XIX. Um dia ela tem uma febre e aparentemente morre. Quando acorda, encontra o reino virado do avesso e dominado por criaturas das trevas. Cabe a ela acompanhada de asas de fada, uma espada mágica e uma bola de luz desbravar e libertar o reino, derrotar a bruxa má e encontrar seu pai, o rei.

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Em termos de enredo, o jogo se aproxima muito de um conto de fadas, tanto em seu ambiente como em sua narrativa e personagens. E como todo bom conto de fada dos irmãos Grimm, ao invés de uma lição de moral, há algo a ser aprendido por baixo do que é óbvio. Isso fica claro pela quebra de clichês e inversão de papéis que já viraram praxe em video games e até em filmes de brucutu: salvar a mocinha. Até o Liam Neeson faz sucesso em pleno 2014 salvando a filha dele tal qual Arnold e até Mike Haggar fizeram antes dele.

Mas não em Child of Lightaqui cabe à filha ser a heroína de sua própria história e salvar o seu pai. Parece bobagem, mas a quebra desses clichês e papéis de gênero é muito importante para os video games hoje em dia e cabe muito bem no jogo em questão.

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Quanto à jogabilidade hibrida, o jogo se aproxima mais de um título de aventura e exploração, como Metroid ou Castlevania: Symphony of the Night, por exemplo. Você vai e volta no cenário de várias formas diferentes resolvendo puzzles, abrindo baús e portas, usando o cenário a seu favor. Quanto aos elementos de RPG, ele mistura alguns ocidentais e orientais, como os diálogos longos e um sistema de combate que mistura ação em tempo real com turnos, algo que muitos jogos já tentaram anteriormente e falharam. Mas não Child of Light. Embora o combate possa ficar repetitivo em alguns momentos, a ação e estratégia é constante, principalmente nas batalhas com chefes.

Além disso existem árvores e habilidades que você pode escolher e ampliar a cada level, pedras preciosas que podem ser combinadas para melhorar as habilidades de sua espada, defesa e velocidade e companheiros para se encontrar no caminho. Estes companheiros seguem alguns papéis mais óbvios, como Rubella, a primeira que você encontra. Além de ser uma palhaça que não sabe rimar – num mundo rimado – em busca de seu irmão, a palhacinha é uma suporter, e vai te ajudar com seu HP a maior parte do tempo. E acredite se quiser: ao contrário de muitos RPGs por aí, esses companheiros não são chatos, embora também não sejam profundos.

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Mas o que mais vale seu dinheiro é a arte. O jogo é belíssimo, sua trilha sonora é emocionante e toda sua estética e ambiente de contos de fada é de encher os olhos. Ele foi feito na mesma engine que Rayman Origins e Rayman Legends, mas nenhum dos títulos levou este aspecto de desenho tão adiante. Os personagens e o mundo de fato parecem um livro de contos de fada que ganhou vida e que você pode controlar.

A belíssima trilha sonora é assinada por Béatrice Martin, da maravilhosa banda francesa Coeur de Pirate, que as executa. É impressionante como ela conseguiu acertar no ponto certo, dando emoção, alegria e melancolia às músicas, assim também como compondo ótimos temas para as lutas e para os momentos mais dramáticos do enredo.

Se você está procurando um jogo diferente, que fuja de todas as formas do convencional, Child of Light é perfeito pra você. Mas se você prefere gritar HUEHUE no microfone enquanto senta na cara de um jogador americano em alguns shooters por aí, este aqui talvez não seja sua praia. O jogo já está disponível para PC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One, Wii U e será lançado para PS Vita em julho.

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