Constantine deveria ter a chance de não ser "mais do mesmo" | JUDAO.com.br

Depois de um início tumultuado, série foi cancelada depois de apenas 13 episódios, mas demonstrou um potencial pra ir além de ser um Supernatural wannabe e pode viver em outro lugar

Constantine não teve um caminho fácil desde antes da estreia. O episódio caiu nas interwebs e foi visto por muita gente que não gostou do que viu. Os produtores sentiram o baque e, com a água batendo na bunda, mudaram os rumos da série ao reeditar o final do piloto que foi efetivamente ao ar.

Os 12 episódios seguintes seguiram esse novo rumo, mostraram uma evolução, mas não foram o suficiente pro canal NBC encomendar uma temporada completa. No final da última semana, depois de muitos rumores, CONFIRMADO: a série foi cancelada.

Mas... Será que foi justo?

Bom, se você se basear no piloto, mesmo o que foi ao ar, realmente foi. A produção sentiu o peso de adaptar o anti-herói da Vertigo (e, mais recentemente, da própria DC Comics) para a telinha. Estamos falando de um canal aberto dos EUA, no horário nobre... Se já não seria fácil, imagina com vazamento antes da estreia, atraindo uma atenção maior até do que deveria? Pra você ter uma ideia, a Warner Television fechou o Hall H da San Diego Comic-Con por 3 horas e NÃO mostrou o piloto da série, imaginando uma potencial reação negativa.

A Warner, a NBC e os produtores resolveramacreditar menos na fórmula original do personagem e mais em uma fórmula que funciona na TV. A gente até disse aqui: parecia mais Supernatural do que qualquer coisa.

Mais do mesmo.

Pra piorar, existe a tal classificação indicativa. Constantine era TV-14 – ou seja, indicado para adultos e crianças acima de 14 anos de idade, que fica abaixo apenas de TV-MA, pra audiência ~madura, com 17 anos ou mais. Apesar de não parecer ser tão ruim, até porque é, por exemplo, a mesma classificação das duas primeiras temporadas de The Walking Dead, há uma restrição quanto a violência, no gore, relacionamentos e tudo mais que é bem conhecido dos leitores de Hellblazer, que era “sugerida para leitores maduros”.

É um desafio contornar isso ao mesmo tempo que mantém alguma fidelidade ao material original. Só que a grande diferença do detetive do oculto da DC e os zumbis da Image é que a primeira tá na TV aberta, enquanto a segunda tá na fechada.

TV-14 também é a classificação de Arrow, que, vamos combinar, começou mais sombria até do que o próprio personagem é habitualmente nos quadrinhos, lembrando mais a versão do herói vista em Arqueiro Verde: Caçadores – ainda assim, com quase ninguém sangrando ao levar umas boas flechadas. A já citada Supernatural é outra com a mesma classificação etária. É uma realidade com a qual todas as produções precisam lidar, mas obviamente afeta mais alguns liberdades criativas do que outras.

Constantine

Apesar de tudo, a série evoluiu, sim. Muito por conta dessa mescla (um pouco) mais próxima do que conhecemos de Hellblazer, menos comum na televisão. O ator Matt Ryan foi ficando mais seguro e deixando o protagonista amargo, mais inconsequente, a ponto de no final da temporada arriscar a vida de um bebê e se deixar ser possuído por um demônio só pra sobreviver. O cigarro foi aos poucos aparecendo na mão (e na boca!) do cara e até os anjos corrompidos começaram a dar as caras.

Outro elemento que funcionou foi a retirada da Liv, que realmente não empolgou. No lugar, a partir do segundo episódio, conhecemos a bela Zed (vinda diretamente dos gibis), mais forte, determinada e com conflitos bem interessantes.

Mas, se Gotham não conseguiu desenvolver seu plot maior da temporada por um erro dos produtores, Constantine não teve essa oportunidade porque ficou apenas no pedido inicial de 13 episódios. A primeira temporada, teoricamente, não acabou.

De acordo com Daniel Cerone, o produtor executivo da série, a Warner Television está agora procurando uma nova casa pra Constantine. Se for um canal fechado ou serviço de streaming, mais abertos a uma classificação TV-MA e menos restritivos no conteúdo e, claro, audiência, Constantine poderá ir além do que poderia nessa construção do John Constantine que todos queremos ver — falando abertamente de relacionamentos dele com outros caras, fumando mais, irresponsável... Tudo isso seria possível.

Pra ajudar essa ideia, Stephen Amell, o Arqueiro Verde — cuja série, na média, tem menos gente assistindo que Constantine –, disse que faria uma aparição na série, o que Joseph Morgan, de The Originals e Vampire Diaries, também disse que faria. Cerone ainda tentou que o fã declarado William Shatner fizesse o mesmo, e conseguiu.

Aparentemente, a real esperança do produtor está no canal CW. Só que, num tweet publicado na tarde de quinta-feira (14), Daniel não estava assim tão empolgado. “Manhã difícil. Sentindo a decepção de vocês. Tocado pelo entusiasmo”.

Pra salvar Chuck, na época, fãs se entupiram de lanches do Subway, que essencialmente bancou a série até o seu fim. Pra salvar Jericho, os fãs mandaram mais de NOVE TONELADAS de amendoins pra CBS. Pra salvar Constantine, inventaram uma hashtag no twitter.

Só nos resta esperar que ele se livre das garras da morte e que encontre um novo lar no qual possa DE VEZ tirar toda essa vibe Supernatural. Potencial pra isso existe. E a gente merece.