Corinthians e Flamengo fora do FIFA 16. E daí? | JUDAO.com.br

A galera só vai jogar com o Real Madrid, mesmo…

Eu tenho um amigo carioca, ele não usa muito a internet, vou chamá-lo de #Patrick. A gente já jogou muito FIFINHA™ juntos, várias vezes ele com o Flamengo e eu com o Corinthians. Não havia nenhuma razão aparente além de “eu sou Corinthiano, você Flamenguista”.

A gente até se divertia, é verdade, mas na maioria das vezes o ódio tomava mais conta. Passes errados, chutes na putaquepariu, lentidão, falhas. Foi aí que resolvemos customizar os times, com a regra única de “não vale nem o Messi e nem o Cristiano Ronaldo”. O que aconteceu, a partir daí, foram jogos de “seleções do Mundo” usando as camisas dos nossos times, o que era bem divertido.

Ver o Ibrahimovic com a 9 do Corinthians, sabe, essas coisas assim? :D

Essa era no fim das contas única razão de jogar com os nossos times de coração: as camisas. Apesar dos nomes, quase nenhum jogador se parecia com sua versão real (e, quando falo de camisas, me refiro às dos jogadores de linha, já que as dos goleiros sempre eram “uma cor + escudo do clube”). Tirando Guerrero e o Pato, todos eram modelos genéricos. E o Guerrero, até 2014, tinha aquele cabelo lambido da sua época de Alemanha.

O pessoal não se dava nem ao trabalho de atualizar os modelos, imagina criar novos?

Cheguei a questionar, numa oportunidade, um produtor da franquia sobre o tratamento aos clubes brasileiros. Veio aquela resposta básica de “estamos sempre buscando o melhor”, “é difícil juntar os jogadores pra scanneá-los” e, com a minha insistência de “por que catzo as camisas de goleiro são daquele jeito?” o cara chegou a ironizar o fato de eu querer tanto jogar com um clube brasileiro. “Você não joga com nenhum time bom, não?”

Quando eu jogo online, sozinho, as vezes eu escolhia o Corinthians, mesmo. Muitas vezes não encontrava nenhum adversário ou, se rolava, era o mesmo drama do jogo ruim que tinha com o #Patrick. Tentei apelar pro Bayern, mas os inevitáveis encontros com os paunocus que escolhem o Real Madrid-Bale-corre-toca-pro-Cristiano-Ronaldo em 99% das vezes me fez descer um degrau e assumir o Borussia de uma vez por todas, enfrentando times e jogadores mais balanceados, disputando jogos no mínimo mais divertidos.

FIFA 16

No FIFA 15 não teve Liga do Brasil, nem clubes Brasileiros, porque não rolaram acordos, é de fato um caralho licenciar clubes e jogadores por aqui, já que não há uma associação que permita tudo de uma vez como em, arrisco dizer, todos os outros lugares do mundo... Eu pergunto: fez alguma falta? Tirando o fato de que você por acaso não pode jogar uma ou outra partida com alguém com os seus times de coração, só porque sim, você realmente lamentou a ausência do seu clube?

“Com oferta maior do PES, Corinthians e Flamengo avisam que estão fora do FIFA 16“, diz a chamada no site da ESPN Brasil. Cara... Quem é que realmente se importa com isso? “Ah, mas são os clubes de maior torcida no Brasil”, verdade. Quantos desses milhões de pessoas vão deixar de comprar o FIFA, ou migrar pro PES, só porque tem/não tem Flamengo e/ou Corinthians?

Quantos desses sequer jogam com Flamengo e/ou Corinthians? Ou quantos Brasileiros realmente se importam com os seus clubes no jogo, além dos uniformes e escudos? Aliás, além de uniformes e escudos, só os nomes de jogadores indicam que aqueles são os nossos times. Quais são, exatamente, as vantagens aí?

Pra ilustrar: 6 a cada 10 games de futebol vendidos no Brasil no último ano são FIFA, de acordo com a Warner Games, que faz a distribuição do jogo por aqui. E o PES 2015 já tem os times Brasileiros...

Ainda de acordo com a ESPN, o valor oferecido aos dois clubes, somados, não ultrapassa os R$50 Mil — com $20 Mil pro Flamengo e $30 Mil pro Corinthians, sendo a diferença responsável pelos direitos do Itaquerão. Os outros clubes vão receber, no máximo, $15 Mil.

É o equivalente a 500 cópias de FIFA 15 vendidas no Brasil, hoje — enquanto a franquia toda foi responsável por quase 1/3 dos LUCROS da EA em 2013/2014. Só com o Ultimate Team foram mais US$ 1 Bilhão. É uma piada. Mas é, também, a maneira como o Futebol Brasileiro é visto lá fora. E, sinceramente... Não é sem razão.

O problema é que, enquanto for cada um por si, esse tipo de coisa vai continuar acontecendo. Os valores ridículos, os modelos genéricos de jogadores que nunca foram scanneados enquanto jogavam na Europa, as partidas injogáveis, um caminho trilhado de bosta pra existência ou não dos times no(s) jogo(s) e, o que talvez seja o mais importante aqui: seteauns.