Parece que o jogo virou e agora o roteirista/desenhista promete não trabalhar mais com a editora. Com a galera que faz os filmes, no entanto…
Esta semana, o roteirista/desenhista Jim Starlin colocou fim a uma relação bastante tempestuosa, repleta de idas e vindas, que vinha mantendo com a Marvel desde que a sua criação mais célebre pra editora, o vilão Thanos, começou a ganhar maior destaque no cenário da cultura pop por conta dos filmes. Em um longo comentário em um dos posts de sua conta oficial no Facebook, Starlin deixou claro que os laços com a Marvel Comics estão cortados.
“Só pra esclarecer aqui, a Marvel Comics não me tirou/demitiu de nenhum título – eles apenas deixaram claro que não tavam interessados em me usar em qualquer gibi ligado ao filme ou mesmo na série mensal regular do Thanos, por mais que eu tenha feito um lobby pesado pra escrever este gibi”, explica. “No fim, a tarefa foi dada para outros roteiristas, o que é total direito da Marvel Editorial”.
O motivo do rompimento teria sido a trilogia de graphic novels escrita por ele e desenhada pelo brilhante Alan Davis: The Infinity Siblings (que será publicada em Abril de 2018), The Infinity Conflict e The Infinity Ending – que já marcaria de qualquer forma, pelo menos em tese, o derradeiro trabalho de Starlin com o Titã Louco.
Porém... deu ruim nesta história toda e o que era pra ser uma despedida afetuosa virou um adeus bem do amargo. Tudo, segundo Starlin, por culpa de Tom Brevoort, editor executivo e vice-presidente sênior de publicações da Marvel.
“A minha objeção, que foi o que me afastou de qualquer futuro trabalho com eles, foi saber que o Tom Brevoort aprovou uma trama para o gibi mensal do Thanos que é praticamente o mesmo arco de história que está na trilogia de graphic novels na qual eu e Alan Davis estamos trabalhando pro Tom desde o ano passado”, conta Starlin, nitidamente PISTOLA. “Ele tinha 200 páginas de roteiros e 100 páginas de arte do nosso projeto, de quando ele aprovou tudo para seguir em frente. Mas a história da HQ publicada mensalmente vai sair antes do nosso trabalho. Para evitar spoilers de ambas as histórias, não vou ficar dando detalhes das similaridades surpreendentes”.
O autor afirma que, inicialmente, Tom teria negado ter aprovado a história do título mensal. “Quando isso se provou ser uma mentira, ele então começou a dizer que não tinha nada similar entre os dois plots. Aí isso também não colou e então ele tentou dizer que tudo não passou de um acidente”. Então, as “desculpas” do editor teriam durado cerca de um mês. Mas aí... “A equipe de arte da revista mensal já estava com o trabalho adiantado demais para que algo pudesse ser feito. Pior pra mim. Então, estou saindo”. Mas ele deixa claro que, pelo que sabe, as três graphic novels serão publicadas de qualquer modo. “Já terminei de escrever as três, os roteiros estão com a Marvel e o Alan Davis está desenhando a segunda”.
Meses antes, pro CBR, Starlin tinha contado que o assunto de suas três obras finais seria a relação de Thanos com o tempo, com o que restou de sua família e consigo mesmo, e que a primeira graphic novel, justamente como o título indica, trará de volta aos holofotes um personagem bem pouco explorado até agora: Eros, aka Starfox, seu irmão. “Alguns autores escreveram e desenharam o Eros nos últimos anos, fizeram até algumas coisas interessantes, mas basicamente ele permaneceu sendo aquele sujeito charmoso e totalmente unidimensional”, opina o escritor. “Então achei que faria sentido adicionar uns ângulos a mais de personalidade. Pensa nisso: o quão normal é pra um cara crescer sendo irmão do Thanos? Os jantares em família deviam ser bem interessantes”.
O outro elemento a ser explorado aí será o Kang – uma escolha bastante natural de acrescentar aqui, já que é justamente uma distorção temporal que chama a atenção de Thanos, dando-lhe um novo propósito na vida. “Como de costume, Kang, o Conquistador, tem sua agenda pessoal, mas logo descobre que as coisas não costumam sair como planejadas quando se está lidando com o Thanos”.
No gibi mensal de Thanos, os roteiros estão a cargo de Donny Clay Cates. Depois de uma batalha final apoteótica entre o aspirante a déspota do universo e seu filho Thane, cortesia do roteirista Jeff Lemire, se iniciou um arco chamado Thanos Wins, começando em Thanos #13, publicada em novembro.
Na história, até o momento, o roxão de queixo esquisito vai aos confins do universo, desafiando o espaço e o tempo (hummmmmmm) para enfim cumprir seu papel como dominador de tudo que existe... ele domina MESMO. O quanto isso tem (ou ainda vai ter, nos números do começo do ano que vem) relação direta com a ideia central da história de Jim Starlin, ainda não sabemos.
Ah, sim, mas pera lá. Jim Starlin também fez questão de deixar uma outra parada bem clara. “A Disney Corporation e a Marvel Entertainment me trataram excepcionalmente bem. Além disso, o que vi e ouvi do filme me convenceu de que será algo incrível. Meu conflito é com a Marvel Editorial”, explicou.
Tanto é que, dia antes, ele deu detalhes da visita que fez ao set de filmagem de Vingadores: Guerra Infinita e do quarto filme dos Maiores Heróis da Terra, ainda sem título. “Descobri mais sobre os dois filmes do que estava esperando. Sem entregar muito, posso dizer que vocês não ficarão desapontados. E acho que ficarão chocados com o quão deliciosamente diferentes eles são dos anteriores. Meu primogênito sai do ninho para espalhar o caos pelo universo. O quão mais orgulhoso um pai poderia sonhar em ficar?”.
Esta é, de fato, uma inversão de papéis interessante no que diz respeito ao seu relacionamento com as divisões de gibis AND de cinemas.
Em 2012, pouco depois de assistir ao primeiro filme dos Vingadores, Starlin revelou estar bastante incomodado por ter sido “esquecido” como criador do Thanos – tanto em termos de crédito em tela quanto em termos financeiros. “Tenho sentimentos CONFLITUOSOS. É legal ver meu trabalho reconhecido como algo bom o bastante pra sair das páginas e ir pra telona – e foi muito legal ver o Thanos nos cinemas”, explicou ele na época ao Los Angeles Times. “Joss Whedon e sua equipe fizeram um ótimo trabalho e eu estou louco pra ver a continuação, por razões óbvias. Mas tive que pagar meu próprio ingresso pra ver o filme. Compensação financeira para os criadores dos personagens não parece fazer parte da equação”.
Embora nunca tenha dito isso explicitamente, nos bastidores acreditava-se que Starlin estava preparando a papelada para processar a Marvel, incluindo talvez uma tentativa de provar que o conceito do Thanos já tinha surgido em seus rascunhos antes mesmo de ele trabalhar pra Casa das Ideias – e, portanto, antes do antagonista dar as caras em Iron Man #55, de 1973.
Mas, pouco depois, em 2013, o próprio Jim tornou público que a relação entre eles melhorou e que tinha voltado a trabalhar com a Marvel novamente em seu primeiro projeto em HQ para a Casa das Ideias desde 2004. No ano passado, Starlin contou pro Hollywood Reporter que tinha rolado, nos bastidores, um acordo pela utilização do Thanos. “Queria ter uma fatia do Thanos maior do que tenho, mas depois do primeiro Vingadores, eu e a Marvel renegociamos algumas coisas. Não estou me tornando o próximo Bill Gates, mas tô pelo menos tirando um pouquinho disso”.
No começo deste ano, porém, veio uma nova reclamação, quando ele disse que recebeu um cheque da DC Entertainment pela utilização de Anatoli Knyazev, o capanga russo de Lex Luthor em Batman vs Superman que, nos gibis, se torna o vilão KGBesta – criação de Starlin. E o valor era bem do polpudo. “Recebi um cheque da DC muito maior do que qualquer coisa que tenha vindo da Marvel pelas aparições do Thanos, da Gamora e do Drax em todos os filmes combinados”, desabafou no Facebook.
Parece que alguma coisa mudou no meio do caminho...
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