Arco, que está rolando nas páginas de Justice League, bota a grande criação do genial Jack Kirby pra enfrentar o Anti-Monitor – e com os maiores heróis da DC no meio disso tudo..
SPOILER! A DC tem nos gibis uma mitologia muito interessantes, construída em mais de 75 anos de história. Imagina então pegar tudo isso e jogar num caldeirão com uma pitada do melhor da narrativa moderna no gênero... Pronto, você tem Darkseid War, atual arco da Liga da Justiça que teve a segunda parte publicada nos EUA nesta quarta-feira (15) em Justice League #42.
Pra resumir isso em uma frase, apenas: a saga tá, até agora, fantástica.
As primeiras sementes já haviam sido plantadas durante o crossover Forever Evil, que, por sua vez, já era uma continuação direta de Trinity War. Já sabíamos que o Anti-Monitor, aquele mesmo grande vilão da Crise nas Infinitas Terras, estava por aí e tinha sido o responsável por destruir a Terra 3. Ao mesmo tempo, Darkseid, o senhor de Apokolips e criado por Jack Kirby como parte dos Novos Deuses, também queria se vingar da derrota que sofreu nas mãos da Liga ainda no primeiro arco do gibi pós-reboot.
Os planos do roteirista Geoff Johns começaram a ganhar o papel em abril, quando, antes da parada por conta da saga Convergence, Justice League #40 recontou, num prólogo, a história do Multiverso DC pelos olho do Metron, também um dos Novos Deuses.
Numa arte incrível de um time com nomes como Kevin Maguire, Phil Jimenez, Dan Jurgens, Jerry Ordway, Scott Kolins, Jason Fabok, Jim Lee e Scott Williams, a revista reconta uma parte das histórias clássicas do Kirby, incluindo a troca entre os filhos de Darkseid e o Pai Celestial, e junta tudo com a Crise nas Infinitas Terras, Zero Hora, Crise Infinita e Flashpoint – revelando que o Multiverso DC está fraco por tantas mudanças e reconstruções. Agora, um fato em comum está colocando justamente o Anti-Monitor contra Darkseid, algo que pode fazer com que o Multiverso seja modificado novamente – e isso é uma coisa que a própria realidade não conseguiria suportar.
Ok, e como colocar os dois vilões, de sagas e origens tão diferentes, um contra o outro? Fácil, com um grande retcon! Se na Crise original o Anti-Monitor havia sido criado quando Krona observou a origem do universo, junto do Monitor e do próprio Multiverso, agora ele é um antigo Novo Deus, Mobius, o mesmo que usou a Cadeira Mobius que hoje é de Metron, que torna possível acessar todo o conhecimento do Universo.
As novidades não acabam aí. O cara, que agora, se autodenomina o Anti-Deus, tem uma poderosa aliada: Grail, filha do próprio Darkseid com uma Amazona chamada Myrina. Na história contada no especial da DC pro Free Comic Book Day, descobrimos que essa nova personagem nasceu no mesmo dia que a Mulher-Maravilha e que faz parte do plano de Myrina para acabar com Darkseid.
E é aí, a partir de Justice League #41, publicado nos EUA no mês passado, que a saga efetivamente começa. Por um lado, Anti-Monitor, Myrina e Grail querendo acabar com o tirano de Apokolips, responsável por trazer morte e desepero ao Multiverso DC – mas, claro, com a sua própria agenda demoníaca por trás. Do outro, Darkseid que, com seus seguidores, quer recuperar a própria filha e, de quebrar, se vingar da Terra. No meio, a Liga da Justiça, que precisa evitar que o nosso planeta vire churrasco no confronto entre esses superseres.
Tudo isso cheio de tubos de explosão, caixas maternas e toda a influência do trabalho do mítico Jack Kirby na DC.
Claro, os mocinhos não terão vida fácil, principalmente porque a Liga não vive um momento perfeito entre seus integrantes. Atualmente, a equipe conta com Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Shazam!, Cyborg, Lanterna Verde, Flash, Anel Energético, Aquaman, Lex Luthor e Capitão Frio – sendo que esses dois, claro, são vilões ~reformados que se juntaram ao time ao final de Forever Evil, criando um atrito principalmente com o Superman. Em Justice League #41, ainda por cima, Lena Luthor atirou no irmão, revelando que tinha se infiltrado na equipe sob as ordens de Darkseid.
Tem mais treta entre os integrantes, claro. A nova Anel Energético, Jessica Cruz, sofre com a pouca experiência com os novos poderes, além de ser quase sempre atordoada pela energia e pelas mensagens negativas que vêm do próprio anel. O Cyborg ainda tenta lidar com a tecnologia alien – incluindo dos Novos Deuses – que está nas suas novas partes mecânicas. E o Shazam! é apenas um garoto num corpo de adulto com superpoderes.
Pode parecer forçado reunir tantas criações diferentes no mesmo enredo, e até é. Porém, as histórias conseguem juntar todos os pontos de forma muito interessante, sendo coesas e com bons diálogos. O resultado é que tudo fica parecendo aquilo que sempre deve ser: uma parte de uma mitologia maior, a mitologia da DC Comics.
E o trabalho de Jason Fabok na arte é a forma ideal pra fechar tudo isso. Os desenhos são modernos, dinâmicos, bem feitos e interessantes, ao mesmo tempo que são respeitosos ao legado dos quadrinistas que consolidaram o visual da DC nas últimas décadas – alguns deles, inclusive, entre os artistas que ajudaram no prólogo do crossover.
Vale dizer que a ideia é fazer Darkseid War maior do que já é. O Senhor Milagre, o filho do Pai Celestial trocado com o filho do Darkseid, ainda vai ter uma grande importância no evento, assim como Grail. Ao mesmo tempo, sabemos que os heróis da Liga da Justiça vão se envolver diretamente com os poderes dos Novos Deuses, algo que foi revelado pelo Johns durante a San Diego Comic Con. Isso já começou nas últimas páginas de Justice League #42, aliás.
De qualquer forma, também facilita ter que comprar só um gibi pra acompanhar um crossover tão interessante.
Já estou aqui contando os dias pra próxima edição. Por Darkseid! ;)