Editora anuncia diversos títulos na San Diego Comic-Con que aprofundam a ideia de “viajar” no maior número de cronologias diferentes
Agora em junho, a DC Comics abriu uma nova fase, chamada DCYou, na qual a grande palavra-chave é DIVERGÊNCIA. Com o fim do crossover Divergence, a editora parou de considerar apenas uma cronologia como canônica e, a partir de agora, toda e qualquer história já publicada conta – seja ela da Era de Ouro, de Prata, pré-Crise nas Infinitas Terras, pós-Zero Hora, Os Novos 52...
O que importa é, no final das contas, que todos os leitores encontrem algo para ler e se divertir, não importando mais de qual época eles são.
Isso tudo está sendo reforçado ainda mais pelos lançamentos feitos pela DC nesta sexta (10), durante a San Diego Comic-Con. Pra começar, foi anunciada uma leva de spin-offs baseadas em Convergence, saga que já tinha resgatado linhas cronológicas esquecidas. Tudo com lançamento pra outubro.
O mais interessante é, claro, Superman: Lois & Clark. Não é uma adaptação da antiga série de TV, mas algo melhor: o retorno do Homem de Aço dos anos 90 à uma publicação mensal. Ele já tinha aparecido durante Convergence, só que agora vamos acompanhar a continuação das aventuras daquele Clark Kent das antigas, apenas mais velho e com uma filha de 9 anos com a Lois Lane. A história será escrita pelo Dan Jurgens, um dos integrantes da equipe criativa do herói naquela década, com arte do Lee Weeks.
Como você vê, é a oportunidade para crescer e envelhecer aqueles personagens, acompanhando quem lia nos anos 90 – algo que, por conta da natureza dos próprios gibis, nunca aconteceu. Inclusive o casamento entre Superman e Lois Lane foi apagado em 2011, quando fizeram o reboot mais recente da cronologia.
Outra coisa legal é Titans Hunt, descrita como “a história secreta da Turma Titã” – que parece misturar a equipe dos Novos 52, que ainda é a atual, com uma versão futura nunca vista. A história será escrita por Dan Abnett e desenhada pelo Paulo Siqueira. Além disso, teremos Telos, HQ estrelada pelo vilão de Convergence, viajando pelo tempo e pelo espaço – e possivelmente pelo multiverso. O gibi terá Jeff King (roteiro), Carlo Pagulayan e Jason Paz (arte) na equipe criativa.
Mas isso é pouco Superman, acredite. Também foi confirmado que a editora publicará Superman: American Alien, escrita por Max Landis – aquele autor do curta de humor The Death and Return of Superman e que é filho do diretor John Landis. De acordo com Max, American Alien será um “anti-All Star Superman”, citando a premiada HQ do Grant Morrison com o mesmo herói. “Aquilo conectou tudo que era místico, brilhante... E eu não poderia competir com isso”, disse o roteirista durante o painel dedicado ao Superman na Comic-Con.
Basicamente, serão sete edições, cada uma com uma história do jovem Clark Kent “que provavelmente ele te contaria enquanto toma uma cerveja com ele”. Em somente três dessas histórias ele é o Superman. “Clark Kent é um cara do Kansas que você poderia conhecer, e ninguém sabe que ele é o Superman”. Além disso, em nenhum momento a ideia é contar a origem do personagem. Parece mais uma aproximação da mística com os leitores, o que é sempre ótimo.
E também sem muita preocupação com qual é a cronologia do momento nos gibis da DC.
A primeira edição está programada para ser lançada nos EUA em novembro e artistas de peso como Nick Dragotta, Joelle Jones, Jae Lee, Frances Manapul, Tommy Lee Edwards, Jonathan Case e Jock foram escalados para fazer a arte. Diria que o objetivo é morder algum prêmio no próximo Eisner Awards, o mais importante dos gibis nos EUA.
Outro que vai se envolver em uma história própria com o Homem de Aço é o mítico Neal Adams, que teve uma passagem pelo herói nos anos 70 ao lado de Dennis O’Neil. Adams está preparando Coming of the Supermen, descrita por ele como uma história em que todos os personagens criados pelo Jack Kirby enfrentam o Azulão.
Se você não entendeu, aqui vai a dica: Kirby criou, na DC, nada menos que Os Novos Deuses, incluindo Darkseid. Só que o Superman não vai ficar sozinho contra tantos caras: três campeões da cidade de Kandor, que agora se chama Nova Krypton, vão ajudar. “Esses novos Supermen caem em algum lugar entre Os Três Mosqueteiros e os Três Patetas”, descreve Adams. “No final tem uma grande surpresa. Eles pegam o sangue do Superman e descobrem algo sobre ele que não posso contar para vocês”.
Como você pode perceber, é outra história que deixa de lado a cronologia principal, até porque Nova Krypton foi ignorada após o reboot mais recente.
A primeira edição de Coming of the Supermen sai em novembro, mas meu feeling é que deve atrasar – Neal Adams não trabalha mais na mesma velocidade de antes e nenhuma arte foi mostrada na Comic-Con...
Falando nos Novos Deuses, teve outro anúncio com os personagens. Durante o painel dedicado ao CCO da DC Entertainment e roteirista Geoff Johns, o próprio confirmou que a saga Darkseid Wars, que está rolando nas páginas de Justice League, vai dar origem a uma série de edições especiais, que colocarão os membros da Liga da Justiça com poderes de DEUSES em Justice League: Gods and Men. Ou melhor, dos NOVOS Deuses.
Basicamente, o que está rolando é que Darkseid se envolveu num grande conflito contra o Anti-Monitor, com a Terra e a Liga da Justiça no meio. Enquanto o tirano de Apokolips é, basicamente, aquele que todo mundo conhece, a nova versão do Anti-Monitor é bem diferente da original: trata-se de Mobius, o antigo usuário da Cadeira Mobius (que hoje é usada pelo Novo Deus Metron) e cansou de observar o universo, partindo para a ideia de DESTRUÍ-LO. Agora, ele está unido com Grail, a filha de Darkseid com uma Amazona, para derrotar o inimigo.
Não sabemos exatamente como vai ser o desmembramento de tudo isso, mas, em outubro, a saga irá resultar em seis edições especiais, cada uma focada em um dos membros da Liga. Por algum motivo, cada um deles vai se ~envolver com os poderes dos Novos Deuses, justamente esse grupo de personagens superfortes que, além do Darkseid, tem o Pai Celestial e outras criações do grande Jack Kirby.
Na do Batman veremos Bruce Wayne justamente usando a Cadeira Mobius, aquela que foi do Anti-Monitor, algo que já havia sido ventilado em uma das capas de Darkseid War. Com o novo ~troninho, o Homem-Morcego terá acesso a um conhecimento infinito e tentará usar isso pra deixar Gotham City completamente sem crimes. Quem escreverá será Peter Tomasi.
Já o Superman será corrompido pelas energias estranhas dos poços de fogo de Apokolips, se transformando em uma pessoa violenta e brutal. “Ele vai se tornar um tipo de deus da força, o que não é necessariamente uma coisa boa”, disse Johns. A esperança do herói pra sair dessa? Lex Luthor! E o carequinha também vai estar ocupado em seu próprio especial: ele vai se tornar o novo líder de Apokolips, com o destino de todo o planeta nas mãos dele, mas, pra isso, vai precisar justamente da ajuda do Azulão fora de controle.
No especial do Lanterna Verde, Hal Jordan vai ter que lidar com o fato de que Oa foi tomada e transformada em uma fábrica de Parademônios, enquanto a Tropa dos Lanternas Verdes não existe mais. O único que ficará de pé será John Stewart!
Também corrompido, o Flash se tornará o novo Corredor Negro, que vem “coletar” os Novos Deuses quando eles morrem. A primeira ~vítima dele? Aquaman...
Outro que não terá vida fácil em sua edição especial é o Shazam!, que não vai mais acessar os poderes dos deuses antigos, mas sim dos Novos Deuses, incluindo o Pai Celestial, que estão presos na Fonte. “Isso zoa bastante pra ele”, comentou Johns.
Faltou a Mulher-Maravilha aí, mas a questão é que ela já é um pouco uma deusa, principalmente depois da origem mais recente introduzida pós-Flashpoint. “A Mulher-Maravilha fica no meio, porque ela é meio que as duas coisas [Deus e mulher]”.
Tudo isso parece bem interessante, MAS ficará (por enquanto) restrito apenas aos especiais e ao gibi mensal da Liga da Justiça. Seria interessante ver os desdobramentos desses novos poderes nas outras revistas da editora, mas a Liga se descolou completamente do resto da cronologia “oficial”, ao menos aquela que aparece em mais títulos mensais da DC. Nas outras publicações do Superman, continuaremos vendo aquela versão com menos poderes, de cabelo raspado e que anda de moto. Nas do Batman, Bruce Wayne continuará ~desaparecido. Na HQ do Hal Jordan, ele não usa mais o anel, OA já foi destruída há algum tempo e a Tropa dos Lanternas Verdes está desaparecida. E assim vai...
Ok, DC. Diversidade de histórias e interpretações é sempre algo interessante, mas vamos com calma. Não precisa usar todas as ideias pra modificar os seus personagens AO MESMO TEMPO. ;)