Por dentro da dublagem de Star Wars Battlefront | JUDAO.com.br

Aí que o Borbs se tornou o Rebelde Masculino #2 na dublagem brasileira do jogo e conta como foi a experiência. Spoiler: DO CARALHO. :D

Dublagem brasileira de joguinhos é uma coisa tão polêmica quanto recente — e talvez seja polêmica justamente por ser recente. O processo de localização é muito mais complicado, engessado. O dublador segue um texto e as indicações do diretor, não necessariamente ouve a versão original ou, o que talvez fosse o mais importante, vê todo o contexto em que aquela fala vai ser encaixada no fim.

Eu tive a chance de acompanhar, bem de perto, o processo de dublagem de Star Wars Battlefront. Aliás, acompanhar não: eu tive a chance de participar. Eu emprestei tostões de minha voz — um dia depois das comemorações de 105 anos do Corinthians, em Itaquera — ao Male Rebel #2.

E putaquemepariu, foi uma das coisas mais divertidas que eu já fiz em toda minha vida. :D

Pra começar, fui até Porto Alegre, onde fica o estúdio indicado pelos responsáveis pela localização do jogo em todo o mundo — que, por conta de equipamento e espaço específicos para as necessidades do jogo, foi o escolhido pela LucasArts / EA / Disney, sei lá mais quem. Acabei, sim, viajando pra OUTRO PAÍS só pra dar uns berros. Digo, além de conhecer o ESPETO CORRIDO e a Sorveteria Joia e novas pessoas, o que nunca, NUNCA é ruim.

Oi? Sim, berros. O Male Rebel #2 é um soldado da Rebelião e, bom, o jogo é sobre uma Guerra, né? Nas Estrelas e tal. É de se imaginar que o pessoal se comunique gritando, no meio de uma correria. E foi essa a primeira ordem que recebemos, aliás: o bicho estaria pegando e nós estamos tentando sobreviver. CORRAM POR SUAS VIDAS.

Eram umas 20 falas, no total. Desde avisos simples de que, HEY, tem uma porra de uma granada, a pedidos de ajuda e coisas assim. Baseado no pouco do jogo que havia sido mostrado até então, eu criei na minha cabeça todas as situações e, inclusive, uma outra pessoa, porque se fosse eu MESMO, nem me prestaria ao esforço de correr. Sabe como é, né? :D

Tem alguém aqui no JUDÃO ficando careca...

Tem alguém aqui no JUDÃO ficando careca...

Foi com essas falas, aliás, que eu percebi o quão complicado pode ser o processo todo de dublagem. Porque, veja só: eu tava me divertindo. Eu tava, a bem da verdade, realizando um sonho. Sim, é Star Wars, o maior BASTIÃO da cultura pop, mas podia ser aquele Silvio Santos do filme dos Minions que o meu sorriso seria idêntico. Mas me incomodava ter de falar coisas como CAÇA TIE, ao invés de TIE Fighter, por exemplo.

A explicação é a de que existe todo um glossário, pré-aprovado por todo mundo, que o estúdio precisa seguir. Então, sim, soa estranho pra caralho você ouvir CAÇA TIE, sendo que sempre escutou TIE Fighter e, aqui me afastando do papel que desempenhei nessa história, soa também um pouco INTRANSIGENTE da parte de quem comanda essa história, deixando de usar o que é popular e que, portando soaria mais natural, pro que é o “correto”, baseado sabe-se lá no quê.

CAÇAS TIE

CAÇAS TIE

Havia outras frases, também, que não faziam muito sentido no meio de uma batalha. A formação delas, um português muito formal... Consegui convencer o pessoal a, numa delas, gravar de um outro jeito mudando uma palavra de lugar. Dizer aquilo, daquele jeito, foi um enorme de um alívio... O que não significa que vai rolar de ir pra versão final, já que eu também gravei a versão “correta”. :D

Mas, porra... Eu me diverti. Pra caralho. Foi uma das coisas mais legais que já fiz na minha vida. E vai continuar sendo, porque eu vou jogar Star Wars Battlefront e vou me ouvir e vou me empolgar mais e vou gritar pra caralho. Ficarei sempre em último no PLACAR DE LÍDERES? Isso é óbvio. Mas foda-se.

PELA REBELIÃO! :D

Star Wars Battlefront sai dia 17 de novembro para PlayStation 4, PC e Xbox One.