Diretor do novo Caça-Fantasmas diz que a cultura geek é cheia de babacas. E ele tá certo. | JUDAO.com.br

Nem precisa ir muito longe pra comprovar…

“Qual a necessidade?” começa o leitor no comentário que recebeu mais likes no link da nossa página no Facebook para o artigo sobre a probabilidade de a Marvel incluir um personagem LGBT nos seus filmes. “Parece que querem impor a necessidade pra algumas coisas que não são”, continua ele, sem que eu entenda exatamente o que ele quis dizer com isso. Ele ainda faz uma comparação com albinos (“já percebeu que ninguém pensa nos albinos?”) e atinge o ápice ao questionar “Vai fazer diferença? O foco do herói é o poder, e não a cor do cabelo, pele, olhos, ou opção sexual”.

Esse comentário não foi o único, claro. “Q bosta”, “viadagem não néh”, “Sou a favor, desde que não seja nada forçado. Enfiar um cara LGBT lá só pra fazer média é desnecessário” e o grande “na moral qual personagem e gay da marvel ??? não me lembro de nenhum.... mas msm assim se for ter PFV dentro do contexto ok.... dentro do contexto... pq colocar só por colocar e palhaçada”.

Engraçado. Sabe em que contexto existem os LGBT? Na vida. Eu sei que existe a chance de você morar numa bolha onde essas SAFADEZAS não existem, mas é sério: se você sair dela, vai conversar e encostar e ver lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e a mais variada GAMA de pessoas o fucking tempo todo. No metrô, no ônibus, na rua, no prédio e, por que não?, até dentro da sua casa.

Sabe quando o amigo lá do começo diz que o “foco do herói é o poder, e não a cor do cabelo, pele, olhos, ou opção sexual”? Exatamente. FODA-SE se ele é branco, amarelo, preto, verde, azul, lésbica, transgênero, bissexual, gay, assexual, panssexual. FODA-SE. O que importa é o poder, não? ;)

“Cara, vai tomar no teu cu, coosa chata do caralho, pq tudo tem que defender uma bandeira? A orientação sexual dos personagens é oq menos importa, tudo tem que ser politicamente correto?” disse um outro comentário. Do mesmo jeito que o “foco do herói é o poder”, “orientação sexual dos personagens é oq menos importa”. Então por que tanta raiva com o fato de a Marvel querer adicionar um personagem LGBT no seu PANTEÃO cinematográfico?

Isso me lembra outro comentário, na época em que ainda se discutia qual seria o Homem-Aranha do Universo Marvel dos Cinemas, em que um cara afirmou que “empretejar herois brancos” era inaceitável. Esse foi na nossa página no Facebook, mas não foi o único — tanto que Dan Slott, responsável pelo Cabeça de Teia nos quadrinhos até hoje, se manifestou afirmando, VERDADEIRAMENTE, que “o Homem-Aranha pode ser qualquer um“. “Seja lá qual for o Homem-Aranha que você goste, ele é o real Homem-Aranha”, disse.

As impressionantes diferenças entre o Homem-Aranha negro, asiático e hispânico (por Adam Murray)

As impressionantes diferenças entre o Homem-Aranha negro, asiático e hispânico (por Adam Murray)

Agora é uma entrevista de Paul Feig, o diretor do novo Caça-Fantasmas, que acabou surgindo na última semana no New York Daily News, e vem bem a calhar. Feita em fevereiro de 2015, semanas depois de anunciar o cast do novo filme no Twitter — e de receber um MONTE de ataques em redes sociais porque ele ousou colocar mulheres pra combater o OCULTO, Feig afirmou que a “cultura geek é o lar de alguns dos maiores babacas que já conheci em toda minha vida”. Neste domingo (8), até pra esclarecer a repercussão da entrevista, o diretor especificou: “Os babacas a quem me refiro são aqueles que vivem online, que escrevem esses tweets e comentários cheios de ódio”. Pessoalmente, diz, os fãs da cultura geek que ele conheceu depois da entrevista foram cordiais e calorosos. De qualquer forma, a internet acaba mostrando a verdadeira face de uma galera ruidosa.

A cultura geek, hoje, não é mais aquela coisa marginalizada, que sofria com bullying. Num filme de high school americano, pode ter certeza, alguém com a camiseta do Homem-Aranha viraria o preto gay na lixeira, só porque sim. E o ofenderia por ser negro, por ser gay...

“Eu não me importo com a forma ou tamanho ou nada”, continuou Feig. “Eu vivo ou morro pelas coisas que são engraçadas e se as pessoas vão ou não se divertir com elas. Melissa McCarthy é essa mulher hilária que é muito divertida. Não me importa como ela é. Desde que seja engraçada e profissional”.

Se o foco do herói é o poder, eu imagino que o foco de uma comédia é ela ser engraçada ou não, correto? Importa se quem faz a comédia é uma mulher? Importa se quem faz a comédia é gorda? ¯\_(ツ)_/¯

Um dos poucos que comentaram de forma sensata por lá afirmou que “não sei porque eu teimo em ver os comentários em notícias assim”. Eu vejo porque sou obrigado. Mas é o tipo de coisa que ninguém deveria ler, mas principalmente porque ninguém deveria pensar, em primeiro lugar. Não é questão de opinião. É o certo, ou o errado.

De que lado você fica?