A Disney aprendeu direitinho com Star Wars. Só que aprendeu o que não tinha de aprender. | JUDAO.com.br

Exigências pra cinemas exibirem Star Wars: Os Últimos Jedi nos EUA derrubou ações das grandes redes e tão fazendo os menores desistirem

Apenas e tão somente 29 salas de cinema em TODO O MUNDO puderam exibir Star Wars: O Despertar da Força da maneira que JJ Abrams considerava a ideal — IMAX 70mm 3D com Projeção a Laser. “Você não pode comparar projeções tradicionais com imagem a laser. Os pretos são pretos mesmo. É quase como se você tivesse que se acostumar a isso”, afirmou o diretor na época.

No Brasil, como você deve imaginar, nenhuma sala exibiu o Episódio VII da maneira que o cara que fez o filme queria — e se fosse hoje, continuaria sem poder exibir. A verdade é que a gente vive meio que num limbo desse tipo de coisa, porque como quase tudo em relação a essa indústria, o que importa é a quantidade de gente que vai ver, não como vai ver — em outras palavras, o que importa é quanto a grande rede de cinema vai ganhar, não a qualidade do que você vai ver e ouvir o filme, o que aliás me dá uma ideia pra uma matéria... Mas sobre isso eu falo depois.

O fato é que, estando nesse limbo, essa história pode não ser exatamente importante pro nosso público médio de cinema, mas é um pouco assustadora, especialmente em tempos em que as pessoas assistem a Star Wars e simplesmente não entendem o que os filmes querem dizer. Mas é o seguinte: a Disney resolveu que quem quiser exibir Star Wars: Os Últimos Jedis* nos EUA vai ter de fazer na sua maior tela, durante quatro semanas, sem exceção, pagando 65% do que receberem.

O primeiro problema está no valor cobrado: o normal, pelo menos por lá, é algo entre 40 e 55% do ingresso. Nunca na história daquele país algum estúdio / distribuidora cobrou tanto dos exibidores para que seus filmes pudessem ser, bem, exibidos. “Ah, mas Star Wars dá dinheiro de qualquer maneira”, diz o resignado leitor fã de grandes corporações. É verdade. Mas aí chegamos no segundo problema.

Nos EUA não existem só grandes redes de cinema como aqui. Por lá ainda existe o exibidor local, em cidades ou bairros menores, com uma ou duas salas. Ter apenas um filme na sua maior, ou até única, sala pode ser péssimo pros negócios ou até mesmo pros PRINCÍPIOS de um cinema como esse — falando só de filmes que estreiam DEPOIS de Os Últimos Jedis*, esses cinemas perderiam, por exemplo, Jumanji, Pitch Perfect 3, Pequena Grande Vida, A Grande Jogada, Sobrenatural – A última chave, entre vários outros.

Claro, cinemas com mais de uma série poderiam colocar esses outros filmes nas suas menores salas... Ou até mesmo Os Últimos Jedis*. O problema é que, nesse caso, eles teriam de pagar 70% do ingresso pra Disney.

Pro público de cidades e redes de cinema grandes, praticamente nada deve mudar. Sim, as ações das três principais redes dos EUA caíram depois da notícia ser publicada no Wall Street Journal, já que o lucro seria menor; mas até aí os caras têm trocentas salas em trocentos lugares, tudo bem. Só que alguns desses pequenos cinemas já estão se manifestando, afirmando que preferem não exibir Os Últimos Jedis* a jogar o jogo da Disney — que com Vingadores: Era de Ultron já tinha tentado aumentar o preço, mas não conseguiu depois da união desses mesmos cinemas. Mas Era de Ultron não é Star Wars, né?

Num mundo em que fãs de Star Wars conseguem curtir algumas ideias que deveriam ter sumido em 1945, claramente mostrando incapacidade mental de entender do que essas histórias falam, TALVEZ não seja surpreendente que a Disney aja como o Império ou a Primeira Ordem...

Star Wars: Os Últimos Jedis* estreia em 14 de Dezembro por aqui. Em todos os cinemas possíveis, até porque não há muita opção. :P

* Últimos Jedi não dá. Simplesmente não dá.