“Tudo começou com um rato”, dizia o tio Walt. Um rato animado. Por isso, um dos mais importantes paineis da D23 Expo, a verdadeira convenção do Mickey, foi justamente sobre animações. Pixar and Walt Disney Animation Studios: The Upcoming Films rolou na sexta (14), na ensolarada Anaheim, Califórnia.

A primeira mudança em relação à Expo passada já estava no nome: nada de DisneyToon Studios, que é justamente o terceiro estúdio de animação do grupo, com foco em produções pra home entertainment e que também lançou algumas coisas nos cinemas nos últimos anos. Em 2013, eles tinham produções da SININHO e de Aviões (no mesmo mundo de Carros) pra anunciar, mas, agora, estão tão esvaziados que nem deram um “oi” durante o evento – o que se diz nos bastidores é que boa parte dos empregados foram mandados embora, durante os cortes que a Disney fez em abril, apesar do próprio estúdio ter dito, na época, que “múltiplos projetos seriam anunciados mais pra frente”.

Passou o principal evento da Disney e nada foi anunciado. Será reflexo da diminuição do faturamento no mercado de home vídeo por conta da concorrência com o streaming?

Mesmo com um estúdio a menos, o painel das animações estourou bastante o horário. Na programação, as apresentações deveriam se estender por duas horas, mas o painel fechou com 3h15 de duração. Quase bateu o recorde negativo de 2013, quando o mesmo painel estourou o tempo em 1h20.

Aliás, é bom que se diga que o painel já começou fora do horário, por conta do exagerado protocolo de segurança da Disney, que segura os visitantes ao obrigá-los a selar e empacotar todo e qualquer equipamento eletrônico, como celulares e tablets. Apenas a imprensa – e sob o olhar vigilante de diversos seguranças – pode usar esse tipo de equipamento dentro do Hall D23, no qual rolam os grandes painéis.

Byron Howard, Ginnifer Goodwin, Rich Moore e Clark Spencer apresentam Zootopia na D23 Expo

Como tudo começou com o Mickey, aqui também começa pelo estúdio que deu o Mickey ao mundo. Alan Horn, presidente da Walt Disney Studios, foi ao palco em pessoa pra comentar a importância das animações pra todo o grupo e do impacto de filmes recentes, como Frozen, e pra chamar o dono da festa, John Lasseter.

Chamada sem, claro, uma brincadeira PROGRAMADA: Horn zuou o fato de Lasseter ter uma coleção de “camisas havaianas” (mais de 500, WOW!), e então o chefão da Disney Animation não só entrou no palco com uma temática da D23 Expo, como também começou a usar um canhão (daqueles usados em partidas esportivas, emprestada pelo pessoal do Los Angeles Angels of Anaheim — que sim, existem e se chamam isso aí mesmo) pra jogar umas dessas pro público.

O primeiro filme do painel foi um repeteco da D23 Expo passada: Zootopia (que, na época, ainda era um título provisório). Basicamente, é uma história que rola numa cidade com animais antropomórficos, cada um assumindo uma função na sociedade de acordo com suas características físicas e habilidades. Além disso, Zootopia é dividida em várias partes de acordo com os tipos de animais, da mesma forma que rola numa cidade (que é dividida de acordo com grupos sociais e culturais).

Só que, dessa vez, a estreia de Zootopia tá chegando, será em março de 2016. Por isso, a Disney revelou mais detalhes. Os diretores Dyron Howard e Rich Moore, além do produtor Clark Spencer, revelaram que fizeram uma grande pesquisa para o filme, visitando locais relevantes pra produção. Eles começaram no Animal Kingdom, um dos parques da empresa na Flórida, mas foram além: visitaram o safari no Quênia, já que Lasseter queria que eles acompanhassem a vida animal em seu habitat.

Tudo isso teve um impacto grande na forma como o filme foi feito, principalmente no design dos animais. Pra exemplificar esse trabalho, mostraram algumas animações dos animais em movimento, como rinoceronte, elefante servindo um sorvete, um tigre que dança...

Byron Howard e Shakira, que foi anunciada como dubladora de uma das personagens do filme, a cantora Gazelle :)

A personagem principal de Zootopia é uma coelhinha chamada Judy Hopps, que trabalha como policial de trânsito e é dublada por Ginnifer Goodwin (que, talvez, você conheça como a Branca de Neve de Unce Upon a Time). Judy vem de uma cidade pequena, mas que chega em Zootopia querendo provar que é capaz – e acaba encontrando uma raposa chamada Nick Wilde (voz de Jason Bateman). É aí que a aventura dos dois começa.

Entre outras cenas divulgadas, mostraram uma do “Detran” de Zootopia, dominado pelas preguiças – que é, de acordo com os diretores, a cena preferida deles em todo o filme. Um dos funcionários, Flash (LOL), fala... assim... bem... devagar...

Em seguida, Lasseter apresentou Gigantic, um novo filme do qual, antes, não se tinha nenhuma informação, muito menos o título definitivo – e que estreia em 2018. O diretor Nathan Greno (de Enrolados) e a produtora Dorothy McKim foram até o palco mostrar alguns conceitos e apresentar a história que é, basicamente, a visão Disney pra velha história do João e do Pé de Feijão. Só que agora, João será espanhol (Então é JUAN, não?) e o gigante é Inma, uma garota de 11 anos de idade — e eles vão enfrentar outros gigantes com “120 pés de altura”, ou, na medida que importa, 36,5 metros.

Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez, conhecidos por Frozen, vão fazer as músicas de Gigantic – e já foram ao palco mostrar a primeira canção, I Love My Little Man.

Depois, foi a vez de Moana, e os diretores Ron Clements e John Musker (de Aladdin e A Pequena Sereia, além de A Princesa e o Sapo) subirem ao palco pra falar mais do filme, que é centrado na personagem-título, uma garotinha do Pacífico Sul. Houve um grande ápice de navegações naquela parte do mundo há 3 mil anos, só que isso misteriosamente parou por cerca de mil anos. É algo que será explicado a partir da história da pequena Moana.

É que ela perde a avó e então resolve se aventurar no oceano, numa aventura que a fará cruzar com o semideus Maui, que terá a voz de ninguém menos que Dwayne Johnson, o The Rock. ;)

Um dos personagens importantes do longa é Maui, um semideus cheio de tatuagens e tudo mais. Parece que essa será um filme bem emotivo, que fez The Rock chorar no palco, enquanto algumas cenas eram exibidas.

Depois de encerrada a parte dedicada a Walt Disney Animation, Lasseter voltou ao palco pra falar da Pixar – que tá completando 10 anos como efetivamente parte da Disney. Pra Lasseter, Divertida Mente foi um dos filmes mais importante do estúdio, justamente por ter ido fundo nessa questão das emoções e das memórias, nos fazendo pensar sobre isso.

E, claro, essa foi a deixa pra que ele chamasse Riley’s First Date?, o já anunciado curta que, de certa forma, continua a história de Divertida Mente. Contado na perspectiva do pai da Riley (e de dentro da cabeça dele, com as suas emoções), o filme vai mostrar a garota tendo o seu primeiro encontro, com aquele garoto do hockey do final do filme. É tipo uma versão compacta de Divertida Mente, com os mesmos conceitos, que será lançado na versão em Blu-ray — que, quem estava por lá, já pode assistir.

Em seguida foi a vez de O Bom Dinossauro, um outro repeteco da D23 Expo de 2013 – afinal, ele tava previsto originalmente pra estrear em 2014. Peter Sohn, que é o diretor, foi ao palco do Hall D23 ao lado da produtora Denise Ream pra mostrar alguns testes pro filme, feitos pra deixar o cenário mais próximo possível da realidade.

O filme é centrado num dinossauro, Arlo, o filho mais novo (de três) de uma família que vive numa Terra na qual nunca caiu aquele temido meteoro. Apesar da bela família que o dino tem, ele perde o pai (Disney, gente), cai num rio e vai pra um lugar desconhecido e selvagem. É lá que ele encontra Spot.

Spot é uma criança humana, selvagem e menos avançada que Arlo – e se torna meio que o animal de estimação dele. “Nós amamos a história de um garoto e seu cachorro, mas, nesse caso, Arlo é o garoto, e a criança humana é o seu cachorro”, explicou Sohn.

Apesar deles se darem bem, brincando e se divertindo em algumas cenas que eles mostraram, o dinossauro ainda Sente falta da família. Numa das cenas mostradas, Arlo (que é o único que fala nessa ~conversa) tenta passar essa ideia de saudade com pequenos gravetos, que representam a família dele.

Eles então se aventuram nesse mundo inóspito pra ajudar Arlo a voltar pra casa e, no processo, acabam encontrando uma família de Tiranossauros, formada por Butch (dublado por Sam Elliot), Ramsey (Anna Paquin) e Nash (AJ Buckley).

Era hora então de Procurando Dory – e que também já tinha aparecido da Expo passada e estreia em junho do próximo ano. Pra começar a brincadeira, mostraram um vídeo com todas as vezes que Ellen DeGeneres, a dubladora da Dory, aproveitou o próprio programa pra pedir uma continuação de Procurando Nemo. Não foram poucas, não.

Do filme propriamente dito, começaram com a mesma coisa do evento anterior: mostrando os pais da Dory, Charlie (dublado por Eugene Levy, o pai do Jim!) e Jenny (Diane Keaton), mas depois evoluíram pra verdadeiras novidades do elenco – Nemo agora será dublado por Hayden Rolence (o ator original tá com 21 anos e ficou muito velho :/), um polvo de sete tentáculos chamado Hank com voz de Ed O’Neill, uma baleia chamada Bailey com voz do Ty Burrel e uma tubarão (que acha que é uma baleia) chamada Destiny e dublada pela Kaitlin Olson.

No vídeo mostrado durante o painel, descobrimos que Dory começa a ter sonhos com os pais, lembrando um pouco de onde ela vem, incluindo o nome de uma cidade: Monterey, na Califórnia. Ela vive feliz com Nemo e Merlin, mas acaba crescendo uma vontade de cruzar o oceano e voltar pra casa.

Em outro clipe do filme, também foi possível ver que a Dory vai conseguir chegar na Califórnia, mas só pra ser pega pelo pessoal do aquário de Monterey, que é onde umas cenas de Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa foi gravado.

Lasseter então apresentou Coco (que, numa tradução livre pra PT-BR, seria algo como “Bicho-Papão”, e que tem a mesma origem que a nossa Cuca), aquele filme sobre o Día de Los Muertos que se sabia que a Pixar tava fazendo, mas não se tinha qualquer detalhe.

Agora sabemos que a história é sobre Miguel, um garoto mexicano de 12 anos. Não há muita coisa (ainda) pronta pra ser mostrada, mas o diretor Lee Unkrich (o mesmo de Toy Story 3) levou alguns testes de animação pra galera conferir, mostrando os mexicanos rezando pelos mortos num cemitério, além de uma rua toda colorida e cheia de esqueletos dançantes ao som de um grupo de Mariachis. Só que a tal harmonia (ou quase isso) acaba quando cai a máscara de um dos esqueletos: é Miguel.

Vale lembrar que recentemente tivemos um filme animado sobre o mesmo Día de Los Muertos, Festa no Céu, aquele produzido pelo Guillermo del Toro. A Pixar vai ter que se desdobrar pra fazer algo diferente (principalmente no visual) dessa vez.

Meio que na pressa, Lesseter já engrenou com o fato de que, este ano, estamos comemorando os 20 anos do primeiro Toy Story e apresentou Toy Story 4, que teve uma grande novidade: o próprio chefão, que comandou os dois primeiros filmes, será o diretor. Mas não houve novidades do enredo, não, porque tudo já havia sido revelado horas antes numa entrevista pra CNBC.

A gente até já falou sobre isso... :)

Fechando tudo, Randy Newman foi ao palco tocar e cantar uma música que já é clássica, parte da trilha sonora do primeiro Toy Story e, claro, de nossas vidas: You’ve Got a Friend in me. Ou, se preferir, “Amigo estou aqui”.

Aí tudo virou uma festa. Soltados de brinquedo descendo do telhado, canhões de camisetas pra galera, os personagens de Toy Story invadindo... E assim, lá em cima, terminou o painel de animações da D23 Expo. ;)

Agora... Reparou numa coisa? Nada de Mickey. Donald. Pluto. Nenhum dos personagens clássicos da Disney está em qualquer animação ou projeto divulgado. Ao menos na D23 Expo passada tinha aquele curta do Mickey, Get a Horse!...

Pelo jeito, os tempos são MESMO outros tempos. ¯\_(ツ)_/¯