Na edição final da minissérie que serve de prelúdio pra fase de Brian Michael Bendis à frente dos dois títulos do Homem de Aço, o roteirista criou uma amarração interessante pro sumiço de Lois e Jon, que passa diretamente pela mudança de vestuário
SPOILER! Desde 2011, um elemento histórico dos gibis da DC Comics andava sumido: a tradicional cueca por cima das calças do Superman. Um clássico que divide opiniões desde que surgiu, lá em 1938, e que não dá pra negar que funcionou perfeitamente no corpo de um certo Christopher Reeve, enfim saiu de cena com o reboot dos Novos 52 — sendo substituído por uma roupa meio armadura modernosa criada por Jim Lee e que, de alguma forma, influenciou diretamente o traje de Henry Cavill nos filmes do Supinho que viriam a seguir.
Isso tudo, claro, até anunciarem a edição comemorativa de número 1000 da mítica revista Action Comics, lançada em abril deste ano, com destaque cheio de pompa e circunstância para o retorno dela, a roupa de baixo que vem pra cima e vira protagonista, as populares CEROULAS vermelhas.
Na capa da revista, olha só, o Homem de Aço em seu visual clássico de sempre. E quem começou a ler a minissérie em seis partes The Man of Steel, escrita por Brian Michael Bendis e que acaba sendo meio que um laboratório/prelúdio pro que vai rolar em sua tão aguardada passagem por Action Comics e Superman, não entendeu nada sobre a brusca mudança de vestimenta.
A resposta, queridos leitores, veio na conclusão The Man of Steel #6, lançada oficialmente na semana passada. E o Bendis, sempre ele, soube amarrar o retorno de um jeito bastante inteligente e emocional, INTRINSECAMENTE ligado também com o sumiço de Lois Lane, agora sua esposa, e seu filho Jon — no caso, o núcleo familiar surgido daquele NOVO reboot que quase ninguém percebeu, ano passado, que tirou a versão mais jovem surgida em 2011 de circulação e colocou como Superman oficial da cronologia um Kal-El mais velho que é basicamente da cronologia dos anos 1990 e 2000.
Muito que bem. E a volta da cueca por cima das calças nada tem a ver com um super-herói que se confunde na hora de colocar o uniforme pra combater as forças do mal.
Na história corrente, Clark continua enfrentando o brutal bárbaro espacial conhecido como Rogol Zaar. Uma verdadeira força da natureza, ele permanece um mistério, de origem desconhecida, mas seu objetivo é muito claro: erradicar os kryptonianos. Para sempre. Eles são considerados uma espécie de praga que ele achou ter exterminado quando, teoricamente, foi o responsável por acabar com o planeta Krypton.
Na Terra, na falta de um, ele acabou encontrando DOIS últimos exemplares da raça — no caso, o Superman e sua prima Supergirl. A pancadaria comeu solta até que o maior herói do mundo saca um conselho da Mulher-Maravilha e percebe que, pra derrotar Zaar, não vai adiantar ficar recorrendo à força bruta. Ele é um monstro que não vai parar até cumprir seu objetivo. É uma criatura movida pela guerra que não teve piedade de destruir a cidade engarrafada de Kandor e todos os seus habitantes com as próprias mãos.
E enquanto Kara surge com a inesperada solução de jogar o monstrengo na Zona Fantasma até que eles possam analisar todas as pistas de seu passado e encontrar as respostas para detê-lo (e, claro, descobrir se ele realmente está falando a verdade), o Super começa a fazer um flashback. E é aí, num momento, em família, que temos uma prévia de que Bendis deve tratar o personagem daqui pra frente.
Porque tudo começa quando o avô aparece pra visitar o neto. No caso, ninguém menos do que Jor-El, o pai kryptoniano biológico de Kal-El que reapareceu vivo desde o ano passado, com objetivos de vida bastante duvidosos e com uma postura quase VILANESCA sobre como os terráqueos são uma espécie “egoísta e insignificante”. Só que o grande cientista de Krypton pinta justamente no momento de maior dúvida do pequeno Jon, que teve acesso a uma versão sua no futuro, em uma realidade alternativa, na qual ele cresce pra se tornar o próximo Superman, sucedendo o seu pai, mas que acaba ficando maligno e matando milhões de pessoas.
O garoto precisa aprender mais sobre seus poderes. Sobre sua herança. E é aí que Jor-El entra, ao oferecer uma jornada de aprendizado pela galáxia. “Ele precisa de perspectiva”, diz o avô. “Este lugar, por mais adorável que seja, é um planeta primitivo que é limitador para alguém como ele”. Lois e Clark dizem não, imagina, que absurdo... mas sabem que tem algo ali que faz sentido. E enquanto o Superman sabe que não pode sair da Terra para embarcar na viagem junto com o filhote, garantindo assim sua segurança, já que tem um papel vital como protetor da humanidade (por mais que Jor-El diga “você é uma chama de esperança para os terrestres, mas isso é só o começo do você seria capaz de fazer”), não é o caso de Lois.
Tá certo, Perry White não gosta muito da ideia desta viagem aí, deste sumiço, ficando puto a ponto de demitir sua melhor repórter. Mas o ponto é que ela tem um contrato fechado com uma editora para fazer DOIS livros. O primeiro deles, obviamente, sobre os bastidores de suas reportagens premiadas pro Planeta Diário. E o outro tem tema à sua livre escolha. Eis que então ela escolhe falar sobre ESTA viagem. Que vai fazer pelo espaço ao lado do filho. Por bem ou por mal, ele não estará sozinho ao lado de uma figura que é de se desconfiar como Jor-El. E nem precisamos dizer, claro, que Jon está mais do que empolgado com a oportunidade.
“Não vá”, tenta convencer Clark, em um papo reservado com a esposa. Em vão. “Eles vão com ou sem a gente”, argumenta ela. “Jon não está pronto ainda e temos que fazer isso por ele”. No fundo, Clark sabe que ela está certa. E então, dá um presente pra Lois. Seu uniforme. Que vai protegê-la. “Além do mais, este símbolo significa alguma coisa em certas partes da galáxia”. Ela pergunta se vai servir. E o Superman explica que basta ela apertar dentro da fivela do cinto que, sim, a roupa vai se adaptar. “Mas o que VOCÊ vai usar?”, Lois então questiona. “Eu vou encontrar algo”.
E é aí que o Superman então recorre à versão mais antiga de sua roupa de combatente do crime.
Depois que Lois e Jon partem, sentado no chão do no quarto do filho, entre bonecos, carrinhos, pelúcias, skates e tacos de beisebol, Clark Kent se sente sozinho como há muito não se sentia. Efetivamente, como o Último Filho de Krypton.
Mais do que uma saída classuda pra justificar um fetiche retrô, digamos que é um bom ponto de partida pro que virá. E se depois destas últimas declarações do Bendis sobre o herói a gente já tava bem do curioso pra acompanhar esta nova jornada, agora então o aperitivo nos faz ficar esperando ansiosamente pelo próximo capítulo.
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