Sim, Alicia Vikander funciona como a heroína dos joguinhos, mas podia ter sido num filme com um roteiro menos preguiçoso…
Ação, tiros, pura adrenalina, saltos espetaculares, perseguições, mais tiros, cenários desbundantes, acrobacias e um pouco mais de tiros só pra completar. Foi assim que este mesmo ESCRIBA descreveu a primeira e, bom, de certa forma, também a segunda adaptação de Tomb Raider para os cinemas. Os filmes com Angelina Jolie transbordavam clichês para todos os lados mas, sem se levar tanto a sério, acabavam usando a própria fórmula dos videogames para fazer tudo acontecer, quase como dividindo cada um dos seus atos em “fases”.
Então, sabe a parte dos clichês? Pois é, este Tomb Raider: A Origem, reboot das aventuras de Lara Croft como heroína dos cinemas, também está repleto deles. Mas assim, aos mooooooontes. O grande problema é que o tom do filme, a partir de determinado momento, se leva tão, mas tão a sério, que os clichês deixam de ser aqueles maneirismos divertidos, tipo Nicolas Cage em A Lenda do Tesouro Perdido, e se tornam cansativos, aborrecidos, MODORRENTOS.
A ação, a adrenalina, a aventura demoram demais pra acontecer. Fica um processo loooooongo. E quando acontecem, são daquele tipo que você saca imediatamente o que vai rolar no próximo minuto.
Estamos falando de uma produção cinematográfica com aspirações de ser um novo Indiana Jones (ou, quem sabe, algo que beba em seu DNA, um herdeiro direto, sei lá) mas na qual a melhor e mais empolgante sequência é justamente uma perseguição de bicicleta em plena cidade, antes do filme completar meia-hora de projeção. E, conforme caminha, você se pega pensando “cara, eu acho que preferia ver pelo menos mais uns 20 minutos daquelas bicicletas correndo, hein?”.
Pensa nisso.
De resto, bom, temos lá uma tumba antiga de uma lenda japonesa enterrada em uma ilha perdida e que traria um caminho para entender o mundo dos mortos, que tanto Richard Croft (tentando superar eternamente a morte da esposa e mãe da Lara) quanto os bandidos da vez querem adentrar, com objetivos distintos.
O primeiro quer evitar que uma maldição se espalhe pelo mundo, o segundo quer... dominar o mundo, talvez? Achao que é por aí. Sim, estamos falando da Trindade, uma organização criminosa global infiltrada em tudo quanto é lugar e cujo grande e misterioso líder AND, portanto, vilão do filme, arquiteto das cagadas todas, você já mata quem é pelo menos na metade do filme.
Vou te dar, portanto, um tempo pra ir pensando em quantas vezes já viu este combo em filmes, séries, gibis e afins na sua vida...
Olha só, verdade seja dita e justiça seja feita, a Alicia Vikander funciona bem no papel, ao contrário do que alguns DETRATORES cravaram assim que viram os primeiros vídeos. Ela tem a dose certa de carisma e faz você acreditar, de fato, que ela é uma heroína em formação. Sim, ela está longe de estar pronta: meio cabeça-quente, às vezes ela mete os pés pelas mãos, tropeça, faz o que não devia, apanha um bocado.
Com certa fragilidade, meio vacilante, ela não é ainda a chutadora de bundas que se esperava. Tudo que ela quer, mais do que saciar sua sede de aventura e conhecimento, é encontrar o pai desaparecido e voltar a ter aquela vida tranquila de sempre. Na real, Lara tá até cagando pra sua fortuna sem limites, pras traquitanas que a tornariam uma espécie de cruzamento de Batman com Carmen Sandiego. E, nesse processo de construção, Alicia funciona demais.
O grande ponto é que nos momentos em que ela PODIA e DEVIA arregaçar geral, enfiar a mão na cara da bandidagem em um elenco quase que 100% masculino... ela não faz. O diacho do roteiro genérico não deixa. E, apesar de não ser uma donzela em perigo, ela tampouco resolve a maior parte das tretas por conta própria e acaba sendo colocada em situações nas quais, direta ou indiretamente, tem sempre alguém pra salvar a sua pele. E geralmente, pasmem vocês, é um cara. É um cara que salva o dia no final das contas, tentando evitar ao máximo os spoilers. E é o conflito entre dois caras que move o filme todo.
E a Lara? Bom, o máximo que sobra pra ela é passar 10 minutos ao longo do filme desvendando uns enigmas aqui e ali, pra mostrar que ela é “o cérebro mais brilhante da família Croft”. Tá bom, muito legal. Mas é pouco. BEM pouco para justificar que ela seja a protagonista do filme. Porque, infelizmente, esta é uma Lara Croft que não consegue ser a real personagem principal de seu próprio Tomb Raider, seja ele origem ou não. Uma pena.
Aliás, esta não é, definitivamente, a Lara Croft que a gente tava precisando ver no mundo de hoje. E isso vindo da mesma Warner que nos entregou a Mulher-Maravilha, percebam.
A pergunta que fica, portanto, continua sendo “mas por que diabos fizeram outro filme de Tomb Raider mesmo?”. Não é esse que te dá essa resposta.
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