Um Queen com Adam Lambert, Roger Taylor, Brian May e Freddie Mercury tocou em São Paulo nesse dia 16 de Setembro. Eu não esperava por isso. Mas agradeço. :)
Eu tinha acabado de completar OITO anos quando Freddie Mercury morreu. Me lembro de ouvir bastante a música-tema dos jogos Olímpicos de Barcelona 92, na época, assim como We are the Champions quando o Brasil ganhou a Liga Mundial de Volley pela primeira vez e em tantas outras ocasiões.
De Queen, mesmo, de verdade, só fui gostar muuuuito tempo depois. Já tinha até passado dos 20, quando comecei a ler as coisas que o nosso Thiago Cardim tanto falava na sua época de A-Arca (ele talvez nem saiba disso e esteja descobrindo agora mas, hey, sim, Cardim, a culpa de eu gostar de Queen é sua. ;D)
Então, assim: eu jamais sequer tive qualquer oportunidade de assistir a um show da banda com sua formação original. E mesmo que meus pais tivessem me levado ao primeiro Rock in Rio, lá em 85, eu não eu sei o que uma criança de menos de dois anos conseguiria se lembrar, três décadas depois.
Pra ser sincero, não sei até que ponto uma “formação original” é importante pro show ao vivo, uma vez que eu tou lá muito mais pra ver do que ouvir. Por exemplo, eu vi o Guns N’ Roses em 2009, só tinha mesmo o Axl, já devidamente gordo e um tanto estragado. Mas, cara... Era o Axl. Eu não vi o Slash, não vi o Duff, mas vi o Axl. Por mim, tudo bem.
O que eu não esperava, porém, é que na noite dessa quarta-feira, 16 de Setembro, eu fosse assistir ao Queen, o real, o original, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Eu percebi o que tava acontecendo no exato momento em que Brian May assumiu o violão, sozinho no palco, pra segurar com a galera Love of my Life. Uma das músicas mais icônicas da banda, das mais bonitas, tristes e fortes, uma comunhão entre aquelas milhares de pessoas de todas as idades e um dos remanescentes da banda original. É aquele momento em que absolutamente todos choram (no meu caso, como criança), especialmente quando Freddie Mercury aparece, no final da música, pra terminar a condução, no que é agradecido por May.
Eu não vi a cara dele, que estava de costas pra mim naquela hora, além de longe. Mas eu tenho certeza que ele devia estar sorrindo, sabendo que o amigo estava por ali. Que nada daquilo seria possível sem ele — no passado e no presente.
No momento de These are the Days of Our Lives foi a vez de Roger Taylor assumir os vocais, enquanto várias fotos da história da banda eram exibidas no telão. E era isso: no momento mais Queen do Queen, Adam Lambert nem sequer no palco estava. Ele é, de fato, um cara que contrataram pra cantar as músicas. Não é, nem tenta ser, um substituto.
E é assim, desde que imita um frango no final de One Vision, que abriu a apresentação pontualmente às 22h00 (detratores dirão que houve 1min de atraso), que ele faz o seu trabalho ao longo de 2h. Deita no sofá com um leque e seu Moet-Chandon pra Killer Queen, troca de roupa trocentas vezes. Teatral, exagerado, perfomático... Exatamente o que se espera de um show do Queen.
Lambert também é respeitoso. Na hora de cumprimentar a galera, aquele momento “E aí São Paulow!”, faz questão de dizer o quão maluco é estar no meio daquelas lendas e que tudo, absolutamente tudo, é por Freddie Mercury. E, quando divide os vocais com ele em Bohemian Rhapsody, é como se sumisse do palco — voltando com tudo quando precisa.
“Efetiva o Adam!” gritou alguém do meu lado. “É, carimba a carteira de trabalho dele!”, continuou outra pessoa. Não precisa. Ele não precisa disso, nem a banda. Queen + Adam Lambert, exatamente como é chamada essa “formação”, é a equação mais perfeita possível.
E eu tive a sorte de estar por lá.
Uma pena, porém, que o Ginásio do Ibirapuera esteja LONGE de ser um bom lugar pra shows — embora pequeno, das cadeiras superiores onde eu estava, era praticamente impossível ouvir qualquer palavra, seja durante as músicas ou interações com o público.
Uma pena que, pelo menos, valeu. :)