Talvez não seja a melhor das ideias assistir a um filme sobre 2a Guerra nesse momento, MAS é um filme pequeno, e seria muito legal se mais deles fossem feitos. Mais um pra conta da Bad Robot, que cada vez gosto mais.
A gente tá tão acostumado a filmes gigantescos, arrasa MESMO quarteirões, lançamentos em milhares de salas, pré-venda de ingressos, IMAX, XD, medo de spoiler, teoria de fã, hype, trailers dissecados, descrição de trailers dissecados, reacts cheios de lágrimas, mais teoria de fã, diretor postando fotos de bastidores meses e anos depois numa rede social própria, embargos, “o que os gringos estão dizendo” e por aí vai que as esquecemos quão divertido e realmente satisfatório é ir ao cinema apenas e tão somente pra assistir a um filme.
Sabe? O ato de ir até uma sala de cinema, escolher um filme, comprar ingresso, uma pipoca, assistir a um filme e ir embora pra casa na sequência, sem nem precisar esperar os créditos acabarem? Claro, especialmente aqui no Brasil, isso acaba sendo difícil porque basicamente só temos as grandes redes de cinema, preocupadas mais com o quanto vão ganhar do que com a ideia básica de, olha só, exibir filmes.
Precisa ir até um shopping, pagar estacionamento ou Uber, encontrar vaga, passar por aquelas inacreditáveis filas do Outback, gastar uma grana com o ingresso, ser obrigado a usar óculos 3D, aguentar o desgraçado com o celular ligado na frente e/ou do lado, gente falando, chegando tarde e querendo sentar no lugar que comprou passando na frente de todo mundo... É, no geral, uma roubada.
POR SORTE, porém, tem gente como JJ Abrams que, ao mesmo tempo em que trabalha diretamente com algumas das maiores franquias de Hollywood, se dedica a tirar do papel algumas histórias menores, mais simples e tão divertidas quanto e ainda consegue fazer com que uma grande distribuidora os coloque nos cinemas. Ele já fez o seu próprio, quando homenageou Steven Spielberg com Super 8, mas também produziu, através da Bad Robot, o primeiro Cloverfield, que cresceu o suficiente pra transformar Rua Cloverfield, 10 em algo muito próximo de um desses blockbusters, e a sua mais recente GEMA — que muita gente achou que seria um novo Cloverfield –, Operação Overlord, que estreia no Brasil em 08 de Novembro mas está sendo exibido na Mostra de SP.
A história é conhecida, se você alguma vez na sua vida assistiu a algum filme de Guerra na vida: soldados Aliados precisam executar uma missão pra ajudar o resto do exército a derrubar Hitler. Nesse caso, os americanos precisam derrubar uma torre de igreja, num vilarejo da França, onde os nazistas instalaram um bloqueador de sinal de rádio. Se o fizerem até as 06h, acontece o Dia D — e é daí que vem o título, já que a Operação Overlord é o codinome para a Batalha da Normandia.
Porém, contudo, entretanto, todavia, os nazistas estão usando o subsolo da tal Igreja pra fazer experimentos “científicos”, que consistem em injetar um líquido laranja em pessoas mortas pra fazê-las ressuscitar e ganhar uma força gigantesca e, assim, poder formar o exército que dominará o mundo durante o Reich de 1000 anos prometido por Hitler.
Aí, é aquela coisa: os muitos soldados se tornam poucos, uma garota aparece no meio da história, ela tem que cuidar do irmão mais novo, sofre abusos sexuais do comandante nazista, um dos americanos se apaixona por ela, isso interfere na missão e enfim. É isso, nada mais do que isso. E, eu confesso, em alguns momentos eu fiquei incrédulo com o quanto o roteiro tira com a nossa cara, só pra poder SER um roteiro e dele existir um filme.
Mas... Meio que não importa?
Foi legal assistir a um filme pequeno de ficção científica AND guerra sobre o qual eu sabia muito pouco ou quase nada, e que muito provavelmente eu nem lembrarei que assisti até vê-lo num Netflix da vida. Claro, senti coisas MUITO ruins que só Outubro de 2018 permite que um antifascista sinta em pleno cinema, mas... valeu a pena. Valeu a pena sair de casa, valeu a pena ir ao cinema.
Nunca pensei que um dia eu fosse escrever isso, mas Operação Overlord funciona mais por ser um respiro no meio de tanta coisa gigantesca, no meio de tanto barulho, do que pela sua qualidade ou sua história. Seria muito legal se mais desses filmes fossem produzidos, se mais gente tivesse a coragem de tirá-los do papel, como faz a Bad Robot.
A gente fala sobre o que a Marvel Studios conseguiu fazer com os seus filmes, toda aquela coisa de universo coeso (que, sim, tá começando a cansar), mas deveríamos prestar mais atenção nisso que a Bad Robot faz, se preocupando muito mais com o filme, a diversão e a ideia básica de alguém ir ao cinema do que os bilhões de bilheteria.
25 de Outubro, às 21h00, no Espaço Itaú de Cinema – Pompeia 1
27 de Outubro, às 21h40, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 1
O filme estreia em 08 de Novembro em circuito comercial no Brasil.
Pra não concorrer com Mulan, Bill & Ted 3 vai estrear em VOD mais cedo: 28 de Agosto! https://t.co/Bu3VBYYW8X