Ah, esse meu Brasil. O nosso, aliás. Imposto (e aí, meu caro, não venha com PT, PSDB, PSOL, o que for) é política de Estado. Se por um lado todo mundo sabe que a alta carga tributária trava o crescimento do País, por outro tem sempre alguém querendo aumentar isso. E as próximas vítimas podem ser Google, Facebook e Netflix.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que o governo deve reforçar a cobrança dos impostos. “Essas empresas hoje não pagam impostos como deveriam. Hoje, uma empresa como a Netflix tem um milhão de assinantes. Logo, vai ter muito mais do que isso. O negócio todo precisa ser enquadrado do ponto de vista tributário”, disse o político de acordo com a Veja.

Bernardo não falou em baixar uma nova tributação, nem nada disso. “O que precisa é enquadrar essas empresas na lei tributária atual. Vale para Netflix, Google, Facebook... Todas elas”. No mês passado, o Google informou que pagou R$ 733 milhões em impostos durante 2013, mas o político acha que é pouco, já que a Receita Federal acredita que os gigantes de tecnologia usam brechas na lei para pagar menos. “Todos têm que pagar igual”, disse o ministro. Justíssimo. Assim, baixamos para todo mundo. Que tal?

Aí você pensa: a questão dos altos impostos foi, recentemente , citada pela Sony como o principal motivo para o preço abusivo do PlayStation 4 no Brasil. Ao mesmo tempo, o Netflix – que, de acordo com o ministro, dribla a atual lei tributária – consegue praticar um preço de assinatura de R$ 16,90. O valor é menor que nos EUA, onde cobram US$ 7,99.

Ministro Paulo Bernardo

Impostos são parte do jogo e é justo querer que os valores sejam escolhidos no Brasil, já que o serviço é prestado para brasileiros. Por outro lado, o desejo incontrolável de aplicar a alta carga tributária em tudo apenas atravanca o crescimento e, no caso do Netflix, um aumento significativo da mensalidade estimularia ainda mais a pirataria, o que ninguém de dentro da indústria do entretenimento quer.

E não pense que cobrar mais impostos do Google e do Facebook não impacta você, já que muitos serviços das empresas são gratuitos para o consumidor final. Ambas possuem produtos que são parte importante dos planos de mídia das empresas e um aumento no custo da publicidade seria, de alguma forma, repassado para todos nós.

Como sempre.