Kevin Feige tem tudo planejado, just in case algum acordo como o que rolou com a Sony e a Marvel aconteça, ou os direitos de algum personagem volte para a Casa das Ideias. Mesmo que seja pro mais puro fan service.
SPOILER! “It’s all part of the plan”, diria o Coringa, vestido de enfermeira, ao Harvey Dent em Batman: O Cavaleiro das Trevas. É basicamente assim que funciona o famigerado Universo Marvel dos Cinemas, que encontra seu ÁPICE, em mais de um sentido, em Capitão América: Guerra Civil.
“(...) Nós sempre temos planos de contingência, de qualquer maneira. Vamos poder fazer outro filme com esse ator? Se sim, faremos isso, se não, faremos aquilo. Se recuperarmos os direitos pra um personagem que seria ótimo, faremos isso, se não, aquilo outro” afirmou, certa vez, Kevin Feige, o grande responsável por toda essa folia. “A gente sempre opera com essas timelines alternativas e estamos prontos pra mudar caso alguma coisa aconteça”.
Por exemplo, o Homem-Aranha. A Guerra Civil dos cinemas iria acontecer de qualquer maneira, com ou sem ele, ainda que sempre tenha sido uma vontade dos Irmão Russo contar com ele no filme. “Ele era uma parte integrante dos nossos pensamentos sobre a Guerra Civil desde o começo” contou Anthony Russo, em entrevista ao JUDÃO. Bom, daria pra imaginar que ele não seria o grande PIVÔ da história, como nos quadrinhos, simplesmente porque, no CONTEXTO em que o filme se encaixa, o personagem não existia anteriormente. Naquele contexto, ninguém sabia que o Homem-Aranha existia. Naquele contexto, se um moleque diz que é o Homem-Aranha, nada de muito ruim aconteceria.
Se nunca aconteceu nada de ruim pra nenhum dos outros personagens do Universo Marvel, que revelam suas identidades desde sempre... Aliás, outro ponto importante: nunca houve a questão de identidades secretas no MCU, o que já definiria que a Guerra Civil dos cinemas é completamente diferente da dos quadrinhos.
No caso específico do Cabeça de Teia nesse filme, a razão pra esconder a cara é que a Tia May não saiba de nada, “se não ela surta”. Até porque, parece relativamente fácil a maneira como o Tony Stark descobre que Teioso é o Peter Parker. Se as razões forem puramente pessoais e não sobre proteção, a ele e à família, isso pode criar uma dinâmica interessante em Spider-Man: Homecoming... Mas isso a gente deixa pra outro dia. :)
Apesar de ser, se não a MAIOR, a principal ADIÇÃO de Capitão América: Guerra Civil, não é como se o Homem-Aranha fosse o personagem mais importante de toda a história. “É interessante, porque ele não tem a mesma bagagem que os Vingadores têm, ele não chega no conflito da mesma forma que os outros, ele entra depois. E ele é divertido no filme, porque não tem essa tensão em volta dele”, continua Anthony Russo.
“Há um certo narcisismo no personagem e Tony Stark não quer perder a luta”, afirmou Joe Russo, o outro irmão, em entrevista ao ScreenRant. “Se você vai atrás de pessoas que não necessariamente você quer machucar, você não poderia ter um personagem melhor que o Homem-Aranha pra te ajudar”.
“Ele sabe quão poderoso é o Homem-Aranha. Em um vídeo a gente o vê parando um carro se movendo a 65km/h, que ele pega e coloca no chão, então Tony Stark acredita que está levando com ele talvez o personagem mais poderoso daquele universo, e eu acho que ele sente que o garoto vai se dar bem sob sua TUTELA”, conta. “Você também percebe isso naquela sequência, quando as coisas dão erradas, o garoto diz ‘O que eu faço?’ e Tony responde ‘mantenha distância, taca teia neles’. Ele obviamente ensinou o garoto sobre o que está por vir”.
“Mas ainda é muita irresponsabilidade”, comentou, brincando, o outro irmão Russo. :)
Vamos supor, porém, que o tal do acordo com a Sony nunca tivesse acontecido. Que, sei lá, os filmes solo do personagem tivessem encontrado um ponto de virada assim como o dos X-Men encontraram na Fox e tudo começou a dar certo e encaixar, não havendo necessidade nenhuma de um estúdio entregar uma propriedade pra promover uma outra. O que isso mudaria em Capitão América: Guerra Civil?
Absolutamente nada. A história seria exatamente a mesma, do começo ao fim. Não passaria pelo Queens, claro, Tony Stark também não “perderia a paciência” no grande clímax do filme e chamaria o PIRRALHO mas... De resto? A participação do Homem-Aranha no filme só serviu pra uma coisa: o GIGANTE que, pra mim, é o grande momento de todo o filme, o “PUTAQUEPAROLA CARALHO BUCETA CU É POR ISSO QUE EU GOSTO TANTO DESSAS MERDAS”.
Sem o Homem-Aranha, o Homem-Formiga iria diminuir e voltar ao tamanho normal o tempo todo, pegar uma carona nessa cauda de cometa ver a via láctea estrada tão bonita na flecha do Gavião Arqueiro, a treta toda aconteceria normalmente e a história seguiria. Mas não. É por conta do Peter Parker, enfim o nerd que se surpreende com o braço de metal do Bucky, bate continência pro Capitão América e assiste a Star Wars que temos o GRANDE momento “super-herói” do filme.
O Homem-Aranha em Capitão América: Guerra Civil é o puro suco do fan service.
Mas o fan service que não está lá SÓ pra prestar um serviço ao fã. Não é um personagem jogado do mais profundo nada, que some mais do nada ainda — isso é easter egg... Ou pelo menos deveria ser assim. Repassamos sua origem em dois segundos, entendemos a relação que ele tem e terá com o Homem de Ferro (o que já explica a participação de Robert Downey Jr. em Homecoming), conhecemos o tão aguardado Homem-Aranha do Universo Marvel dos Cinemas e, no fim das contas, ele ainda ajuda a adiantar a história do Homem-Formiga.
Somos fãs e queremos service... Mas se for só pra ver um personagem dos quadrinhos ganhando vida em carne e osso, cosplay taí pra isso. Somos fãs, queremos service e boas histórias. :)