Homem-Aranha: os anos negros | JUDAO.com.br

Saiba mais sobre o casamento do Aranha com a Mary Jane e o uniforme negro!

Anos 80. No começo da famosa década, o Homem-Aranha não era mais apenas um fenômeno de mídia nos Estados Unidos, mas sim no mundo inteiro. A popularidade do personagem havia se consolidado na década anterior e seus desenhos animados e histórias em quadrinhos circulavam o mundo com grande sucesso. Era difícil encontrar uma criança ou adolescente que não conhecesse as aventuras de Peter Parker.

LEIA TAMBÉM! Especial HOMEM-ARANHA: Tudo o que fez o Cabeça-de-Teia ser o que é hoje

Logo em janeiro de 1980 o Aranha chegou a edição de número 200 de The Amazing Spider-Man. Naquele mesmo ano o artista John Romita Jr, que é, obviamente, filho do antológico John Romita, passou a fazer a arte do gibi. Como o pai, Romitinha até hoje tem o nome intimamente ligado à  história do Homem-Aranha.

Em 1983, um importante vilão apareceu pela primeira vez. Foi o Duende Macabro e, por anos, a Casa das Ideias manteve um mistério sobre qual seria a real identidade do cara. O que se sabia é que o vilão havia roubado tecnologia da Oscorp, mais exatamente os equipamentos do Duende Verde, e se tornado o Duende Macabro. Além de ser uma pedra no sapato do Aranha, este novo Duende também se envolvia em disputas com os outros vilões do submundo de Nova York.

Acontece que o roteirista que havia criado o personagem, Roger Stern, deixou inúmeras pistas falsas sobre qual seria a identidade do Duende, não contou a verdade nem para seus editores e deixou os roteiros do personagem. Assim, em 1987, a Marvel resolveu revelar quem seria o vilão. Meio perdidos, os editores das revistas aracnídeas escalaram Peter David para finalmente acabar com essa história e ele, sem saber a verdade, revelou que o Duende Macabro era Ned Leeds, repórter do Clarim Diário, amigo de Peter Parker e que JÁ estava morto. Tal situação só foi resolvida na segunda metade dos anos 90.

Ned Leeds é ~desmascarado~

Ned Leeds é ~desmascarado~

O começo da década também foi muito importante para a maturação do relacionamento entre Peter Parker e Mary Jane Watson. Com a ajuda dos roteiristas Roger Stern e Tom DeFalco, MJ foi se transformando em uma pessoa mais crescida, sem o ar fútil que marcou a primeira fase da personagem. Ela também se aproximou ainda mais do Aranha e revelou que conhecia a sua identidade secreta, o que certamente ajudou ainda mais na união dos dois.

[one-half]Pode-se dizer que isto foi uma tentativa de cobrir a lacuna deixada por Gwen Stacy. Gwen era muito ligada a Peter Parker, além de admirar o intelecto do namorado. Diferentemente de Mary Jane, Gwen não era uma pessoa ligada em baladas e roupas, mas sim na vida e no conhecimento. Ao tornar MJ mais séria, finalmente os roteiristas poderiam colocá-la no espaço ocupado anteriormente por Gwen. Só que originalmente não era para ser assim, já que na cabeça de Stan Lee quem deveria ficar com o Aranha era Gwen Stacy, com MJ sendo apenas uma “adversária” da loira.

Criada para ser a outra ou não, MJ acabou se tornando a namorada oficial de Peter Parker e uma crescente corrente dentro da Marvel começou a pregar o casamento dos dois. A Marvel resistiu à ideia, até que perceberam que o casamento seria uma boa idéia para salvar as tiras de jornal do personagem, que ia mal das pernas. Assim, Parker pediu Mary Jane casamento tanto nas tiras quanto nos gibis e finalmente ouviu um sim da ruiva.[/one-half][one-half last=”true”]

Homem-Aranha e Mary Jane se casam!

Homem-Aranha e Mary Jane se casam!

[/one-half]

O casamento dos dois ocorreu em 1987 e foi publicado originalmente em The Amazing Spider-Man Giant Size Annual #21. Ao mesmo tempo, MJ e Pete se casaram nas tiras de jornal, que até aquele momento seguiam sua própria cronologia. Infelizmente, o casamento não surtiu o efeito desejado nos jornais e acabou por trazer uma grande dor de cabeça nas revistas, como veremos mais pra frente.

Guerras Secretas

Guerras Secretas

[one-half]

Uniforme negro e as Guerras Secretas

[/one-half][one-half last=”true”]Junto com o maior envolvimento do Aranha e Mary Jane e o posterior casamento, surgiu um elemento que causaria muita controvérsia: o uniforme negro. Tudo começou em Maio de 1984, quando iniciou a mega-saga Guerras Secretas que, junto com Crise nas Infinitas Terras, consolidou o conceito de uma grade saga envolvendo todos os personagens da editora.

Na série em 12 partes, um vilão ultrapoderoso chamado Beyonder levou os heróis mais importantes da Terra para outro mundo, no qual foram obrigados a lutar com seus mais perigosos vilões. A idéia da Marvel era simples: “sumir” com os super-heróis entre uma revista e outra, dizendo apenas que uma guerra aconteceu neste meio tempo. Para saber o que realmente aconteceu os leitores deveriam acompanhar a série principal.[/one-half]

Quando ressurgiu em The Amazing Spider-Man #252, o Homem-Aranha estava diferente. No lugar de seu famoso uniforme azul e vermelho agora estava uma roupa totalmente preta, apenas com uma enorme aranha branca no peito e nas costas. Na edição de número 8 de Secret Wars os leitores ficaram sabendo que tal uniforme foi criado quando Peter Parker usou um equipamento alienígena para reconstruir suas roupas rasgadas.

Surge o uniforme negro!

Surge o uniforme negro!

Com a roupa nova, o Homem-Aranha ganhou mais força, agilidade, disparadores de teia que nunca precisavam ser recarregados e um uniforme que poderia mudar para roupas “civis” com apenas seu próprio pensamento. Era tudo perfeito, mas o novo uniforme começou a agir de forma diferente, controlando o corpo de Peter Parker enquanto ele dormia. Ao procurar o Sr. Fantástico, o herói aracnídeo descobriu que sua roupa era um ser vivo conhecido como simbionte. Com a ajuda do líder do Quarteto, Peter Parker prendeu o uniforme negro para que não importunasse mais e voltou para uma roupagem mais tradicional, de tecido – mas ainda assim com as novas cores por algum tempo, em uma tentativa da Marvel de convencer os leitores que aquele novo visual era sim legal.

Só há um porém: tudo na vida do Cabeça de Teia não é assim tão fácil. Eventualmente o simbionte fugiu do Edifício Baxter e voltou para a casa de Peter Parker, se camuflando como um uniforme comum. Sem saber, Peter acabou por vestir o alienígena mais uma vez.

Na tentativa de fugir do controle do alien, o Homem-Aranha foi até a igreja Our Lady of Saints, lugar no qual usou os ruídos do sino para afetar o simbionte, que tinha o som como principal ponto fraco. Ao ver a roupa alienígena escorrendo pelos chãos da igreja, Peter simplesmente pensou que o simbionte havia morrido e o abandonou por lá. Talvez este tenha sido seu pior erro depois de ter deixado o futuro assassino do tio Ben fugir.

[one-half]O jornalista Eddie Brock, que havia trabalhado no Clarim Diário com Parker e acreditava que tinha tido sua carreira arruinada por causa do Homem-Aranha, foi justamente na mesma igreja para rezar. Brock não acreditava mais na vida e pensava em se matar, o que seria uma fuga rápida para os problemas. O simbionte então sentiu a presença de Brock na igreja e foi até ele. Da união dos dois surgiu um dos mais perigosos vilões do Aranha: Venom.

Além de todo o ódio que Eddie Brock e o simbionte nutriam com relação ao Homem-Aranha, o uniforme negro transferiu todos os poderes de aranha para Brock, além de revelar ao repórter a verdadeira identidade do herói. Graças a essa informação, Venom começou a atacar a vida pessoal de Parker e a assustar a Mary Jane. Isso motivou um pedido de MJ para que Peter nunca mais usasse o uniforme negro. Depois de quatro anos usando basicamente essa roupa, seja alienígena ou feita de tecido terrestre, o Homem-Aranha voltava ao tradicional vermelho e azul. Era o fim do controverso uniforme negro, que voltaria a ser usado em raras oportunidades.[/one-half][one-half last=”true”]

Primeira aparição do Venom

Primeira aparição do Venom

[/one-half]

Junto ao fim da fase do uniforme negro, um novo desenhista surgiu nas revistas do Cabeça de Teia: Todd McFarlane. No começo, Todd copiou o estilo de John Romita Sr, que era uma regra na Marvel. Só que aos poucos ele foi impondo sua forma de desenhar e conquistou uma legião de admiradores.

A Última Caçada de Kraven

A Última Caçada de Kraven

[one-half]Outra história da década de 80 que não pode ser esquecida é A Última Caçada de Kraven, de J. M. DeMatteis e Mike Zeck. Kraven, O Caçador, era um clássico vilão do Homem-Aranha, ainda criado da fase Lee-Ditko. Seu nome era Sergei Kravinoff, um caçador que procurava ser o melhor de todos ao capturar o Aranha. Em a Última Caçada, Kraven perde a sanidade e ataca o Amigão da Vizinhança de uma forma completamente diferente.[/one-half][one-half last=”true”]

A Última Caçada de Kraven

[/one-half]

Com o intuito de derrotar o herói, Kraven atira balas com tranquilizante no Escalador de Paredes e o enterra vivo. Sem o Homem-Aranha para atrapalhar, o Caçador faz uma cópia do uniforme do personagem e assume a identidade do Amigão da Vizinhança para provar que sempre foi melhor que o rival. Com essa idéia na cabeça, Kraven captura Vermin, um vilão de segunda importância e que deu tanto trabalho para o Aranha que ele precisou da ajuda do Capitão América para derrotar.

Quando o Homem-Aranha sai da tumba e volta a ação, Kraven simplesmente liberta Vermin para provar que o super-herói nunca conseguiria pegá-lo. Mas o Aranha consegue, o que leva Kraven a cometer suicídio.

No geral, a década de 1980 trouxe algumas histórias fracas, inconsistências de roteiros e o controverso uniforme negro (que agora é, veja só, adorado pelos fãs), mas também teve outras ótimas histórias, o casamento de Peter Parker e Mary Jane, além do surgimento de Todd McFarlane e do vilão Venom, que seriam motivos de grandes vendas na década seguinte.

No final das contas, dá para dizer que foram anos memoráveis...

Artigo originalmente publicado em 01 de Maio de 2007