Pelo que disseram num evento fechado na Rússia, este deve ser o clima da aventura de Scott Lang e Hope Van Dyne, o que faz bastante sentido — seja pelo simples fato de ser uma comédia romântica, seja pela abertura que a Marvel mostrou com Thor: Ragnarok :)
Em 2015, a gente já falava sobre isso, quando parte do mercado cinematográfico e da crítica começou a usar o insistente argumento da “fadiga dos filmes de super-heróis”. Super-herói não é gênero cinematográfico. Super-herói é um estereótipo de personagem, tal qual agente secreto, samurai ou cavaleiro medieval, que pode aparecer em uma dezena de gêneros diferentes – drama, comédia, terror, suspense, estas coisas. ISSO sim são gêneros classificáveis na Sétima Arte, aliás.
De maneira bastante inteligente, a Marvel leva seus personagens para as telonas fazendo uso dos mais diferentes gêneros — e, desta forma, temos um thriller de espionagem em Capitão América 2: O Soldado Invernal, uma fantasia de tons épicos em Thor, uma space opera em Guardiões da Galáxia, um drama teen a la John Hughes em Homem-Aranha: De Volta ao Lar... Dá pra dizer que são quatro filmes idênticos, só por que têm super-heróis neles e/ou são inspirados em HQs? Nops, sejamos justos.
Da mesma forma que o primeiro Homem-Formiga é uma espécie de combo entre comédia e filme de roubo. Tudo indica que a continuação, Ant-Man and the Wasp, a ser lançada por aqui em 28 de Junho de 2018, deve seguir o mesmo caminho mas, segundo informações dos últimos dias, deve enveredar por um gênero ainda inexplorado pela Marvel: a comédia romântica.
O site russo Kinometro, principal fonte de informação para o mercado cinematográfico do país — incluindo distribuidores, exibidores, produtores e agências de promoção — com dados sobre bilheteria na Rússia e afins, fez uma extensa cobertura da 104a edição da Kinorynok, uma feira dedicada a apresentar os grandes lançamentos não apenas do cinema russo, mas também de filmes estrangeiros que chegarão às telonas de lá.
Segundo o site, Elena Brodskaya, vice-presidente de marketing da Disney pra Rússia, teve um espaço para falar a respeito dos próximos lançamentos da casa do Mickey Mouse, incluindo o que a Marvel tá preparando para 2018. Quando chegou na hora de apresentar Ant-Man and the Wasp (no caso, ЧЕЛОВЕК-МУРАВЕЙ И ОСА), ela chamou a produção de “primeira ромкомом do MCU”. ромкомом que se fala “romkomom” e que, em resumo, é aquele jeitinho mercadológico de falar sobre romantic comedies.
Faz total sentido? Claro que sim. E não só porque o diretor Peyton Reed já tinha dito, em 2015, em entrevista ao CBR, que esta sequência se encaixaria em um gênero completamente diferente do primeiro e que seria uma surpresa. Tudo isso ajuda, obviamente. Mas, principalmente, tudo que sabemos até agora leva diretamente pra este caminho.
Com Ant-Man and the Wasp, estamos falando de uma história que, sim, tem grandes chances de se focar no resgate de Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer), a Vespa original e mãe da Hope, lá do reino quântico — tudo muito possivelmente com a ajuda do Doutor Bill Foster, aka Golias, vivido por Lawrence Fishburne. Mas, enquanto não sabemos bem que papel a vilã interpretada por Hannah-John Kamen terá na história, uma coisa é fato: o Homem-Formiga e a Vespa serão obrigados a trabalhar juntos. E tá mais do que óbvio que a jovem filha do Dr. Hank Pym tem muito mais inclinação e vocação pro papel de heroína que o estabanado do Scott.
Agora... tira os super-heróis do circuito. Troca, sei lá, a profissão deles para “policiais”. Vamos lá. Scott Lang é um jovem aspirante a policial que tá numa vida de bosta. Cheio de dívidas, tentando consertar o relacionamento dele com a filha e provar pra ex-mulher que pode ser um bom pai. Ainda por cima, ele vai ter que provar para o seu mentor, um policial renomado das antigas, que é digno de assumir o seu papel, trabalhando em uma missão importantíssima justamente ao lado de sua filha, uma oficial talentosíssima e bastante desconfiada do potencial do novo camarada aí.
Imaginou que dava tranquilamente pra fazer este roteiro aí sem necessariamente ter o Homem-Formiga ou a Vespa envolvidos? Sem superpoderes? Sacou o potencial da coisa? HÁ. ;)
Romance sempre foi uma palavra que caminhou lado a lado com histórias de heróis, tanto da Marvel quanto da DC. Num certo ponto, HQ de herói sempre teve um temperinho meio novela. Basta lembrar de Peter Parker, Gwen Stacy e Mary Jane, ou do Clark Kent e da Lois Lane, ou ainda do triângulo amoroso Ciclope / Jean Grey / Logan... Isso sem contar que, nos gibis, o Homem-Formiga e a Vespa são MESMO um casal, ainda que em versões diferentes (Hank e Janet, no caso).
Além disso, o diretor Peyton Reed já teve sua cota de experiência com comédias românticas, vide Abaixo o Amor (2003) e Separados pelo Casamento (2006). Esta última, aliás, é um flerte intenso com o drama também e é a prova de que o cineasta sabe tratar o gênero de um jeito menos óbvio e que vai longe daqueles romances bobinhos e rasos que costumam ser associados à expressão “comédia romântica”, o filminho meramente água-com-açúcar que é melhor esperar pra ver na TV. Longe disso.
No geral, caso esta história realmente se confirme, confesso que fico BEM empolgado pra ver uma comédia romântica vinda da Casa das Ideias. Porque, afinal, pouco importa se tem ou não super-herói no diacho da trama. O que a gente quer mesmo é ver bons filmes. PONTO.
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