O ator falou sobre como a indústria está BEM atrasada em questões de representatividade
Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald tá arranjando umas tretas há algum tempo. Tudo começou com a escalação de Johnny Depp para fazer o vilão, mesmo com todas aquelas acusações de abuso contra sua ex-esposa, Amber Heard — tem até um vídeo do TMZ que mostra o ator sendo violento com ela, mas Depp continua firme no papel, com direito a ter seu trabalho defendido pela criadora do mundo de Harry Potter, J.K. Rowling (falamos mais sobre isso aqui).
Em 2007, durante uma sessão de autógrafos no Carnegie Hall em Nova York, J.K. Rowling revelou que Albus Dumbledore era gay, que havia sido apaixonado pelo “charmoso e impetuoso Gellert Grindewald” AND aquele amor teria sido sua tragédia. Isso causou uma certa comoção entre os fãs, que torciam pra ver Dumbledore realmente… sendo gay.
Com a chegada do segundo filme dessa franquia dos Animais Fantásticos, todo mundo achou que veria FINALMENTE alguma menção ao relacionamento de Gellert e Albus. Até David Yates, diretor da saga, nos contar em Fevereiro deste ano que o filme não mostrará explicitamente os sentimentos entre os dois, o que fez J.K Rowling comentar sobre a história no twitter, tão grande foi o BACKLASH. “Ser xingada por uma entrevista que não me envolveu, sobre um roteiro que eu escrevi mas nenhuma das pessoas raivosas leu, que faz parte de uma série de 5 longas com apenas um lançado é obviamente bem divertido, mas sabe o que é ainda *mais*?” e completou com um GIF do rapper Lil Yachty apertando um botão de “mudo” de um controle remoto.
Eles descobriram recentemente que pessoas negras existem no mundo. Maltrataram mulheres de todos os jeitos possíveis ao longo de sua trajetória. Homens gays não existem.
Sir Ian Mckellen, em uma entrevista para a Time Out, mostrou que também tá puto com essa história. Ele falou sobre ser confundido frequentemente com Michael Gambon, ator que interpreta Dumbledore nos cinemas e, quando perguntaram a ele sobre o personagem não ser abertamente gay nos cinemas, falou sobre como a indústria SEMPRE negligencia minorias. “É uma pena. Bem, ninguém busca Hollywood para comentários sociais, né? Eles descobriram recentemente que pessoas negras existem no mundo. Maltrataram mulheres de todos os jeitos possíveis ao longo de sua trajetória. Homens gays não existem.”, falou acidamente. E continuou: “Gods and Monsters [filme de 1998], eu acho, foi a primeira vez que os estúdios admitiram que gays são reais, muito embora metade de Hollywood seja também.”
Ele também contou que perdeu apenas um papel por ser homossexual. “Harold Pinter queria que eu fizesse seu filme [Traições, de 1983] e me apresentou seu produtor, Sam Spiegel. Conversando em seu escritório, acabei dizendo que iria para Nova York. Ele me perguntou se eu levaria minha família, e eu respondi ‘eu não tenho família, sou gay.’ Acho que foi a primeira vez que me revelei para alguém. E em dois minutos, estava fora da sala. Pinter demorou 25 anos para se desculpar por não ter me defendido.”
Bem, é aquela coisa de sempre: a gente pode avançar, mas não muito. Representar casais DE VERDADE e normalizar as várias orientações sexuais diferentes ainda é complicado (você pode ouvir mais sobre representatividade LGBTQ+ nesse ASTERISCO aqui). Mostrar Dumbledore como um homem gay não tem nada a ver com estereótipos, mas sim com QUEBRAR a ideia de que um relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo é algo a se esconder, vulgar, que não deve ser exposto à crianças ou a um público “sensível”.
Já passou BASTANTE da hora de parar a marginalização da comunidade LGBTQ+.
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