Lançar um filme não é fácil. Quem resolve entrar nessa, por mais que as vezes finja que esqueça, sabe exatamente o que vai acontecer. Viagens longas, eventos chatos, entrevistas que se repetem, enfim. Todo mundo tá lá pra uma promoção — alguns de um filme, outros do próprio trabalho.

Normalmente são os atores, com suas faces devidamente ASSEADAS e suas bocas esperadamente respeitosas, que promovem os filmes. Mas quando você senta pra conversar com o produtor, a conversa até parece que rende mais — a carreira dele depende daquilo tudo. Em alguns casos, claro, os papeis se invertem. Normalmente tem a ver com a importância do nome.

Kevin Feige, porém, circula pelos dois mundos. Ele não é só um produtor de filmes, ele é o chefe da Marvel Studios, responsável por essencialmente tudo o que conhecemos como Universo Cinemático Marvel hoje em dia. É por ele que passou tudo o que nós já vimos e que vai passar tudo o que ainda veremos. E cada vez mais.

Depois de todo o cansativo processo de divulgação do filme, em Abril / Maio desse ano, Feige retornou às cadeiras costumazmente desconfortáveis pra falar, OFICIALMENTE, sobre o Blu-ray de Vingadores: Era de Ultron.

BULLSHIT. Todo mundo sabe que ele tá lá pra ajudar a promover a Fase 3 e tudo o que for relacionado ao MCU. E uma dessas coisas relacionadas está a tão TEIMOSA “Fadiga dos Super-Heróis” e tudo o que o pessoal vem falando por aí — especialmente Steven Spielberg, que praticamente selou o caixão do ~gênero, ao compará-lo com os filmes de BANG BANG que nossos pais assistiam.

“O Westen durou 40, 50 anos, e ainda volta, às vezes. Já faz o que, uns oito anos desde o lançamento do primeiro Homem de Ferro, que é o começo do Universo Marvel Cinematográfico? Vai ver que [os super-heróis] vão durar uns outros 42 anos”, respondeu Feige numa entrevista ao IGN. “Em 2002, 2002, 2003 tinha dois, três filmes da Marvel por ano, e eu ainda acredito na mesma coisa. Enquanto aqueles filmes que controlamos continuarem tão bons quanto podem ser, é tudo que me importa. Eu penso que estamos mandando bem. Estou bem confiante que os filmes que anunciamos, que vem por aí, serão surpreendentes, diferentes e únicos”. Viu, Zack Snyder? :P

“Eu digo muito isso: eu não acredito no gênero de histórias em quadrinhos. Eu não acredito no gênero dos super-heróis. Eu acredito que cada filme pode ser único e diferente”, conclui. Pelo jeito, Señor Feige tem lido bastante o JUDÃO. ;)

SERPENT SOCIETY era só um nome pra desbaratinar... NÃO SE ASSUSTEM. :D

Num Q&A realizado em Los Angeles, ao lado do produtor Jeremy Latchem, Feige continuam não medindo (muito) as palavras na hora de responder as perguntas — o que, aliás, acontece normalmente sempre que ele está na posição de entrevistado, AINDA BEM. :)

Além de falar sobre a chegada do Homem-Aranha ao Universo Marvel dos cinemas – e deixar claro que tem Plano B pra tudo, até pro caso de a Fox liberar os Mutantes e o Quarteto Fantástico, Feige comentou que os eventos da Guerra Civil “vão deixar as coisas mais pessoais”, que Tony Stark está “tentando ficar mais esperto” e que Steve Rogers, depois dos rolos com a SHIELD e o Conselho de Segurança Mundial, diz que “Não podemos ouvir mais ninguém. É assim que a corrupção começa”.

Corrupção? Falta de confiança em soluções que “protegeriam” o mundo? Bom, a Guerra Civil dos quadrinhos dialogava bastante com o mundo no qual foi publicada (em 2007), então essa fala do Feige parece ter bastante relação com o mundo de hoje. Fica claro que, apesar das mudanças de foco em relação ao material original, Capitão América: Guerra Civil ainda será um filme bem político.

E, não sei, isso pode ter relação também com uma certa agência que surgiu em Agents of SHIELD – e com as falas do presidente no primeiro episódio da terceira temporada.

Sim, eu tô misturando TV com cinema, até porque já tá bem claro que é assim que a Marvel diz que brinca. Inclusive, no mesmo Q&A, Feige foi questionado sobre vermos referências de fatos das séries nos filmes, e não só o contrário. “Eu penso que isso é inevitável”, disse o cara. “Mas os calendários nem sempre se encaixam. É mais fácil pra eles [Marvel Television]. Eles são mais rápidos e ágeis para produzir coisas do que nós, isso é um dos motivos de você ver as repercussões de Soldado Invernal e Era de Ultron na série”.

“Mas, seguindo em frente e na medida que eles fazem mais séries, e escalam grandes atores nelas, particularmente no caso de Demolidor, isso deve acontecer”, continuou o presidente da Marvel Studios, deixando bem claro que, ao menos no discurso, ele adoraria contar com o Homem Sem Medo num de seus filmes – como dizem que pode acontecer em Guerra Civil. Porém, ele insiste: o timing diferente das duas mídias atrapalha. “Quando estamos começando a fazer um filme, eles tão na metade de uma temporada. Quando o filme sai, eles vão ter terminado com a segunda e iniciado a terceira. Não é fácil encontrar o timing correto”.

O vilão do Homem-Aranha inclusive já tá prontinho. ;)

Talvez pra isso faça sentido tentar casar os planejamentos com mais antecedência. Agents of SHIELD parece estar fazendo isso, lidando com os Inumanos, que só ganham um filme lá em 2019. É o que acontece desde sempre com os filmes, também. Se Homem de Ferro serviu como um balão de ensaio do que poderia vir no futuro, Homem de Ferro 2 foi o filme em que toda a história que estamos acompanhando, hoje, surgiu. Foi tudo, aos poucos, construído pra isso. E, quando acabar a Fase 3 com Vingadores: Guerra Infinita – Parte 2, o que ficará para ser contado na Fase 4?

Bom, também perguntaram isso, mas ainda bem que tinha o Latcham lá pra não deixar o Kevin Feige sozinho nas explicações. “Bem, eu acho que definitivamente será o fim pra alguma versão da equipe que conhecemos como Vingadores. Vai saber o que vai acontecer exatamente naquele filme, mas acho que essa versão da equipe — e eu penso que nós começamos a dar algumas dicas no fim de Era de Ultron, de que a equipe vai evoluir”. Basicamente, o que eles querem fazer é que a equipe sempre esteja mudando, com heróis saindo, entrando, voltando... Além de ser um conceito extremamente fiel aos quadrinhos, também evita que um, dois ou três atores/personagens representem sozinhos algo que deve ser maior que eles. “Mas as ideias e ideais que fazem os Vingadores vão continuar lá”.

Na Fase 4 é provável que vejamos uma formação bem diferente pro time. Vem aí gente como o Homem-Aranha, Doutor Estranho, Pantera Negra, Miss Marvel e tantos outros, então pode ser algo empolgante. Ainda mais se seguirem uma linha com duas encarnações dos Vingadores ao mesmo tempo, como aconteceu durante e após a Guerra Civil dos quadrinhos — com o time oficial e o renegado.

Se você se lembrar bem, já surgiram muitos rumores sobre futuras versões dos Vingadores e como elas se encaixariam na Fase 3 e em seu final. Como dá pra ver nesse discurso todo, mesmo que parte dos rumores sejam verdade, nenhum plano está escrito em pedra. Inclusive, Feige chegou a admitir que sim, tinham colocado a Miss Marvel no final do roteiro de Era de Ultron, como dizia o rumor que apareceu nas interwebs, “mas eu não senti que era apropriado ter essa nova personagem e esse novo uniforme saindo literalmente do nada no final da história”. “Foi bem no começo do desenvolvimento”, completou Latcham.

Entre outros assuntos, Feige respondeu que, por mais que envolva o subtítulo “Guerra Civil” e tenha um elenco enorme, Capitão América 3 é, ainda, um filme do Capitão América. Outro detalhe, desses ~curiosos, é que a Manopla do Infinito vista na sala do tesouro de Odin não é a mesma Manopla do Infinito do Thanos, que ainda tá sendo formada.

Parece que alguma ideia mudou no meio dessa história... :D

Feige ainda disse que estão sempre de olho no que o pessoal de quadrinhos tá fazendo, como a Jane Foster como Thor ou o Sam Wilson como o Capitão América, ou mesmo nos pequenos detalhes. Tudo, em algum momento, pode ser usado no cinema. “Nas coisas grandes e nas pequenas, claro, tudo começa na Casa das Ideias em Nova York”, definiu o presidente.

No fim do Q&A, Kevin Feige foi questionado sobre a possibilidade de vermos novos Marvel One-Shots, aquela série de curtas, no futuro. “Nós falamos um monte sobre isso, mas nós temos um time bem pequeno. Estamos confortáveis fazendo três filmes por ano. É apenas questão de achar a hora e o local. Temos uma reserva de ideias”.

Sempre bom ter ideias reservados. VAI QUE... :D

O Q&A na galeria serviu ainda pra apresentar um novo pôster do filme, feito por Taylor Tout. É esse aí do lado. :)