Lanterna Verde, o novo Felipão da DC | JUDAO.com.br

Nova fase do herói, que tá rolando nos EUA, o coloca como renegado e culpado pelos recentes erros da Tropa dos Lanternas Verdes – o que está rendendo histórias interessantes e uma certa comparação com os técnicos brasileiros…

SPOILER! É mais do que comum: quando um time de futebol está jogando mal, perdendo partidas e caindo pela tabela, pra quem sobra a culpa? Não é pros jogadores, muito menos pros dirigentes. Fica tudo pro coitado do técnico, que é mandado embora enquanto é xingado pela torcida, assumindo sozinho uma culpa que não é só dele. Uma história que quase sempre se repete...

Num paralelo, dá pra dizer que Hal Jordan, o Lanterna Verde mais famoso da DC, está passando pelo seu momento Felipão, sendo acusado sozinho pelos erros que cometeu e transformado em um renegado – e sem anel. E sem Tropa dos Lanternas Verdes. Mas com um novo uniforme.

Esse é o novo status quo do herói esmeralda em Green Lantern #41 e #42, publicados, respectivamente, em junho e julho como parte do relançamento da editora nos EUA, na fase chamada DCYou.

Pra você entender como Hal Jordan chegou nisso tudo, é importante voltar um pouco no tempo – e, aqui, aparece o problema da nova fase, porque exige um conhecimento prévio até mesmo dos novos leitores, que são o foco de qualquer relançamento. Resumidamente: a vida não andava nada bem pra Tropa e pros Guardiões do Universo. Muita merda aconteceu, indo desde a destruição de OA ao assassinato dos Guardiões do Universo pelo Sinestro. Atualmente, os habitantes de todo o universo enxergam os Lanternas Verdes como agentes ruins, que mais atrapalham do que ajudam ao patrulhar os planetas. Tipo a PM, só que em escala galática.

Hal, que foi elevado ao posto de líder da Tropa dos Lanternas Verdes pelos novos Guardiões, até tenta, mas é muita merda acontecendo ao mesmo tempo.

Eis então que os Guardiões, igualzinhos a qualquer dirigente de futebol brasileiro, pensam em uma estratégia para tentar melhorar a imagem da Tropa: culpar Hal Jordan. E aí fica como se os 7 a 1 levado pelos coleguinhas que ele comandava fossem apenas culpa dele, e não também dos próprios Lanternas e, principalmente, dos antigos e novos anões azuis no comando. Ao menos eles explicaram todo o plano pro cara e, em Green Lantern #40, o nosso herói se rebelou contra os companheiros de Tropa, abandonando o anel, roubando uma antiga Manopla criada por Krona e atacando Kylowog numa luta de cartas marcadas. Dessa forma o terráqueo ficou como o “errado” nisso tudo, indo embora e, teoricamente, levando toda a imagem ruim junto dele.

Depois Hal não vai pra China ou pro Rio Grande do Sul, mas passa a vagar pelo universo, tentando fazer as coisas do jeito que acha correto. Só que agora ele viaja por aí com uma nave espacial (que tem uma inteligência artificial, tipo a Siri ou a Cortana) chamada Darlene, além de usar a manopla com energia verde, da força de vontade, tal qual um anel energético. Essa manopla é uma espécie de protótipo dos anéis e usa a energia contida numa bateria que vai nas costas do usuário, sem precisar ser recarregada.

Juntando tudo isso e a falta de BARBEIROS no espaço, Hal Jordan ganhou um novo visual, cortesia de Billy Tan e Mark Irwin.

Green Lantern

Apesar de ainda ser o mesmo Hal de antes, as histórias da nova fase, escritas por Roberti Venditti, agregam uma nova dinâmica pro herói. Parece, no final de tudo, uma espécie de Han Solo da DC, mas sem a parte de ser caçador de recompensas. Aliás, dá pra sentir Star Wars pulsando nas páginas dos dois gibis da nova fase.

O que ajuda a dar mais veracidade é que o Lanterna Verde é um personagem que aceita bastante coisa, inclusive essa pegada “bad boy contra a vontade”. Hal já ficou exilado no espaço, brigou com a Tropa, abandonou o anel, usou jetpack, foi substituído pelo John Stewart e o Sinestro, pirou e virou vilão, além de já ter cruzado os EUA com HQs bem pé-no-chão ao lado do Arqueiro Verde. Ser um Han Solo da vida não parece ser algo tão absurdo assim.

Só que, claro, isso ainda é o Universo DC: Hal vai ter que lidar com algum grande problema, que está transformando planetas inteiros em pedra (outro enredo que já vinha rolando pré-DCYou) e o sumiço de Mogo (o novo lar dos Lanternas Verdes, depois do fim de OA) junto com toda a Tropa e os Guardiões, algo que está sendo contado em um novo gibi mensal, Green Lantern: Lost Army.

Além da arte estar muito boa e dinâmica, o novo status quo é interessante e, de certa forma, encaixa com a personalidade do Hal Jordan. Por outro lado, há diversos elementos que não são inéditos pra um arco do personagem, como sumir com os Guardiões do Universo, com a Tropa, Hal Jordan odiado e até ~matar o Kylowog são coisas que já foram feitas. Mas, como nada se cria...

No final temos uma boa história, que vai divertir, mas não vai ser nada memorável. Eventualmente a Tropa vai voltar, Hal Jordan vai reassumir o anel energético e a fase com-manopla-e-renegado vai ser tão lembrada quanto, sei lá, a época que o Flash usava uniforme azul e tinha cicatriz no rosto.

Claro, afinal (quase) sempre o técnico demitido é recontratado, até porque ninguém vai lembrar, em primeiro lugar, o motivo pelo qual ele foi mandado embora...

Aliás, e o Dunga, hein?