Longe do melhor que a Pixar poderia fazer, Procurando Dory é tipo um abraço <3 | JUDAO.com.br

Não é de hoje que o estúdio dá umas escorregadas, mas pelo menos dessa vez o coração do filme sustenta tudo :)

A Pixar tem em volta de si, não sem razão, essa aura de intocável, que tá sempre certa de algum jeito, de que as pessoas nem entraram no cinema e já tão chorando, que os Carros são na verdade a exceção que comprova a regra, enfim. Anúncio de um filme protagonizado pela Dory, aquela de Procurando Nemo? Sim, por favor! Quem se importa que a nossa querida Cirurgiã-Paleta não era muita coisa além de um alívio cômico no primeiro filme? Com todo aquele carisma, queremos um filme dela AGORA.

Pois agora temos. E mesmo que acabe se perdendo no clímax da história (sem trocadilho por aqui), Procurando Dory é aquela sequência que parece mais um abraço, tamanho o carinho e cuidado que tem com quem assiste — exatamente como o primeiro filme, tocando em assuntos complicados como doenças mentais de maneira leve e honesta.

Dory tem aquela coisa de perder a memória recente, então seus pais fazem de tudo pra que ela consiga ter uma vida normal, criando mecanismos pra que ela consiga manter na cabeça algumas coisas importantes, como a explicação do seu problema ou como voltar pra casa.

Óbvio que alguma merda acontece e não só ela não consegue se lembrar do caminho de volta pra casa como chega num ponto que sequer se lembra que se perdeu. Procurando Nemo e um ano depois, uma migração de arraias ativa uma memória que a faz se lembrar de onde veio e ter uma vontade quase incontrolável de voltar pra casa, sem saber exatamente o motivo.

Marlin, outro peixe que não é exatamente saudável mentalmente (sim, ele tem depressão e sofre com ansiedade), junto do pequeno Nemo, acaba se juntando a ela nessas DESVENTURAS mar afora, na tentativa de encontrar os pais da peixinha azul e amarela.

Procurando Dory

Nesse ponto, os dois filmes são bastante similares, com vários personagens surgindo pra ajudá-la a encontrar seus pais, sendo um deles “mais velho” e “mais experiente”, cheio das ideias mirabolantes (e também sofrendo com um trauma), humanos que acabam se metendo, enfim. Nada de novo, e tudo funcionando exatamente como deve ser, até o momento em que um polvo de sete tentáculos dirige um caminhão, guiado por um peixe.

Veja, é uma animação, eu sei, animais falam, essas coisas todas. Mas sabe quando simplesmente não combina? Foge do propósito? Não atrapalha em nada, só fica um pouco... estranho. Talvez, em 2016, a Pixar não consiga mais ser tão intocável, tão”só acerta, pelas mais diferentes razões possíveis.

Ainda assim, Andrew Stanton conseguiu tocar nos pontos certos com a história e direção do filme, aqueles mesmos que forçam todo seu corpo a segurar o choro até o momento em que não adianta lutar contra. É daqueles filmes que vai te fazer se identificar com algum personagem ou situação, de qualquer maneira.

Só não chega a ser, como costumam dizer (quase) sempre que um filme da Pixar sai por aí, “o melhor do estúdio”. Tá bem longe disso, pra falar a verdade. Mas funciona. Talvez seja isso que importa, né?