Marvel Studios quer que seu Homem-Aranha curta a vida adoidado | JUDAO.com.br

Presidente do estúdio revela que o Cabeça-de-Teia terá uma pegada ao estilo dos filmes do John Hughes, o que também é muito fiel à uma das fases mais clássicas do personagem. “Don’t you forget about me…”

Dá pra dizer que a Marvel Studios adora um desafio. Se lançaram logo de cara com dois filmes, em 2008: Homem de Ferro e O Incrível Hulk. Não satisfeitos, resolveram juntar todo mundo em um projeto de universo coeso como nunca havia sido feito anteriormente, resultando em Os Vingadores, quatro anos depois. Ainda sem medo de arriscar (ou, pelo menos, sem mostrar nenhum tipo de receio), deram ao mundo os Guardiões da Galáxia e anunciaram a continuação antes mesmo do primeiro longa estrear. Daqui a pouco chega o Homem-Formiga, mas isso ainda é pouco...

Chegou a hora de criar, ao lado da Sony, uma nova versão do Homem-Aranha — a terceira em menos de dez anos. O sexto filme em quinze anos. Surpreender não é mais assim tão fácil.

Kevin Feige sabe que é um trabalho filho da puta, mas ele já tá borbulhando de amor de ideias para o Cabeça-de-Teia. Em entrevista ao Birth. Movies. Death., o chefão da Marvel Studios afirmou que o novo filme do Amigão da Vizinhança “é uma novela do colegial, e esses personagens de apoio [como Liz Allan, Flash Thompson, Ned Leeds], são interessantes. Assim como não víamos um filme de assalto há muito tempo, ou um filme sobre encolhimento há muito tempo, nós não temos visto um filme do John Hughes há muito tempo. Não que possamos fazer um filme do John Hughes – apenas John Hughes poderia – mas nós estamos inspirados por eles, e juntar isso com o gênero dos super-heróis de uma forma que nós não fizemos antes nos empolga”.

Ou seja, o recado é bem claro: veremos Tom Holland naquela pegada colégio-problemas-amigos-inimigos típica de filmes como Clube dos Cinco, Curtindo a Vida Adoidado, Mulher Nota 1000, Gatinhas e Gatões, entre diversos outros clássicos dos anos 80 até do começo dos anos 90. A diferença é que entre uma aula e outra do colégio (ou entre uma festa e outra...), Peter Parker vai ter que jogar suas teias pra salvar Nova York AND tirar umas fotos pra ajudar a pagar as contas de casa.

Isso ou, por exemplo, ele precisa matar aula num dia de provas. Mais uma aula! O diretor tá maluco com ele, que ainda tira a Mary Jane da sala, pra protegê-la. Passeia por toda Nova York, prende uns ladrões de carro, fotografa um jogo de baseball e evita um ataque numa parada, ao som de “Twist and Shout” — tudo isso enquanto Tia May acredita piamente que ele tá lá em casa, embaixo das cobertas, doente.

Não é fácil ter identidade secreta... ;D

De uma certa maneira, Ferris Bueller é um super-herói de John Hughes. ;D

De uma certa maneira, Ferris Bueller é um super-herói de John Hughes. ;D

Mas a ideia não é boa só porque os filmes de John Hughes eram ótimos, principalmente praquela galera dos anos 80 e 90 que queria criar uma mulher com o computador, mas também porque os gibis do Homem-Aranha na fase Stan Lee e John Romita tinham exatamente a mesma pegada, por mais que tenham sido publicados nos anos 60. Romita, inclusive, era um artista que tinha vindo do mundo das novelas em quadrinhos, o que deixa a referência do Feige ainda mais clara.

Tá fácil pra ninguém

Tá fácil pra ninguém

Pra deixar esse paralelo ainda mais óbvio, por exemplo, é só ver Amazing Spider-Man #50. Numa das passagens, Gwen Stacy joga um xaveco pro Peter, que não entende nada e ela pensa “oh, seu adorável bobinho! Será que não vê que é sério!?”. Em outro trecho, a Gwen chama Peter pra uma festa, mas com a tia May doente, as notas baixas e as obrigações de super-herói, ele não pode ir. Com tudo isso na cabeça, Peter Parker acaba desistindo do manto do Escalador de Paredes, mesmo que temporariamente. Sim, estou falando da clássica Homem-Aranha Nunca Mais.

Talvez tenha sido isso que faltou nos outros cinco filmes. Os dois O Espetacular Homem-Aranha até se aproximaram um pouco mais disso, mas o diretor Marc Webb preferiu mergulhar mais de cabeça numa história de amor.

Em relação aos vilões que devem enfrentar o Escalador de Paredes nesse re-reboot, Feige explica que a ideia é fugir daqueles que já deram as caras nos filmes anteriores. “Nós estamos interessados em ver vilões que não vimos antes”. Assim, o Homem-Aranha fica livre de estar cara a cara com antagonistas mais batidos, como Doutor Octopus, Duende Verde e Venom, e pode lutar contra outros caras malvados da sua longa lista de inimigos, como o Abutre, Camaleão ou Kraven – ou até mesmo o imbatível e inigualável METALÓIDE. Isso também não impede de Harry e Norman Osborn estarem presentes, mas mais como personagens de apoio do que qualquer outra coisa.

No final, se o Homem-Aranha pode ser qualquer um, que seja divertido. E isso era algo que John Hughes sabia fazer. ;)