Bom, o crossover entre as duas séries vai mesmo acontecer. Resta saber se estes dois mundos que vão colidir são na verdade um só ou dois diferentes :D
Era questão de tempo, vai. Por mais que a série da Supergirl esteja na CBS e o restante do chamado Arrowverse (Arrow, The Flash, Legends of Tomorrow) role na telinha do CW, é tudo criação da dobradinha Greg Berlanti e Andrew Kreisberg. Até a fórmula da história da prima do Superman tem praticamente os mesmos elementos que a gente nota nos mundinhos de Oliver Queen e Barry Allen – a kryptoniana tem seu próprio time de especialistas/gênios científicos/hackers nos bastidores do combate ao crime e uma “batcaverna” para chamar de sua (que não é tão bacana quanto os Laboratórios STAR ou aquele porão estiloso debaixo da sede de campanha do Oliver, mas tá lá).
Logo, era de se esperar que o crossover fosse mesmo acontecer, né? Os fãs pedindo, os atores falando que iam achar do caralho... E faz mais sentido, pelo menos neste momento, que o encontro seja entre Kara e o Velocista Escarlate, antes mesmo de colocar o Arqueiro Verde na jogada. O tom das duas séries é mais similar do que o de Arrow – que, nesta quarta temporada, está mais suave e descontraído mas, ainda assim, tem uma pegada diferente, mais noturna, mais Batman. Flash e Supergirl têm muito dos gibis da DC da Era de Prata, com altas doses de humor e fofura (<3).
Além disso, o nome do episódio de Supergirl em que eles vão se encontrar, dia 28 de março, já dá a dica do que a gente vai poder ver: Worlds Finest.
Grant Gustin, Greg Berlanti e Melissa Benoist
Título utilizado para batizar uma revista clássica da DC, publicada em encarnações diferentes de 1941 a 1986, geralmente trazia encontros entre o Homem de Aço e o Homem-Morcego. Mas foi nesta revista que rolou, em 1970, a terceira – e mais emocionante – das corridas entre o Flash e o Superman (as outras duas foram em Superman #199 e Flash #175, ambas publicadas em 1967). Afinal, estamos no mundo dos gibis, não dá pra dormir sem definir qual dos dois é o mais rápido, ainda mais com um grupo de ETs que se movem na velocidade da luz ameaçando o tecido espaço-tempo (sério)!
Talvez uma ameaça alienígena, como é comum na série da Supergirl, leve a um evento midiático no qual a campeã de National City e o campeão de Central City se enfrentem. Cat Grant iria adorar! :D
Outra ligação entre Flash e Supergirl nos quadrinhos, essa mais direta e mais triste, é a Crise nas Infinitas Terras. Durante o grande crossover, as versões da Era de Prata de Kara e Barry morreram ao tentar derrotar o Anti-Monitor. Claro que isso tá muito longe de acontecer na televisão, pra nossa sorte. :)
Mas uma pergunta permanece no ar, no entanto: afinal, como a Supergirl da TV se encaixa no mundo do Flash – e vice-versa?
A gente pode simplesmente ir pelo lado mais fácil e assumir, vejam vocês, que apesar das emissoras diferentes nos EUA, a Supergirl existe no mesmo Arrowverse de Flash e do Arqueiro. Podemos levar em consideração que o Superman, mencionado extensivamente ao longo da série da prima, nunca foi citado em Flash/Arrow. TAMPOUCO o Batman. Verdade, verdade. Só que isso não significa que eles não existem, né? ;)
Recentemente, num dos comerciais de TV de Legends of Tomorrow, o viajante do tempo Rip Hunter fala a respeito do “Homem de Aço e o Cavaleiro das Trevas”. E em A.W.O.L., episódio de Arrow exibido na semana passada, quando Felicity Smoak volta à ativa mesmo paraplégica e Oliver resolve criar um codinome para ela (Overwatch), vem a piada: “Ia usar Oráculo, mas este já tem dona”. Significa? :) Além disso, aqueles mais atentos devem ter reparado que o filho há muito afastado de Cat Grant em Supergirl, Adam Foster, vive em Opal City – que, vejam vocês, já tinha sido citada em Broken Arrow, episódio da 3ª temporada de Arrow e que, curiosamente, é o primeiro no qual Oliver enfrenta oficialmente um meta-humano.
Já fizeram isso com Constantine, por exemplo, trazendo o rejeitado personagem (incluindo aí o mesmo ator, Matt Ryan) diretamente da NBC para o centro do Arrowverse – aliás, seu encontro com Oliver Queen nos flashbacks e a tal “tatuagem mística” que ele deu de presente ao herói esmeralda aparentemente devem ser cruciais para a resolução do conflito com o vilão Damien Darhk. Tá certo que a parada é diferente aqui, Constantine já tinha sido cancelada, enquanto Supergirl tem bons índices de audiência e um final de temporada pela frente... Mas, ainda assim, é uma possibilidade que não se pode descartar: Berlanti e Kreisberg querendo manter tudo debaixo do mesmo guarda-chuva.
No entanto, todo o conceito de viagem para terras paralelas que vem se desenvolvendo em The Flash talvez sirva exatamente para que a dupla se encontre sem precisar, necessariamente, criar uma conexão entre os universos da CBS e do CW. Como o ComicBook.com percebeu, o título do episódio é Worlds Finest – sem o apóstrofo que era usado no título da revista antigamente (World’s Finest). Talvez seja um encontro não apenas metafórico entre os melhores de dois mundos (suas séries, no caso), mas sim LITERAL: cada um teria vindo de uma Terra diferente.
Ao final de Fast Lane, episódio desta semana de The Flash, Barry decide que vai encarar a ameaça do Zoom de frente e ir para a Terra 2, ajudando diretamente no resgate da filha do Harrison Wells daquela realidade. Vai que o encontro com a Supergirl rola exatamente como resultado DIRETO desta viagem? A Supergirl ser da Terra 2 pode não ser a coisa na qual a gente acreditaria mais, já que estamos falando de um mundo inteiro ameaçado pelo Zoom, coisa e tal, e a Garota de Aço, poderosa como é, poderia tranquilamente voar de National para Central City e chutar o seu traseiro ultraveloz.
Mas e se o mundo da Supergirl – e do Caçador de Marte, não vamos nos esquecer – for na verdade uma TERCEIRA Terra? E usando os portais que o #TeamFlash começa a entender agora como controlar/conter, eis que eles descobrem oooooooooooutra versão paralela de nosso mundo? A Supergirl estaria na Terra 3, portanto. Ou algo assim — já que, nos quadrinhos, a Terra 3 é ocupada por versões vilanescas dos heróis, mas quem disse que a TV precisa ser LITERAL em relação aos gibis, né?
Talvez esta seja a decisão que mais está alinhada não apenas com o que vem acontecendo com a DC na telinha, mas também na telona. Ainda em 2014, quando questionado a respeito da integração entre os mundos da TV e do cinema, da mesma forma que a Marvel faz com Agents of SHIELD/Agent Carter, Geoff Johns, o Chief Creative Officer da DC, foi categórico: “Não vamos integrar estes dois universos”, disse, conforme reportagem do IGN.
“A TV é um universo separado dos cinemas para que os cineastas não fiquem presos e possam contar a melhor história possível em seus filmes”, explicou Johns. “Vamos explorar um pedaço diferente do Universo DC”. Ele ainda continuou, dizendo que “veremos um monte de personagens da DC em Flash e em Arrow. Veremos o Eléktron, o Nuclear, mas nada de Batman ou Superman por enquanto”.
Mas... isso tudo foi muito antes da série da Supergirl sequer existir, né? Portanto, tratá-los como mundos separados seria uma forma de caminhar com duas produções para canais diferentes de forma mais independente, sem uma ter que referenciar os eventos da outra. Ou ainda uma forma de criar um universo no qual exista toda a mítica do Superman, e um outro que pode continuar existindo sem ter que se preocupar com essa “sombra”. Outro detalhe é que ainda dá pra encaixar Gotham na brincadeira, imaginando que aquela Terra também faz parte da MIRÍADE de universos. Ou ainda tudo o que foi feito antes em todas as mídias. Tudo existe, nada é desconsiderado.
Sem falar que essa poderia ser a desculpa perfeita para que tenhamos Grant Gustin vivendo Barry Allen na TV, enquanto Ezra Miller será o mesmo Barry nos cinemas. Dois Flashes de Terras paralelas. E que possuem poderes para se encontrarem por aí.
O diretor e roteirista Kevin Smith, fanático declarado pela série do Flash e que, inclusive, vai dirigir um episódio dela em breve, aposta que este recurso vai sim permitir um encontro entre os Flashs de Ezra e Grant. Pouco depois de apresentar, junto com Johns, o especial de TV The Dawn Of The Justice League, Smith revelou em seu podcast, Fatman on Batman, que teve uma conversa sobre o assunto com o fodão da DC – mas que acabou cortada da edição final do programa. “Sei lá o quanto posso falar, já que isso foi editado. Mas foi algo assim, eu disse ‘Cara, a DC é conhecida por ser este multiverso, será que eles poderiam se encontrar?’. E ele soltou um ‘Ahh’. Acho que as portas estão bem abertas e coisa assim”.
Qualquer que seja a decisão, todo mundo na mesma Terra, Terra 1 x Terra 3 (ou 2 ou 4...), no entanto, o fato é que está todo mundo empolgado com o encontro entre Barry e Kara. “Isso é algo que a gente vem sonhando desde que começamos a produzir Supergirl”, disseram, em comunicado oficial, Greg Berlanti e Andrew Kreisberg.
Como tanto Grant Gustin quanto Melissa Benoist (a Supergirl) são egressos de Glee, já tem gente esperando uma piadinha envolvendo os dois cantando. Mas o que eu, como espectador assíduo das duas séries, espero de verdade é que Barry Allen traga Cisco Ramon com ele. Afinal, um encontro entre ele e Winn Schott vai render uma tonelada de piadas e referências. E se Harrison Wells vier junto na excursão, talvez Cat tenha enfim encontrado um equivalente não apenas em termos de intelecto, mas também de ego. Seria divertido de ver. :D
Possibilidades. Muitas possibilidades.