A estabilidade do mercado de HQs em comic shops nos EUA é uma boa notícia | JUDAO.com.br

Com a ajuda de um segundo semestre mais forte, os gibis americanos conseguiram se equiparar aos resultados nas comic shops em 2015, que foi um ano sensacional

Nessas horas sempre tem o copo meio cheio e o copo meio vazio. Começando pela parte vazia, então: o mercado de quadrinhos em comic shops dos Estados Unidos – aquele dominado por Marvel e DC, mas com diversas outras importantes editoras menores, como Image, IDW e Archie – cresceu apenas 0,3% em 2016, considerando o valor em dólares das vendas das editoras, de acordo com o ComiChron. Um resultado meh para algo que vinha crescendo de forma constante desde 2012 e pro tanto de filme baseado em gibis que tem estreado nos cinemas.

O copo meio cheio: o mercado de HQs nos comic shops dos EUA movimentou US$ 580,91 milhões em 2016. Sim, o crescimento foi de apenas 0,3%, mas o resultado do ano retrasado já tinha sido o melhor em MUITO tempo nessa indústria (com 7% de crescimento) e teve toda a força que Star Wars deu, algo que acabou dando esvaziada nos últimos meses. Então se equiparar a estes números é algo bom.

O importante nisso tudo é que, agora, os quadrinhos dos EUA tão numa curva pra cima

O que fez de 2016 um ano único foi a DC Comics. A editora começou mal, patinando nos péssimos resultados do DC You, que não emplacou com o público, e principalmente, com os donos de comic shops. Logo nos primeiros meses do ano a editora anunciou o Rebirth, um novo relançamento, que trouxe de volta conceitos antigos enquanto aplicou outros novos. Deu certo.

Até maio, o mês do início do Renascimento, o mercado de HQs acumulava uma queda de 5%, muito por conta dessa patinada da DC. A partir de Junho as coisas começaram a mudar, com a Marvel vendo a Distinta Concorrência assumir a dianteira do market share em Julho. Uma das grandes sacadas da DC, nesse processo todo, foi diminuir o valor das revistas mensais de US$ 3,99 para US$ 2,99. Assim, mesmo que perdendo algum dinheiro pelo caminho, a editora vendeu mais revistas em volume, meio que compensando.

Pelos lados da Casa das Ideias, o crossover Civil War II começou bem, mas não emplacou em vendas como poderia. Ainda assim, a editora manteve um bom nível de vendas durante todo o ano e, no geral, foi aquela que mais vendeu.

Só que 2016 tá longe de ser um ano só de Marvel e DC.

Esses últimos 12 meses também foram um bom momento para as tais CAIXAS, aquelas cheias de conteúdo ~nerd, principalmente pra Loot Crate, que ajudou a movimentar o mercado com os gibis colocados lá dentro — obviamente o valor por unidade acaba sendo menor, mas as editoras também ganham no volume. Por isso, a primeira edição do crossover Big Trouble in Little China/Escape From New York, da BOOM! Studios, foi a publicação MAIS vendida em 2016, com 421 mil exemplares no mês de lançamento. Em segundo ficou Civil War II #1, com 381 mil.

Aliás, já que falamos desses dois, a lista dos cinco títulos mais vendidos no ano ficou pra lá de interessante: tem Harley Quinn #1 em terceiro, mostrando não só a força do cinema mas também da personagem, seguida por Champions #1 e Batman #1.

Obviamente, entre esses títulos ARRASA-QUARTEIRÃO, as grandes editoras dão incentivos para os revendedores comprarem mais, como material de divulgação e a possibilidade de retornar um eventual encalhe, mas já tá provado que existe aí um “efeito Tostines”, com a disponibilidade maior de exemplares fomentando mais vendas para o público final.

Outro fator tem ajudado o mercado: a chamada “calda longa”, que é aquela RABEIRA da lista de mais vendidos. Gente que fica sempre nos últimos lugares, mas que, juntos, têm feito bons números ultimamente. É aí, por exemplo, que aquela coisinha chamada DIVERSIDADE mais aparece, já que estamos falando de títulos ainda mais segmentados.

Veja só: em 2015, os gibis DEPOIS dos 300 mais vendidos mensalmente tiveram 8,88 milhões de cópias comercializadas. Em 2016, esse número foi pra 9,7 milhões – um crescimento de 10%, bem maior que o resto do mercado. Pra você ter uma ideia, o Top-300 nos 12 meses passados vendeu 89,35 milhões de exemplares, crescimento de 0,2%.

Isso tudo, é claro, é apenas uma grande parte do quebra-cabeças do mercado de quadrinhos nos EUA. Enquanto o digital vem de uma queda em 2015 e não podemos esperar muita coisa de lá por agora, as vendas em livrarias tão no alto. De acordo com o Publisher’s Weekly, quadrinhos e graphic novels tiveram um crescimento de 12% nas livrarias em 2016 – isso contra os 3,3% de aumento dos livros. De acordo com estimativas do ComiChron e do ICV2, o ano retrasado tinha rendido US$ 350 milhões para as editoras de quadrinhos nas livrarias. Com esse crescimento, dá pra chegar aos US$ 392 milhões.

Números GERAIS de todos os mercados devem surgir lá pelo meio do ano, mas, nesse ritmo, as editoras têm tudo pra bater o faturamento de 2015, que foi de US$ 1,03 bilhão. Nada mau.