Uma nova Morte e Renascimento do Superman | JUDAO.com.br

Superman: Rebirth #1 traz de volta o Homem de Aço dos anos 90 ao os holofotes, mas será o suficiente?

Superman. O primeiro super-herói dos quadrinhos, ao menos oficialmente. A joia na coroa da DC, como diria Zack Snyder. O personagem que fez a DC ser a DC, afinal, sem ele, não teríamos nem o Batman.

Só que, hoje, o Homem de Aço é uma enorme dor de cabeça que a DC Comics está tentando corrigir a partir de Superman: Rebirth #1, publicado na última quarta-feira (1) e o ponto inicial da nova fase do herói dentro do atual relançamento da editora e que vem em seguida das revelações do especial DC Comics: Rebirth #1.

O motivo da preocupação é que o Azulão se tornou uma lenda muito grande. Inúmeras versões vieram a partir dos anos 1980, como aquela criada pelo John Byrne na minissérie Homem de Aço e, depois, nas HQs O Legado das Estrelas e Superman: Origem Secreta, fora um grande retcon no final dos anos 1990. De alguma forma, tantas mudanças fizeram a DC acreditar que poderia continuar voltando ao símbolo do personagem para pegar os elementos que acreditava serem mais interessantes para aquele momento, fazer um mix com o momento atual e, pronto, criar uma nova e atual versão do Superman.

Foi isso que a editora fez lá em 2011, quando promoveu o reboot de cronologia dos Novos 52: chamou o Grant Morrison pra brincar com o Supinho, refazendo-o para os novos tempos. Não sei se dá para, necessariamente, culpar o Morrison, mas a jogada não funcionou. O próprio CCO Geoff Johns foi assumir os roteiros edições depois, criando um novo poder pro personagem, e até chamaram o John Romita Jr. pra fazer a arte. Por fim, fizeram o personagem ter os poderes diminuídos e sair por aí de calça jeans. Foi o fundo do poço.

No começo de 2016, Superman, a revista, vendia algo como 37 mil exemplares na versão impressa, perdendo pra gente como Demolidor, Deadpool, Darth Vader, Surfista Prateado, Guardiões da Galáxia... Action Comics ia ainda pior: com cerca de 30 mil exemplares, estava atrás também de Miss Marvel, Lanterna Verde, Agents of SHIELD, Mulher-Maravilha...

Muito pouco para o primeiro super-herói.

Superman-Rebirth-CoverDe forma corajosa, a DC percebeu que era hora de não reinventar o Superman, mas de resgatá-lo. Voltaram as atenções para Superman: Lois & Clark, um título que vendia ainda pior, mas que era estrelado por um Homem de Aço mais velho, que vivia nas sombras e, na realidade, era aquele dos anos 1990/2000, trazido para o novo Universo DC após o crossover Convergência. Este seria o “novo-velho” Superman, enquanto o dos Novos 52 deveria morrer.

Só que aconteceu uma coisa curiosa: com a data de morte marcada (e com os poderes novamente em seu máximo), o novo Homem de Aço funcionou. The Final Days of Superman foi, de forma geral, um arco escrito com o coração por Peter J. Tomasi. Finalmente a DC encontrou o tom para o novo Superman – só que, ironicamente, no conto de sua morte.

E aí chegamos a edição da semana passada. O Kal-El dos Novos 52 está morto, enterrado. Enquanto o velho Superman tenta fazer algo para reviver seu doppelgänger, encontra a Lana Lang deste novo mundo e, junto dela, vai relembrando tudo o que aconteceu num universo que não existe mais.

Todos os elementos dos anos 1990 estão lá nesses flashbacks: a luta contra o Apocalypse, a morte, o Retorno, a luta contra Mongul e o Ciborgue Superman, os cabelos compridos... É como se toda a cronologia a partir de Homem de Aço, a HQ, voltasse a valer, mesmo que por linhas tortas. Em certo momento, o Superman das antigas cita a existência dos cristais na Fortaleza da Solidão, um conceito de Superman – O Filme que, na verdade, só foi incorporado aos gibis há alguns anos, em Superman: Origem Secreta.

Mas Superman: Rebirth #1 não é só feito de memória. Há também uma história no presente, com o velho Superman tentando descobrir uma forma de fazer o novo voltar à vida. Não dá certo. É hora, então, de voltar a vestir o COLLANT azul e a capa vermelha.

A HQ funciona melhor que o especial responsável por abrir o Rebirth, principalmente porque não tenta forçar uma nostalgia ou algo assim. Na verdade, o gibi apresenta o passado e o futuro do Superman para o leitor de qualquer perfil, seja quem tá começando agora, quem só leu Os Novos 52 ou quem parou de ler há muitos anos. O roteiro de Peter J. Tomasi e Patrick Gleason consegue atingir todo mundo da mesma forma.

Há uns problemas, claro. Um de continuidade: o especial define que o Apocalypse dos Novos 52 não matou o Superman antes – algo que foi bem polêmico nos últimos anos, com roteiristas diferentes (no caso, Morrison e Charles Soule) colocando no papel que esse fato teria e não teria acontecido. Também falha por não ditar nada, nadinha do que vem a seguir, de um grande perigo ou um grande vilão. Falta isso pra instigar um pouco mais o leitor a acompanhar o que virá a seguir nesse relançamento.

Superman

O que fica, no final, é uma confissão da própria DC – feita também no lançamento do Rebirth pelo co-publisher Jim Lee – de que nunca deveriam ter feito o reboot, muito menos trocado o clássico Homem de Aço por uma versão nova. E também a promessa de que, a partir de agora, teremos mais esperança e menos pessimismo nos gibis do herói.

Só que repito, mais uma vez: tudo isso só vai se sustentar com boas histórias, independente da nostalgia e da correção de rumos – caso contrário, só teremos mais uma morte, renascimento e retcon em vão. E é esse o desafio que começa no dia 15 de Junho, quando Superman #1 for publicado.