Mulheres Alteradas é legal... mas poderia ser muito mais coisa. | JUDAO.com.br

Falta de diversidade é um balde de água fria no longa

Mulheres Alteradas é baseado na série de quadrinhos homônima da argentina Maitena. Ali, são abordadas, em esquetezinhas, questões que deixam mulheres PUTAS da vida, como machismo cotidiano, falta de respeito e consideração por suas tarefas, o ofício de ser mãe e todas as expectativas doidas que nos cercam. No filme, brasileiro, acompanhamos as histórias da vida de Keka (Deborah Secco), Marinati (Alessandra Negrini), Sônia (Monica Iozzi) e Leandra (Maria Casadevall), que estão passando por fases complicadas de suas vidas.

Destacam-se bastante a fotografia e a direção de Luis Pinheiro. É bem bacana! As cores são brilhantes, os planos são muito bem feitos e muita simbologia é usada como recurso narrativo. As atuações por vezes são super cartunescas, o que cai MUITO bem em uma história assim. As quatro trazem uma representação ótima dos sentimentos que representam, e o destaque fica com Deborah Secco que nos mostra bem DEMAIS uma pessoa que tem uma personalidade aguada e cansada pelo desgaste de um relacionamento muito ruim.

O roteiro sabe costurar bem as narrativas diferentes. Existe ali uma desmistificação de certas instituições tradicionais como casamento e maternidade, e enxergamos mulheres que realmente são protagonistas e bem reais. Mas… a falta de diversidade é gritante PRA CARALHO. Não há uma pessoa negra (e olha que algumas cenas são na Bahia!), oriental ou de qualquer outra origem não-branca no elenco. Os únicos personagens que não são magros são o alívio cômico. O único momento em que há uma menção LGBTQ+ é de uma maneira exotificada, com um gostinho de “mulheres só ficam com outras pra fazer uma loucurinha”. E isso dá uma BELA enfraquecida no longa.

Mulheres Alteradas tem um ar fresco, é bem produzido, divertido, com um discurso feminista bem legal e que não cai em estereótipos ofensivos. Ele MERECIA ter mais espectadoras se identificando. Parece que é um sonho distante ver obras inclusivas de verdade. Com uma mulher diretora, gente diferente em cor de pele, cabelo, formato do corpo e orientação sexual. Enfim, diverso como é o mundo, né? ¯\_(ツ)_/¯