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Estivemos no show do Muse em São Paulo no último sábado e tudo fez mais sentido quando passamos a ENXERGAR o som dos caras

Me gusta pra carajo o som do Muse. Um empurrão com os pés nas costas, um murro na cara pra acordar. É bom pra trabalhar ouvindo, é bom pra se concentrar... É bom pra fazer qualquer coisa. Fazer, mesmo. Não é SÓ um som pra ser ouvido. Não dá pra dizer, por exemplo, que com um álbum do Muse você faz uma audição.

Mas eu só fui entender a razão disso no show dos caras em São Paulo, no último sábado (24). Foi vendo, pela segunda ou terceira vez, os caras fazendo o que fazem que eu entendi que aquele som é VISUAL. Não é só música... Você enxerga o que os caras tão tocando. E mesmo com o estádio relativamente vazio (as arquibancadas superiores acabaram nem sendo abertas e as inferiores não lotaram, mesmo assim) e a galera saindo do chão de fato em poucos momentos, a ligação do quarteto (bom, OFICIALMENTE é um trio...) com o público era direta — estivessem encostados nas grades, aproveitando os espaços vazios, sentados nas cadeiras ou em pé, no meio da muvuca, em frente ao palco.

Pontualmente às 19h59, os brasileiros do Maglore entraram no palco pra preparar o terreno. Não sei se deu muito certo, com as luzes acesas, muita gente chegando e um nome pouco conhecido. Mas quem parou pra ouvir, sendo fã do Muse, curtiu. É um som gostoso, combinava com o que veria a seguir. Uma pena que, com eles, ficou um pouco difícil de entender o que era cantado, mas valeu a pena.

NORMALMENTE, shows em estádios no Brasil são de bandas que vem pra cá resumir o melhor da carreira, com muito pouco ou quase nada dos últimos trabalhos. É compreensível, aliás: ficam tanto tempo sem vir, que o que se espera é um resumão pra galera ouvir pela primeira vez, ao vivo, músicas que provavelmente marcaram suas vidas. O Muse, porém, dedicou quase 1/3 do show pra canções do último álbum, Drones... E é como se fossem, já, grandes clássicos.

Eu não parei, ainda, pra ouvir o álbum. Mas, na rádio inglesa que ouço diariamente, sempre toca Muse... E é como se eu tivesse ouvido o disco em looping. Eu fui um dos que respondeu “Aye, sir!”, quando um militar apareceu nos telões perguntando se somos drones humanos, máquinas de matar e se entendemos que ele está no controle agora, com Psycho, a primeira música da noite.

Foi surpreendente, pra mim, perceber que Mercy, que abriu o bis cheio de papel picado e em tom APOTEÓTICO, preparando para Knights of Cydonia, também era de Drones. Porque essa eu sabia cantar cada vírgula... Ou alguma coisa aconteceu que me fez agir como se soubesse — e, sinceramente, não me surpreenderia se fosse o caso, mesmo. :)

Reapers, The Handler e Dead Inside, foram as outras músicas de Drones, que se misturaram com canções de outros oito álbuns — inclusive Muscle Museum, do primeiro álbum da banda, Showbiz, apresentada como “uma das antigas”, uma das poucas interações diretas com público feitas por Matthew Bellamy.

Muse

Madness chegou preparando a galera pro fim da apresentação, seguida de Supermassive Black Hole, a “minha músicaaaa!” de muita gente ali do meu lado, e Starlight, que entregaram para Uprising e os balões gigantescos que surgiram da parte de trás do estádio, unindo todas as tribos, como fez o Norvana um dia, resultando num descanso de não mais do que dois minutos, pra todo mundo absorver o que quer que tenha sentido naquele momento.

É um show curto, de apenas 1h30, quase que cronometrados, mas que pra quem já conhece a banda são, se não o suficiente, como se fosse muito mais tempo. Culpa daquela ligação direta, que não toca uma música apenas pros ouvidos, mas faz o corpo todo sentí-la e os olhos enxergarem.

Um tipo de apresentação que eu acompanharia absolutamente todas as vezes. E tenho certeza que, quem esteve por lá, diria o mesmo.