No mundo real, James Bond não seria mais um agente do MI6 | JUDAO.com.br

Inteligência Britânica abriu processo seletivo pra novos agentes, mas já avisou: não adianta querer bancar o 007 por lá

Já pensou em ser um agente à serviço secreto de Sua Majestade? Bom, digamos que esse sonho está bem mais perto agora: pela primeira vez o Secret Intelligence Service (SIS) – mais conhecido como MI6 — está iniciando uma grande campanha de recrutamento para formar novos oficiais. Sensacional, né?

Mas nem pense em chegar lá querendo bancar o James Bond, achando que vai explodir tudo e pedir um Martini no final. Se fala isso durante o processo seletivo, eles não vão te contratar.

Quem diz isso nem sou eu, mas sim uma fonte do MI6 ao BuzzFeed. Aliás, essa fonte foi ainda mais longe: o PRÓPRIO James Bond não teria espaço nas fileiras deles. “O serviço que ele representa não é a realidade moderna. Trabalho em equipe é fundamental para a capacidade do SIS para entregar inteligência, e heróis trabalhando sozinhos raramente conseguem alguma coisa”, disse a tal fonte – que, DIGNIFICANDO o fato de ser do Serviço Secreto, não teve o nome divulgado. SeEEeeEeecrets.

Na linha dessa coisa de “mundo moderno”, a campanha de recrutamento do MI6 tem como foco a “inteligência emocional” ao invés de alguma habilidade acadêmica ou o fato de você ter viajado todo o mundo. “Ter um alto grau de inteligência emocional é tão importante para a SIS quanto o nível de escolaridade. Eles querem pessoas com real paixão pelo relacionamento humano, pela compreensão dos outros, e por lidar com a complexa natureza das relações humanas”.

James Bond

Se você pensar bem, a evolução faz sentido. O 007 é uma cria de outros tempos, surgido da mente do escritor Ian Fleming, que era oficial da Marinha. Fleming participou da Segunda Guerra Mundial e teve contato direto com o MI6. Depois, acompanhou de perto o surgimento de uma nova realidade mundial, dividida entre os Estados Unidos e a União Soviética.

Foi toda essa experiência que fez com que Fleming começasse a escrever seus livros, criando James Bond. O personagem carrega nas costas a visão dessa época, dividida pela Cortina de Ferro, e inspirado em agentes da Segunda Guerra Mundial. De certa forma, Fleming passou a levar a sério aquela velha história de “imagina se um homem, sozinho, tivesse conseguido matar Adolf Hitler antes de toda aquela loucura começar”. Na prática, 007 matava genocidas em potencial e malucos do tipo antes que eles se tornassem uma ameaça maior, como o ex-ditador alemão se tornou.

Naquela época ninguém se preocupava com inteligência emocional, com o que o agente pensava antes de apertar o gatilho. Era tudo uma questão de seguir ordens – ou, no máximo, o FEELING. De 2001 pra cá, ficou cada vez mais claro que agir assim não resolve o problema, apenas piora. Al Qaeda, EI e tantas outras instituições terroristas surgiram principalmente pela política de repressão das grandes potências.

Ninguém mais quer alguém que resolva tudo sozinho, que seja o herói. Mas sim que trabalhe em conjunto, agregando visões diferentes para fazer valer o nome “inteligência”.

Não dá pra negar que os últimos filmes do 007 tentaram agregar um lado mais “agente como a gente” (SACOU? HEIN?) ao personagem, com uma origem, um lado emocional – e até com o coração batendo mais forte por algumas Bond Girls. Mas é fato que James Bond funciona como personagem de ficção ainda por sua licença para matar e por resolver toda e qualquer treta na porrada.

“Explore o lado humano da inteligência global”, é o mote da campanha. “E seja mais humano”, eu completaria.

Bond, foi mal, mas você vai bombar nesse processo seletivo.