“Eu sempre tive ansiedade, tanto a mais leve do tipo ‘eu tou ansioso sobre isso’, quanto a que me colocou em níveis muito mais escuros do espectro, o que não é divertido”
Você vê o Ryan Reynolds sendo maravilhoso e divertidão quando o assunto é Deadpool e nem imagina que, dentro da cabeça dele, as coisas não funcionam como — em teoria — deveriam funcionar.
O ator canadense, que já começou os trabalhos de divulgação de Deadpool 2 com a imprensa, deu uma entrevista ao New York Times onde revelou que, tal qual este que vos escreve e tanta gente que eu e você conhecemos, sofre de ansiedade. “Eu sempre tive, tanto a mais leve ‘eu tou ansioso sobre isso’, quanto a que me colocou em níveis muito mais escuros do espectro, o que não é divertido”.
Tudo começou quando ele ainda era criança, com aquele que Reynolds chama de “dispensa de stress da nossa casa”, seu pai, morto em 2015. “Eu me tornei esse jovem micro manager coberto de pele”, conta o ator, que fazia o que podia pra evitar que o Sr. Reynolds se irritasse. “Quando você estressa crianças, rola esse paradoxo bizarro que acontece porque eles de repente tão lidando com coisas que eles não deveriam lidar”.
O Ryan Reynolds faz, aqui, é algo que está longe de culpar seu pai — quem ele enxerga como o responsável por tê-lo feito se ENVEREDAR na comédia, apresentando grandes mestres e clássicos, além do mecanismo de auto-defesa que ele criou, tirando humor das piores coisas — mas sim reconhecer a raiz dos problemas, o primeiro passo pra conseguir solucioná-lo ou lidar com ele. Até porque, como dizem por aí, a nossa geração sofre tanto com essas coisas porque nossos pais sofriam também, mas nunca se trataram.
Doença mental é algo que a gente nunca percebe que tem até perceber que as coisas estão insuportáveis — Reyndols chegou ao ponto de acordar no meio da noite, paralisado e agoniado por conta do seu futuro, o que também o fez entrar numa onde de autodestruição. “Eu ia pra balada e tentava me fazer desaparecer de alguma maneira”, conta. Porque, é: nem sempre salir de fiesta, beber, trepar é algo saudável.
Aniquilação e Jessica Jones tão no Netflix pra ilustrar isso muito bem.
Como não poderia deixar de ser, como “bom” ansioso, Ryan Reynolds sempre espera o pior de absolutamente tudo, inclusive de Deadpool 2 — ainda mais depois do sucesso do primeiro filme. “Onde tem muita expectativa, seu cérebro sempre processa como perigo”, diz o ator que, pra evitar se afundar ainda mais nesses pensamentos durante os dias que antecedem a estreia, pretende dar muitas das entrevistas como Deadpool, ao invés de Ryan Reynolds pessoa física — além de usar o aplicativo Headpsace. “Quando as cortinas se abrem, eu me torno esse idiota e ele meio que assume e vai embora de novo quando eu saio do set”, explia. “É um grande mecanismo de auto-defesa. Eu percebi que se eu vou me jogar de um penhasco, eu posso pelo menos voar”.
Quando as cortinas se abrem, eu me torno esse idiota e ele meio que assume e vai embora de novo quando eu saio do set. É um grande mecanismo de auto-defesa. Eu percebi que se eu vou me jogar de um penhasco, eu posso pelo menos voar
Se tem uma coisa que eu aprendi desde que fui diagnosticado com ansiedade AND depressão, é que precisamos falar sobre isso, mais e mais, pra que pessoas que se identificam com o que passamos também busquem ajuda. O mundo tá acabando com a gente e nós, acreditemos ou não, nos sintamos absolutamente solitários o tempo todo ou não, não estamos sozinhos.
Tem eu, tem até o Ryan Reynolds nessa, caso eu não seja o suficiente pra você. ;)
Ignorar esse tipo de coisa só piora. E o negócio é tão pesado que pode ser tarde demais... E nem todos conseguem encontrar o seu Deadpool.
Embora esteja em inglês (por enquanto, tomara que traduzam!), esse post do BuzzFeed é bastante interessante. Esse outro, em português, também vale a pena: 14 coisas que você precisa saber para perder o medo de fazer terapia. :)