Selo da DC revelou nada menos que 12 novas séries durante a San Diego Comic-Con, incluindo o retorno do Lúcifer (que vai estar na TV) e uma interessante HQ sobre o Iraque no começo da invasão pelos EUA
Sandman, Monstro do Pântano, Hellblazer, 100 Balas... Não dá pra negar que o selo Vertigo, da DC Comics, deu ao mundo (ou continuou com) inúmeras grandes séries desde que foi criado, em 1993. Porém, de 2011 pra cá, foi perdendo força. Algumas séries famosas chegaram ao fim, outras migraram para a linha principal da DC, Karen Berger (que é quem fez tudo isso se tornar realidade) deixou a editora... Parecia que, aos poucos, as luzes estavam sendo apagadas...
Mas elas vão continuar bem acesas.
Aproveitando a San Diego Comic-Con, a Vertigo anunciou durante um painel na quinta-feira (9) nada menos que 12 novos títulos, seguindo o foco em publicações autorais que assumiu em 2010, envolvendo grandes quadrinistas. Além, claro, das continuações de sucessos como Vampiro Americano, Astro City e Suiciders.
“Estes são lançamentos inovadores para a Vertigo e todos os 12 títulos representam o selo na sua essência: histórias inteligentes e irreverentes que irão levá-lo a algum lugar estranho”, contou Shelly Bond, a editora executiva da Vertigo que entrou no lugar da Karen, num comunicado oficial. “Eu não poderia estar mais empolgada com a diversidade de projetos e de equipes criativas que alinhamos, de veteranos da Vertigo a uma usina de novas vozes e em ascensão nas artes”, completou a editora que não, não é parente do James Bond.
Em outubro, teremos The Twilight Children #1, por Gilbert Hernandez e Darwyn Cooke – isso mesmo, aquele de DC: A Nova Fronteira. “The Twilight Children me deixou empolgado de uma forma que eu não me sinto desde que comecei a trabalhar em Parker [adaptação dos livros de Donald E. Westlake publicada pela IDW]. Entrar no mundo do Gilbert e ajudá-lo a fazer essa história extraordinária história para a Vertigo e nossos leitores... bom, não estou exagerando, é uma honra”, contou Cooke.
Outro lançamento no mesmo mês é Survivor’s Club #1, de Lauren Beukes (de Fairest), Dale Halsorven e Ryan Kelly, que, de acordo com o que definiu a própria Bond no painel na SDCC, é sobre “o que teria acontecido se aquelas crianças daqueles filmes de horror dos anos 80 tivessem vivido para contar a sua história”.
Também teremos Clean Room #1, de Gail Simone e Jon Davis-Hunt, que já tinha sido anunciada na New York Comic Con do ano passado e é sobre Astrid Mueller, líder de uma igreja que afirma conseguir curar os mais profundos problemas psicológicos das pessoas, que vai cruzar com uma repórter chamada Chloe, que está quase cometendo suicídio; e Art Ops #1, de Shaun Simon e Michael Allred, que será sobre um grupo de agentes que liberta pessoas de obras de arte famosas – e, pelo que dá pra ver pela capa da primeira edição, vão começar pela La Gioconda, aka Mona Lisa.
Já em novembro é a vez de Unfollow #1, de Rob Williams e Mike Dowling, que vai falar sobre um bilionário das mídias sociais moribundo que vai dividir a fortuna dele entre 140 pessoas aleatórias – ou pra quem SOBREVIVER às outras 139 pessoas. “Você não vê nada além de comportamento humano no seu feed do Twitter: força, fraqueza, insegurança. Está mudando a maneira como interagimos com os outros”, disse Williams num papo com o Hollywood Reporter. “Mas nós somos os mesmos homens e mulheres das cavernas olhando para fora delas, todas as manhãs, perguntando-nos o que nós podemos matar hoje, e se o que está lá fora pode nos matar. Isso é a essência da história. Há um monte de sátiras junto com ação e horror. Este é um mundo maduro para explorar”.
No mesmo mês ainda teremos Slash & Burn #1, de Si Spencer, Max Dunbar e Ande Parks, uma HQ sobre uma piromaníaca que deixou o passado de crimes pra trás e agora quer ser uma bombeira – só que acaba encontrando incêndios que lembram aqueles próprios que ela fez na juventude; Red Thorn #1, de David Baillie e Meghan Hetrick, que se passa em Glasgow e é sobre a americana Isla, uma personagem que vai mergulhar de cabeça na mitologia escocesa; e Jacked #1, de Erik Kriple e John Higgins, que é tipo uma mistura da mitologia dos super-heróis com a crise da meia idade – e que pode virar série de TV, já que essa é a vontade do Kriple, que também é o criador de Supernatural.
Fechando o trimestre de lançamentos, dezembro aparece com Sheriff of Baghdad #1, por Tom King e Mitch Gerards – e que tem uma pegada interessante, já que vem da experiência do King como integrante da CIA no Oriente Médio (antes disso, ele já tinha escrito para Marvel e DC). “Eu servi no Iraque brevemente. Eu fiquei lá por menos de cinco meses na primavera/verão de 2004, mas eu trabalhei com a questão do Iraque por muitos anos em um número diferente de países, antes e depois da invasão [de 2003]”, disse o autor em entrevista ao LA Times. “Eu quero levar o leitor a esse tempo, a esses cinco meses em que a insurgência começou e estávamos começando a entender que a nossa missão de guerra estava longe de ser completada. Essa não é uma HQ sobre política. É sobre o calor e o suor e o salto que você dá quanto os morteiros caem. O salto que fica com você pelo resto da sua vida”.
A série será sobre três personagens: Chris, um policial americano que está servindo no Iraque como um terceirizado, treinando a polícia de lá; Nassir, um xiita iraquiano que era policial sob o governo do Saddam e agora está desempregado; e Sofia, uma líder iraquiana sunita que voltou de um exílio pra tomar parte da nova democracia do país. Sobre similaridades com Homeland, King foi direto: “eu nunca assisti”, muito porque, se fosse ruim, seria ruim assistir; e se fosse uma boa série, o relembraria da experiência que teve e ficaria irritado consigo mesmo. “Eu me sinto culpado por não estar mais lá”. King deixou a CIA para poder ficar mais tempo com a família.
Não sei vocês mas, de todos, esse é o título que mais me interessou.
New Romancer #1, de Peter Milligan e Brett Parson, também chega no mesmo mês e é sobre Lexy, uma programadora responsável por um app de namoro que tem tanta criatividade que traz de volta o mais romântico dos românticos, o Lord Byron, em pessoa; e Last Gant in Town #1, de Simon Oliver e Rufus Dayglo, que começa numa Londres de 1976, quando a movimento punk explodiu.
Porém, a novidade mais ~comercial desse mês é Lucifer #1, com o personagem que surgiu nas páginas de Sandman, do Neil Gaiman, e que está ganhando uma série de TV. Quem cuidará da HQ será a dupla Holly Black e Lee Garbett, que vão misturar o personagem com o arcanjo Gabriel visto nas páginas de Hellblazer. “Ele acabou com o coração quebrado e enviado ao inferno como um mortal – o que significa que ele ainda está no jogo”, afirmou Black também pro LA Times. “Eu fiquei interessado na ideia de forçar ele e Lúcifer a investigarem um assassinato juntos. Gabriel conhece Lúcifer de uma maneira como poucos, como um irmão. E Gabriel tem várias razões para odiá-lo, então é uma tensão interessante”.
A Vertigo ficará bem ativa nesse final de 2015. Os fãs de boas HQs autorais agradecem. ;)