Sim, existia um projeto. E sim, a ideia era MUITO legal – e envolvia um pouco do DNA do filme do Esquadrão Suicida, aliás…
E aí a DC vai lá e começa a criar seu próprio universo cinematográfico, anuncia uma tonelada de filmes de heróis. Tem Batman, Superman, Mulher-Maravilha, Flash, Aquaman, Cyborg, Lanterna Verde, Esquadrão Suicida, já tem gente até falando em Besouro Azul e Gladiador Dourado... Mas deixo aqui uma pergunta no ar. Vocês, queridos executivos da Warner que eu sei que acessam o JUDÃO, queiram me responder onde diabos está o Arqueiro Verde?
A série de TV do sujeito tá lá, no CW, bombando junto com a do Flash. Mas, pelo menos até o momento, sem planos pra ele nos cinemas, justamente um dos heróis mais icônicos da casa, integrante pleno da Liga da Justiça. Bom, quer dizer, não existem planos AGORA. Porque já existiram, em algum momento. Mais especificamente, lá no começo dos anos 2000. Na verdade, já existia até uma primeira versão de roteiro, escrito por Justin Marks (do vindouro Mogli: O Menino Lobo em live-action) e David Goyer – que, vocês bem se lembrar, é o cara por trás dos três Batmans de Christopher Nolan, do recente O Homem de Aço e de Batman vs. Superman. O nome do filme era Green Arrow: Escape From Super Max.
Na época, Marks era um ilustre desconhecido e Goyer era só o cara dos filmes do Blade e que tinha acertado a mão com Batman Begins – é, nada de Heath Ledger como Coringa ainda, nada de Zack Snyder no papel de VISIONÁRIO da porra toda. Mas algum executivo dentro da Warner tinha curtido a ideia, que estava seguindo em frente. Na verdade, a trama é realmente muito legal e tinha um potencial incrível para se tornar um puta filme divertido.
O Arqueiro Verde acaba sendo acusado de um crime que não cometeu: o assassinato de um oficial de alto nível dos governo dos EUA. O herói é capturado e preso – e jogado na tal prisão Super Max do título do filme. “Na verdade, ele é o Arqueiro Verde só nos primeiros 10 minutos do filme. Depois de preso, sua identidade é revelada”, revelou Goyer, em abril de 2007, para o agora finado site WizardUniverse.com. “Raspam o cavanhaque dele, tiram o seu uniforme e o seu arco e ele é apenas o Oliver Queen”. A grande graça da coisa é que a prisão para a qual ele é enviado é justamente uma prisão de segurança máxima na qual estão encarcerados muitos criminosos que ele mesmo ajudou a prender.
Sentindo o caldo entornar para o seu lado, Oliver resolve que precisa fugir o quanto antes pra provar a sua inocência e acaba tendo que forjar alianças inesperadas com vilões que os fãs dos gibis conhecem bem. “É como Alcatraz. (…) Mas é claro que muita gente vai tentar matá-lo no meio do caminho”. A ideia seria encher a prisão com um monte de vilões classes B e C da DC, todo mundo sem uniformes, mas facilmente reconhecíveis por seus poderes.
Em um papo com a MTV, em 2008, Marks afirmou que o desenvolvimento da prisão seria parte essencial do filme. “É uma prisão muito, mas muito legal. Eu me formei em arquitetura na faculdade e comecei tudo na vida com design. Esta prisão teria que ser um personagem também. Este é um mundo no qual seria preciso conter um cara que pode congelar as coisas, por exemplo. Que tipo de cela poderia contê-lo, de maneira que seus poderes fossem neutralizados? Para escapar de Super Max, eles teriam que elaborar a fuga perfeita, envolvendo superpoderes. Afinal, a prisão também teria superpoderes, de um jeito ou de outro”.
Além de aparições de Lex Luthor, de Amanda Waller e de uma menção sutil ao Coringa (cujo nome seria visto em uma das celas), a ideia era ter o Charada em atividade, ao lado do Arqueiro. “E também o Tatuado. Seria bizarro fazer um filme sobre uma supercadeia e não ter um cara com supertatuagens”, brinca Marks. Vale lembrar que o Tatuado é um inimigo do Lanterna Verde que consegue manipular os desenhos do seu corpo e trazê-los à vida – as fotos do set de filmagem do Esquadrão Suicida nas quais o rapper Common aparece dão a entender que ele vai viver justamente este vilão...
O ANTAGONISTA de Super Max seria Marcus Cross, CEO corrupto que tem um longo histórico de disputas com Queen e teria sido o responsável por orquestrar a sua prisão. E, claro, o vilão contratado por ele para “imitar” o Arqueiro e acusá-lo diante da imprensa também daria um jeito de ir parar atrás das grades, para dar cabo de Ollie antes que ele conseguisse fugir...
Marks parecia bastante empolgado com o projeto porque, diabos, eles não teriam que lidar com uma história de origem. No máximo, alguns poucos flashbacks ao longo da trama. “Mostraríamos o centro do personagem não com a revelação de onde ele veio, mas sim com um momento-chave em sua trajetória no qual perdeu rigorosamente tudo e resolveu ganhar de volta. Para o público, seria uma uma forma muito legal de conhecer um novo personagem”. Pro roteirista, o Arqueiro Verde seria perfeito para a história por ser “o Jason Bourne dos super-heróis”, um cara cheio de seus próprios truques. “Ele e Bruce Wayne são ricos, têm suas coisas, mas Batman é mais sobre o equipamento, a coisa teatral, as habilidade de detetive. E o Arqueiro Verde é um cara mais MacGyver. Em suas mãos, qualquer coisa se torna uma arma”.
Tudo muito foda, tudo muito do caralho, vamo aê, né? Não, não vamos.
Em novembro de 2008, a dupla de roteiristas estava em busca de um terceiro integrante, para ajudar a dar um tapa na trama. Em 2009, o assunto foi esfriando, “ah, a Warner Bros. está se movendo devagar em termos do que quer fazer com os projetos da DC – assim que a Diane Nelson [presidente à época recém-empossada da DC Entertainment] assumir vamos voltar ao assunto”. Mas veio a construção do Universo Marvel nos cinemas, veio a acelarada que a DC/Warner deu de uma hora pra outra... e nunca mais se falou em Super Max e nem no Arqueiro Verde.
Até semana passada, claro. Quando Goyer bateu um papo com o site Den of Geek e trocou uma ideia sobre o assunto. Para o roteirista, agora um dos grandes nomes por trás da construção da identidade compartilhada da DC nas telonas, o roteiro do Arqueiro Verde surgiu na hora errada. “Se a gente tivesse surgido com aquilo alguns anos depois...”, diz, lembrando do interesse da Warner numa produção como Esquadrão Suicida, estrelada apenas por vilões. “A Marvel estava lá considerando um filme do Sexteto Sinistro [Nota do Editor: era a Sony, mas tudo bem, compreensível a confusão] e, Deus, acho que tivemos a ideia do Super Max uns oito ou nove anos antes. Mas certamente era uma aposta arriscada para a Warner na época. O roteiro era bom, mas ‘quem vai querer um filme com apenas um herói e um monte de vilões? Não faz sentido’. A ideia acabou caindo no inferno do desenvolvimento de roteiros”.
Goyer, no entanto, ainda acha que o executivo responsável por permitir que ele e Marks seguissem em frente com o roteiro era um visionário, ainda que evite mencionar o seu nome. “Só que os grandões, e nenhum deles está mais na Warner agora, só pensavam em filmes do Batman e do Superman. ‘Não, a gente não precisa de outros personagens’. Mas isso foi antes da Marvel decolar, antes de personagens obscuros como os Guardiões da Galáxia ou o Homem-Formiga fazerem sucesso, antes desta corrida ao ouro começar. Era natural que eventualmente alguém fizesse um filme com vilões como protagonistas, então aconteceu”.
Goyer, no entanto, despista sobre o futuro do Arqueiro Verde nos cinemas, de uma forma ou de outra. Tudo bem. A gente sabe que Greg Berlanti lê o JUDÃO, também. Já tem um monte de vilões nestas quatro temporadas de Arrow mesmo. Para a quinta temporada, vamos investir nesta ideia aê, galera? Certeza que o Stephen Amell curtiria.
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