Era uma vez um artista visual chamado Björn Tagemose: fotógrafo, artista plástico, diretor de comerciais, o pacote completo. Meio belga, meio sueco, totalmente rock ‘n roll. Fundador do coletivo de artistas shoottheartist, com obras expostas no famoso Groeninghe Museum, em Bruges, e passagem por marcas de moda bastante distintas como Nike e Louis Vitton. Conhecido especialmente por tocar rock pesado como trilha no set enquanto trabalha fotografando ou filmando artistas, esportistas, modelos. “O diretor rock & roll”, acabou sendo o apelido que o Björn ganhou.

Justamente por isso, faz todo o sentido descobrir o projeto que o sujeito está construindo neste exato momento: Gutterdämmerung. É um filme. Mas também promete ser uma mistura de cinema com experiência imersiva – na qual o público é convidado a participar, de alguma forma, ao vivo – com um show de rock. Por enquanto, ainda não se sabe onde exatamente estas apresentações aconteceriam. Mas o site oficial promete que vai rolar uma turnê com banda ao vivo e um narrador, começando no final de 2015 e seguindo pelo começo de 2016.

O título complicado (possivelmente, uma brincadeira com Götterdämmerung, o Crepúsculo dos Deuses, obra clássica do compositor Richard Wagner) não entrega nem de longe a ideia por trás do projeto. Sabe aqueles filmes mudos em preto e branco, bastante comuns na Hollywood dos anos 1920? Pois é. Agora pense nisso tirando o singelo piano que costumava acompanhar as tramas de Charles Chaplin, por exemplo, e colocando no lugar uma barulhenta banda de rock para expressar as emoções e, claro, representar os efeitos especiais. “Pense numa versão rock do Secret Cinema [Nota do Editor: aquela empresa que fez uma recriação em tamanho natural de Hill Valley para encenar trechos de De Volta para Futuro junto com o filme] só que nascida no inferno e você vai ter uma ideia do que Gutterdämmerung é”, provoca o site.

Na trama, a Terra é um mundo salvo do pecado depois que Deus tirou da humanidade a guitarra do mal, um presente do Diabo em pessoa. Nos tornamos um lugar puritano sem lugar para sexo, drogas e rock & roll. Mas aí... e eis que começa a maior graça do projeto... um anjo meio punk chamado Vicious (interpretado por Iggy Pop) olha para o nosso planetinha de maneira meio entediada e, sem que Deus saiba, joga a guitarra de volta para a humanidade. E a putaria recomeça.

Um terrível padre puritano (vivido por Henry Rollins, do Black Flag, que inclusive ajudou a escrever o roteiro) começa a manipular uma menina inocente para que ela encontre a guitarra e a destrua. Mas a garota, além de ter que encarar um monte de “bastardos do rock”, ainda terá uma rival em sua jornada, uma roqueira que quer garantir que o instrumento continue por aí, deixando a humanidade livre, leve e solta. Além de Iggy e Rollins, outros grandes nomes da música estão confirmados no elenco, como a sempre fodástica Grace Jones (vivendo uma deusa africana do inferno, a única capaz de controlar a testosterona dos bastardos do rock) e Jesse Hughes, o bigodudo vocalista da banda Eagles of Death Metal (no papel de um caçador de recompensas que mata os sons em troca de dinheiro).

Esta semana, Björn anunciou outras duas adições de peso ao filme. Usando os figurinos militares que tanto adora, Lemmy Kilmister, líder do Motörhead, será o general maluco que lidera um exército – enquanto Tom Araya, a poderosa voz do Slayer, será um misterioso mensageiro das trevas que vai “trazer a luz com uma performance realmente primal”, conforme descreve o anúncio oficial.

Além de prometer o trailer para breve, o site oficial também afirma que novos nomes do rock serão anunciados nas próximas semanas. Mas os primeiros pôsteres, cara, são simplesmente geniais.

Vamos acompanhar BEM DE PERTO o desenvolvimento desta bagaça por aqui, mas de imediato já dá para dizer uma coisa: ou vai ser SIMPLESMENTE SENSACIONAL (assim mesmo, tudo em Caps Lock) ou vai ser, sei lá, um Sucker Punch da vida, aquela reunião de muitos elementos absolutamente fodas em tela que acabam sendo tão mal costurados que... nhé.

Não tem meio termo nesta porra.

E espero, de coração, que estejamos falando da primeira opção. ;)