Primeiro episódio da terceira temporada fará referência ao crossover das HQs Flashpoint, mas… Será que haverá coragem para remexer no primeiro Universo coeso da DC fora dos quadrinhos?
Cansado de perder inúmeras vezes para o Flash, e sabendo que não pode simplesmente apagar o adversário da existência simplesmente porque isso mudaria as coisas para si próprio, o Flash Reverso realiza então a sua cartada final: volta no tempo, visitando um jovem Barry Allen e matando a mãe do futuro Corredor Escarlate. Sabendo da verdade, o Flash eventualmente volta no tempo para salvar Nora. E, sem saber, cria um Efeito Borboleta capaz de mudar toda a história da humanidade.
Não, essa não é – ainda – a sinopse da terceira temporada da série The Flash, com os desdobramentos das atitudes de Barry Allen no season finale do segundo ano. Na verdade, o parágrafo anterior descreve a grande inspiração para esta nova temporada, a saga Flashpoint (ou, no Brasil, Ponto de Ignição).
A referência ao crossover, publicado nos gibis em 2011, já estava clara quando Barry (o da TV) finalmente enfrentou seus receios, voltou no tempo e salvou a mãe das mãos do vilão Flash Reverso. Sim, ele já havia tido a mesma oportunidade no final da primeira temporada, mas, daquela vez, Barry tinha uma vida feliz, com dois pais, uma família, amigos... Um ano depois, o Corredor Escarlate viu boa parte disso escorrer das mãos. Será que valia manter tudo isso por medo de não saber como seria o mundo ao lado de Nora Allen? Não valia.
Sabemos que no universo da TV nem sempre Nora esteve morta. Ninguém viu, mas existiu uma realidade na qual Barry viveu uma vida feliz ao lado dos pais – provavelmente parecida com aquela das HQs clássicas do herói. Foi de lá que Eobard Thawne voltou no tempo pra matar Nora, de uma Terra que já havia tido o seu Corredor Escarlate. A atitude do Flash agora poderia restabelecer essa cronologia original, mas não é tão simples assim. Só o fato de Nora ter sobrevivido a um assassino com superpoderes – algo que não aconteceu na cronologia original – pode ser a fagulha para uma transformação ainda maior no mundo.
Nos gibis, o ato impensado nos deu um mundo no qual Barry Allen nunca ganhou poderes. Lá, foi Bruce Wayne que foi morto pelos pais, deixando o pai, Thomas, se transformar no Batman – enquanto a mãe, enlouquecida, se tornou o Coringa. Aquaman e Mulher-Maravilha, liderando respectivamente Atlantis e Themyscira, se envolvem em uma guerra de escala global, que bota boa parte da Europa debaixo d’água. O mundo não é mais um lugar RAZOÁVEL para se viver.
Grant Gustin, o Flash em carne e osso, já divulgou no Twitter que o título do episódio que abre a terceira temporada é justamente Flashpoint. O mundo, após o salvamento de Nora Allen, não é mais o mesmo. Mas também não será o mesmo dos gibis, principalmente porque Mulher-Maravilha, Batman, Aquaman, Cyborg, Capitão Marvel e outros personagens importantes para o crossover original não estão disponíveis pra galera que faz o chamado Arrowverse. Também fica difícil saber se Greg Berlanti, Andrew Kreisberg e Geoff Johns teriam o CULHÃO de mexer não só em uma série, mas em pelo menos três – Arrow e Legends of Tomorrow fazem parte da mesma cronologia e a mudança do tipo fatalmente teria efeito em todas elas.
Ainda assim, dá pra fazer algumas CONJECTURAS. The Flash é a primeira estrear, podendo assim apresentar uma nova realidade que, depois, será vista nas outras “produções irmãs”. Dá pra ser ousado e colocar que Robert Queen é o Arqueiro (como acontece na Terra 2 do Multiverso da TV, e ficaria uma referência ao que é feito com o Batman nos gibis) e coisas assim, com uma ameaça em escala global pra ligar todas as pontas, com o crossover dessas três séries (e com a Supergirl, que tá em outra Terra) resolvendo a treta.
Seria algo épico na história da TV, mas diria pra tirar seu equino da precipitação aquífera. O crossover entre as séries está previsto apenas para dezembro e, apesar do canal CW classificá-lo como “o maior já feito”, é muito difícil que segurem um universo paralelo até lá. Veja, isso até ajudaria na construção do enredo de The Flash para o resto do ano, mas seria como jogar quase que metade de uma temporada de Arrow e Legends no lixo.
Pode ser, então, que as transformações em The Flash sejam revertidas até o final do season premiere, abrindo espaço para uma realidade “normal” na abertura do quinto ano de Arrow. Ou, de alguma forma, as mudanças sejam restritas a Barry e Central City, deixando o pessoal em Star City tendo uma vida (mais ou menos) normal. Já Legends, bom... Pra uma série sobre viagens no tempo e, no próximo ano, entre dimensões, dá simplesmente pra ignorar toda essa bagunça.
O nome “Flashpoint” também não precisa indicar uma adaptação mais literal da HQ. Barry Allen já perdeu os poderes no último ano, então é difícil imaginar que vão repetir essa parte. E a parte do herói fazer uma merda ao salvar a mãe também, aparentemente, já se repetiu. O título pode ser uma referência mais literal à expressão flashpoint, que, na política, se refere a uma disputa ou área que tem grande chance de desenvolver uma guerra mundial.
(É diferente da química, na qual a expressão “flash point” pode ser traduzida como “ponto de fulgor”, que é a temperatura na qual o líquido evapora quando há uma fonte de calor externa. “Ponto de ignição”, no caso é outra coisa, também da química).
Se fosse pra apostar minhas fichas, diria que é isso: Barry criou um mundo mais ou menos normal para o Arqueiro Verde, mas muito diferente para ele e no cenário político. Uma conjuntura que levará a um problema em escala global ou universal, pra ser resolvido lá no crossover – e justificando chamar a Supergirl pra festa.
De qualquer forma, isso tudo seria elevar a ideia de um universo coeso ao extremo. O que é sensacional. ;)
The Flash estreia em 4 de outubro, mas, antes, entre 21 e 24 de julho, tem a San Diego Comic-Con. Muitos detalhes dessa confusão toda devem ser esclarecidos lá, e você lerá todos aqui no JUDÃO. ;)