O primeiro final de semana de Capitã Marvel mostra que protagonista feminina rende e MUITO | JUDAO.com.br

E não só em termos de VALORES. Tem muita coisa legal nessa história.

Durante as comemorações da primeira década de trabalho ininterrupto da Marvel Studios, a revista Vanity Fair fez um perfil bem extenso e interessante com Kevin Feige, o mandachuva do estúdio. Além de falar sobre todo o imenso trabalho que teve para a construção do que se tornaria um império cinematográfico e financeiro, Feige fez uma declaração importante e até um tanto óbvia sobre como Isaac Perlmutter, ex-CEO e atual presidente da Marvel Entertainment — e peça fundamental no resgate da Marvel Entertainment Group da falência em 1998. Mesmo apoiando a decisão do estúdio de produzir seus próprios filmes, ele era bastante ultrapassado quando o assunto era elenco, orçamento e merchandising das produções, contrariando bastante as tendências populares.

“Perlmutter, citando seus anos no negócio de fabricação de brinquedos, supostamente tomou a decisão de diminuir a produção de produtos com tema da Viúva Negra em 2015, porque ele acreditava que produtos de super-heróis femininos não seriam vendidos”, disse Feige durante a entrevista.

Com o sucesso de Mulher-Maravilha e, meses depois, o fenômeno Pantera Negra, o público mostrou que está interessado em filmes com abordagens e personagens diferentes e agora é a vez de Capitã Marvel mostrar que filmes protagonizados – e dirigidos! – por mulheres têm lugar nos cinemas.

Depois do fechamento do final de semana de estréia, Capitã Marvel conseguiu se tornar a terceira maior abertura de Março de TODOS OS TEMPOS, perdendo apenas para A Bela e a Fera – um clássico absoluto da Disney – e Batman vs. Superman.

A produção protagonizada por Brie Larson custou cerca de U$ 152 milhões – sem a soma de mais 30% de marketing – e arrecadou U$153 milhões em apenas três dias nos EUA e, em comparação com outras produções do gênero de ação heroica, o filme já está na 11ª posição e na 57ª colocação em adaptações de histórias em quadrinhos – com mais U$ 24 milhões, o filme ultrapassa Capitão América: O Primeiro Vingador, que está em 52º.

Com esses números iniciais impressionantes e fazendo um paralelo com as outras bilheterias do MCU, a estimativa inicial sugere que o filme conseguirá U$ 422 milhões APENAS nos EUA. Esse cálculo não é absurdo se pensarmos que Capitã Marvel terá algumas semanas para acumular fortuna até a estreia de Shazam! no dia 5 de abril, o próximo lançamento do mesmo gênero.

Diferente da platéia de Mulher-Maravilha, que conseguiu alcançar 52% de público feminino, a platéia do final de semana nos EUA era 55% masculina e 45% feminina, mas essa diversidade do público pode ser considerada uma vitória já que, assim como foi com Pantera Negra e Homem-Formiga e a Vespa, essa é a menor divisão entre gêneros do MCU. Outra diferença significativa está na faixa etária desse público: provavelmente embalados pela nostalgia dos anos 90, 64% do público total tinha 25 anos ou mais, uma idade avançada para um filme da Marvel.

Tradicionalmente, Janeiro e Fevereiro são meses extremamente fracos para as bilheterias dos EUA por diversos fatores – desde o frio até a competição com eventos esportivos como os playoffs da NFL e o Super Bowl -, mas esse início de 2019 marcaram os piores números dos últimos cinco anos e houve um queda de -27,7% em janeiro em relação à Dezembro de 2018. Capitã Marvel colaborou para um salto de +102.5% de arrecadação se comparado aos outros finais de semana do ano e isso significa que a heroína não está apenas faturando rios de dinheiro para a Marvel Studios, ela também está salvando o início de bilheteria de 2019.

Mas o sucesso não está apenas nos EUA. Internacionalmente, o filme dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck acumulou U$ 302 milhões, com a China liderando com uma estimativa de U$ 89,3 milhões, colocando o filme como o terceiro maior final de semana de estreia do MCU no país, perdendo apenas para Vingadores: Guerra Infinita e Capitão América: Guerra Civil. A lista continua com a Coréia do Sul com U$ 24,1 milhões, Reino Unido com U$ 16,8 milhões e Brasil com U$ 13,4 milhões.

Depois de todos esses números incríveis, a falácia sobre a falta de interesse do público em produções de ação protagonizada por mulheres cai por terra e mostra que Mulher-Maravilha não foi um fenômeno isolado, mas a demonstração do desejo da plateia em ver histórias novas e SE ver nos cinemas.

E esse é apenas o início de uma mudança muito necessária.