O retorno da DC: editora domina as vendas de julho nos EUA | JUDAO.com.br

Editora literalmente Renasce e ultrapassa a Marvel no mercado americano, mostrando que a estratégia deu certo

A DC Comics fez tudo certinho. Aliou a tradição da editora, cujo foco estava nos leitores mais conservadores e em donos de comic shops, com novas ideias e personagens um pouco mais inclusivos – incluindo aí um Superman chinês, uma nova Superwoman, Mulher-Maravilha com um passado que faz jus à heroína... Chamado de Rebirth, o relançamento da DC começou no finalzinho de maio e, agora, traz o seu primeiro grande resultado: a liderança do mercado direto de quadrinhos nos EUA no mês de julho, superando a Marvel Comics.

A última vez que isso aconteceu foi no final de 2014.

De acordo com a Diamond, que tem o monopólio da distribuição de HQs para as comic shops dos EUA, a DC abocanhou 40,96% de todas as revistas vendidas no mês, contra 35,69% da Casa das Ideias. Como a Editora do Superman diminuiu o preço de todos os gibis para US$ 2,99, a vantagem no market share quando são contabilizados os dólares gastos pelos leitores não foi tão grande: 35,36% pra DC e 34,20% pra Marvel.

Ainda assim, pra uma editora que parecia estar com o jogo perdido há alguns meses, os resultados são muito bons.

(Só pra você ter uma ideia do DOMÍNIO dessas duas editoras, a terceira colocada é sempre a Image, que mês passado conquistou 8,15% de fatia de mercado).

Justice League Rebirth

A conquista da DC vem num mês de queda nas vendas como um todo, depois do recorde registrado em junho. Só que isso é completamente justificável: os lançamentos ocorrem sempre nas quartas-feiras e julho teve uma a menos que o mês anterior. Como o número de lançamentos não teve tantas modificações assim, as revistas acabam concorrendo mais umas com as outras pelos espaços nas lojas e pelo dinheiro dos leitores. É um movimento normal, que trouxe uma queda, entre um mês e outro, de 8,15% nos dólares gastos e 3,24% nas unidades vendidas.

Porém, se você comparar com julho do ano passado, que também teve uma quarta-feira a MAIS do que agora, vai perceber um crescimento de 4,32% e 12,01%, respectivamente em doletas e revistas.

Em julho, as editoras ganharam 90% A MAIS de dinheiro com quadrinhos em comic shops nos EUA do que em 2001 — é muito mais que a inflação

Quando olhamos ainda mais pro passado – e isso é sempre bom, afinal tem a galera que adora falar que o mercado de quadrinhos americanos tá no buraco – os números estão ótimos. Considerando TUDO que é comercializado via Diamond, as vendas tão 44% maiores que em julho de 2006. Contando apenas os 300 gibis mensais mais vendidos, as editoras lucraram 90% A MAIS que em julho de 2001, enquanto a inflação foi de 36% no mesmo período.

As revistas da DC, obviamente, tiveram um peso muito grande nessa conquista de agora. Justice League #1 teve vendas estimadas de 209 mil exemplares, de acordo com o ComiChron. Justice League Rebirth #1 ficou com 177 mil, empatada com Batman #2. Civil War II #3 é o primeiro gibi da Marvel na lista de mais vendidos, no quarto posto. Depois só dá praticamente a DC: até a 22ª posição, o único intruso da Casa das Ideias é Civil War II #4, que ficou em sétimo. No geral, os títulos do Rebirth estão tendo uma queda pequena nas vendas depois do número 1 — algo que acontece mais na Marvel.

Apenas lembrando que esses números não significam que todas essas revistas foram parar nas mãos dos leitores. Diferentemente do que acontece nas bancas brasileiras, a comic shop gringa efetivamente compra as revistas da editora, se responsabilizando pela revenda e pelo eventual encalhe (e o mercado de bancas é inexistente). Uma das apostas da DC para o Rebirth foi justamente fazer que uma grande quantidade de revistas fosse retornável, algo que as editoras fazem em um relançamento como esse – e dão, obviamente, uma turbinada no mercado, mas que também facilita a chegada dos títulos aos leitores. Com o tempo, o mercado deve se ajustar, com os lojistas deixando a euforia do marketing de lado e focando nos resultados que tiveram em suas próprias lojas.

Também surpreende que a DC alcançou essa liderança com menos revistas lançadas por mês. Foram 63 gibis mensais em junho – enquanto que, antes do Rebirth, em abril, a editora estava na casa dos 80. Pra você ter uma ideia, a Marvel lançou 97 revistas no último mês.

Não emplacou como deveria...

Não emplacou como deveria...

Por outro lado, também dá pra dizer que a Casa das Ideias deu uma brecha aí. Civil War II não decolou como o esperado. A primeira edição tinha alcançado 381 mil exemplares em junho, e agora caiu pra 126 mil no número quatro. O enredo, que é bem interessante, simplesmente não pegou como poderia.

Pra te dar uma noção, Secret Wars #4, parte do grande crossover anterior da editora, teve 221 mil exemplares vendidos em julho de 2015.

O gás de Star Wars também parece ter diminuído. Não que esteja ruim: Star Wars #21 passou dos 90 mil exemplares, enquanto o título do Han Solo tá na casa dos 80 mil. Só que isso está longe dos resultados AVASSALADORES lá do começo da linha pela Marvel, que teve um boost de divulgação bem grande, assim como inúmeras capas variantes pra cada título.

Resta, agora, saber o que irá rolar nos próximos meses. Agora em agosto o Rebirth parece continuar a ter bons efeitos com a DC: de acordo com o Bleeding Cool, All-Star Batman #1 alcançou os 350 mil exemplares, enquanto Harley Quinn #1 400 mil chegou nos ESTRONDOSOS 400 mil – valendo até, de acordo com o co-publisher Jim Lee, o título de “quarto pilar de nossa linha” para a Arlequina, ao lado de Superman, Batman e Mulher-Maravilha.

Enquanto isso, a Marvel terá o seu próprio relançamento ao final de Civil War II, chamado mais uma vez de Marvel NOW!. São títulos que vão impulsionar as vendas dos caras. Por outro lado, consolidando essa primeira fase do Rebirth, a DC tem bastante espaço para apostar em novos títulos e renascer com mais personagens.

Rolou uma queda de 28% nas vendas de graphic novels em julho

O que preocupa mais neste momento é a outra ponta do mercado: as graphic novels. Em unidades, a queda foi de 35% de junho para julho. Mesmo comparando com o mesmo mês de 2015, a redução foi de 28,26%. Considerando os sete primeiros meses do ano, 2016 tá quase igual a 2015 e é provável que a DC aposte em encadernados do Rebirth para mexer com esse segmento, com a Marvel fazendo o mesmo com os compilados de Civil War II.

E, vamos combinar: ser líder é legal, sim. Faz bem pro ego, pro marketing e pras discussões entre os leitores. Só que mais importante do que vencer o concorrente é continuar crescendo, ganhando mais dinheiro. É nisso que Marvel e DC vão focar neste final de 2016 — um ano que, no geral, rendeu até agora 1% a menos que 2015.