Uma empresa multinacional de entretenimento e comunicação considerou nossas provocações em relação a alguns dos seus filmes, notoriamente ruins pelos mais diversos motivos, como algo “pessoal”, nos deixando de fora de oportunidades e dando lugar a quem, de preferência, prefira promover mais o que é feito por lá, independente de qualquer coisa.

Porque, no geral, indústria do entretenimento — em especial de cinema — no Brasil funciona assim. Na base da promoção, dos números, das audiências, do não-comprometimento. Dos dois lados, claro, tanto quem produz quanto quem consome. Ir contra ao que querem e esperam, é tirar do cinema todo o seu poder de arte, comunicação, empatia. É aquele lance de “não foi feito pra críticos, foi feito pra fãs”, usado até no caso de Bright, que surgiu outro dia — mas que eu também não discuto o fato de ter fãs porque, vamos lembrar, eu mal tinha sido anunciado como apresentador da antiga MTV Brasil e surgiu no twitter três contas “FC Borbs” pedindo oficialização.

Ser fã de QUALQUER COISA, hoje em dia, parece pior do que ser torcedor de futebol. Muita gente o faz pra se sentir parte de alguma coisa, rola toda uma competição interna e uma certa raiva pra quem é de fora e/ou simplesmente não diz o que se espera. Qualquer tipo de análise é considerada “anti” e por aí vai.

Na última terça-feira (01), a Warner liberou o trailer de Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas, não sei se você chegou a ver. Se não, aperta o play aí embaixo, mas saiba que tá sem legenda porque a única versão em português é dublada e, sendo assim, você deixaria de ouvir o Nicolas Cage como Superman e, eu tenho certeza, você não ia perder essa oportunidade, certo?

(Eu, que você provavelmente conhece como o responsável pelos melhores vídeos de REACT do Universo, assisti ao vídeo AO VIVO no instagram.com/JUDAOcombr, vale a pena seguir pra não perder os próximos)

O fato de o trailer ser só dublado significa quase que automaticamente que o filme, quando chegar por aqui, também será exibido só dublado e isso é realmente um problema que as distribuidoras ainda não resolveram, já que se é animação, é sempre tratado como infantil e, aí... Mas não vou ficar reclamando disso nesse momento. Vai que acham que é pessoal?

Eu não sei se essa parte vai pro filme ou vai ser usada apenas pelo marketing mas, seja como for, a brincadeira com o Exterminador, que os jovens heróis pensam que é o Deadpool, é uma das coisas mais geniais na história recente da nossa cultura pop e que coloca um fim definitivo na babaquice de que “universo DC é mais sombrio”.

De que existem lados nessa história. De que você é melhor ou maior que o outro por gostar de um ou de outro. Não é como se ainda vivessemos nas console wars dos anos 90, onde só podíamos ter um dos dois (e quem tinha o SuperNES, obviamente, estava equivocado). Num mundo em que tanta gente ama referências e as vezes diz que algo é bom por conta delas, a DC citar a Marvel é lindo — mesmo que tenha sido de maneira provocativa, ainda que nem um pouco perto do que o próprio Deadpool fez anteriormente com o Lanterna Verde, e que o próprio Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas TAMBÉM FAZ.

LEGO Batman: O Filme já tinha mostrado que as possibilidades com esse universo são muito maiores do que Christopher Nolan e, principalmente, Zack Snyder fizeram parecer, sendo o Homem-Morcego de brinquedo retratado de maneira mais próxima do que o personagem de fato é. Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas, colorido e recheado de piadinhas, de CHISTES, não só é o primeiro trailer em meses que me fez sentir algo real oficial, como fez referência a um dos principais personagens atuais da sua distinta concorrência, provocando de maneira tão certeira que Robert Liefeld simplesmente ignorou a história.

E olha que estamos falando de Rob Liefeld, o maior arroz de festa do universo quando o assunto é Deadpool.

Novamente: não sei se essa parte vai pro filme ou vai ser usada apenas pelo marketing, mas já podemos afirmar, alguns meses antes da estreia, que Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas é um filme autoconsciente e que não se leva a sério, que usa o que pode usar pra contar uma história que, de certa maneira, serve também como autocrítica. Só vale se tem filme?

Vindo da Warner / DC, com os fãs que existem por aí, a ideia é tão corajosa quanto maravilhosa, capaz de formar novos fãs — bons, legais, interessantes. Não desses aí que, nossa, TEM QUE ACABAR URGENTE — pro que virá no futuro.

Um futuro que, olha, parece realmente interessante.