Ocupações escolares: um guia para entender e ajudar | JUDAO.com.br

Estudantes paulistas reagem a iniciativa educacional controversa

Não, a chamada grande mídia não cobre como deveria. A TV trata como birra de uma molecada carente por atenção, que quer dar o gato na aula, tirar uma chinfra no colégio, fazer uma zoeira e, de quebra, dá ouvidos a gente da Secretaria da Educação do governo de Geraldo Alckmin, que diz que as Ocupações são partidárias. Se tivessem o mínimo de interesse na pauta desses meninos e meninas, eles saberiam que a UNE foi quase expulsa do movimento ao tentar negociar em nome deles e por aí vai.

O que estarrece é que a irresponsabilidade da grande mídia para com os estudantes não para por aí, uma vez que eles nem mesmo se dão ao trabalho de citar a violência policial crescente na abordagem às ocupações nas regiões mais carentes da capital.

Eu estive na Escola Estadual Caetano de Campos, conversei com a molecada, e existe um medo constante, principalmente à noite, que agentes à paisana invadam a escola e cometam alguma infração em nome dos estudantes ou mesmo exerça alguma forma de violência. O temor não é infundado, uma vez que na noite anterior à minha visita, uma pessoa não identificada abordou o adulto que fazia vigília na porta da escola e avisou que era melhor eles evacuarem no dia seguinte porque ele mesmo vai invadir e acabar com a Ocupação. Dizem que é assim em todas as escolas ocupadas.

Você não se assustaria?

No entanto, eles se organizam como podem para, ao menos, reportarem possíveis casos de violência ou desrespeito.

A verdade é que as Ocupações pegaram o Governador e sua Secretaria de Educação de surpresa. Eles anunciaram a reorganização no fim do ano contando que os alunos não iam arriscar perder o ano escolar com protestos e enfrentamentos, mas a notícia de que quase 100 escolas seriam fechadas dentro de uma estrutura onde centenas de salas de aula já estavam ociosas em contrapartida a classes com até 60 alunos “estudando” simultaneamente não chegou nem perto de ser digerida não apenas pela molecada, mas também pelos pais e professores da rede.

Controvérsia é pouco quando se trata de limitar ainda mais o acesso à educação por parte de um político como Geraldo Alckmin, que defende causas como a diminuição da maioridade e a privatização de escolas públicas e presídios e que, de quebra, lança mão de golpes sujos para depor o movimento das Ocupações, como uma verba mandrake de R$ 9 milhões para anunciar na mídia uma defesa da tal “reorganização” e o corte de bônus aos servidores das escolas invadidas. A ideia é garantir que imprensa e os próprios professores se virem contra os alunos.

Você acha que nosso dinheiro deve servir para esse tipo de iniciativa?

Fora que o governo corta água e energia elétrica de algumas Ocupações na calada da noite. Estamos falando de pessoas recém saídas da infância lidando com falta de condições básicas de vida enquanto lutam contra algo que os oprime.

É essa lição que a gente quer que eles aprendam na escola?

Ocupação

Mais uma vez, os meninos se organizam junto à sociedade que os apoia e cada vez mais anúncios de grades como essa aí do lado na rotina deles.

Se você se opõe às Ocupações, peço que tente pensar que poderia ser um menino ou menina da sua família passando duas horas no transporte público para ir e voltar da escola, onde divide a classe com mais de 50 adolescentes exaustos como ele.

Agora, se você já considera a luta deles justa e necessária, tenho dicas de como ajudar o movimento a manter a força que já ocupou mais de 200 escolas públicas.

Neste mapa, você pode achar a escola mais próxima da sua casa ou trabalho.

Aqui estão a lista colaborativa das escolas e as necessidades de cada uma; Neste doc, você pode inscrever sua aula ou atividade para o #DoeUmaAula (pode também se dirigir à escola mais próxima da sua casa, conversar com a molecada na portaria e combinar um dia e horário para colaborar); e você ainda pode ser um guardião das escolas.

Lembre-se: sua presença e o compartilhamento de conteúdos relacionados às ocupações são as melhores formas de colaborar com o movimento que quer apenas garantir uma educação que faça sentido para esta e as próximas gerações de estudantes.

A parte cultura pop do post está abaixo. Vamos em frente.