Querem $160 por quatro episódios de Orange is the New Black em Blu-ray | JUDAO.com.br

Ou, se preferir, OITO meses de Netflix. Qual a necessidade disso, gente?!

Não é brincadeira. A PlayArte anunciou esta semana que vai lançar, no dia 25 de Novembro (aproveitando Black Friday e as compras de fim de ano), o primeiro box da primeira temporada de Orange is The Black, que vem com apenas QUATRO episódios e o preço de tabela de R$ 159,90, um custo de R$ 39,98 por episódio.

É o equivalente a OITÔ meses de assinatura do Netflix, vendo o que você quiser, quando quiser, quanto quiser, por dois discos e uns extras.

Em DVD, o valor total cai um pouquinho: R$139,90. O segundo box, com os episódios restantes do primeiro ano, só sairá no primeiro trimestre de 2016 — pouco antes da estreia da quarta temporada.

Outra série do Netflix que será lançada em home video pela distribuidora é Hemlock Grove. A partir de 28 de Outubro você poderá comprar um box com dois discos em BD (e os episódios de 1 a 6 da primeira temporada) por ~módicos R$ 109,09 – ou “5 meses e meio de Netflix”. A versão em DVD custará R$89,90. Tudo isso, nesse caso, SEM extras.

Quatro episódios de OITNB em Blu-ray custam o mesmo que OITO meses de Netflix

Ok, esse tem sido o modelo de lançamento da PlayArte, uma distribuidora paulistana independente, no mercado de HOME ENTERTAINMENT brasileiro. É assim que eles fazem eternamente com CSI, por exemplo, lançando cada temporada dividida em TRÊS boxes, com preços inacreditáveis. Porém, quando esse modelo é aplicado numa série disponível em VOD, fica claro o quanto ele é ANACRÔNICO.

Essas não são as primeiras séries originais do Netflix em DVD aqui no Brasil, não. Cada uma das três temporadas de House of Cards já foi lançada por aqui, pela Fox / Sony, com preço inicial de R$99 – todas completas. Hoje, um box com todos os episódios das três temporadas sai R$ 135. Menos que quatro episódios de OITNB.

Netflix é um canal de TV 2.0, como já falamos aqui no JUDÃO. Enquanto você pagar a assinatura mensal, que é pensada pra custar menos que um ingresso de cinema, você tem Orange is The New Black (e o que mais tiver lá). Porém, você não possui aquilo, fisicamente. Ele não é seu. Pra ser, só tendo o disco na mão.

O “ter” faz mais sentido quando pensamos no canal de TV tradicional, o linear. Lá você só vê um episódio no dia e o horário que o canal quiser. Os discos tornavam possível finalmente ter em suas mãos o poder de escolha. Ainda mais com aquela velha história das janelas, que impedem a série de se tornar lugar comum das reprises na TV ou estar presente nos próprios serviços de streaming.

Nada disso funciona pra Orange e Hemlock, e nem pras dezenas e mais dezenas de séries e filmes que vão aparecer primeiramente no streaming daqui pra frente. Afinal, esse jogo virou.

Minha cara quando vi essa história

Cinco meses e meio de Netflix por uma temporada de Hemlock Grove em Blu-ray

Não temos números sobre o mercado brasileiro, mas lá nos EUA as vendas de DVDs e BDs caíram 9% entre 2013 e 2014, de acordo com o IHS. Com esse PLOT TWIST, é provável que essa queda se acentue nos próximos anos. Comprar box de série vai se tornar, na melhor das hipóteses, algo para meia dúzia de fãs aficionados.

Por isso, o paradigma desse mercado PRECISA mudar, antes que morra. Já que quem vai comprar discos é MUITO fã, faça o melhor trabalho pra eles. Estimule esse tipo de compra. Não é lançando box caríssimos com quatro episódios que isso vai acontecer, mas sim reduzindo custos, ampliando número de episódios por box, trazendo vantagens...

Orange is the New Black

E, cara, se o Netflix cobra caro pra licenciar pro home video, simplesmente não compre. Sabemos que a PlayArte está negociando as duas séries há anos. Se não chegaram a termos bons pros dois lados, continuem sem. Não é assim que o próprio Netflix está negociando com os donos de conteúdo? ¯\_(ツ)_/¯

Outro caminho é lançar algo na linha do Warner Archive Collection. Basicamente, são lançamentos que a WB disponibiliza sob regime de “manufactured-on-demand”, ou seja, são fabricados de acordo com as vendas. Tiragens pequenas – que, se bobear, já são maiores que muita tiragem de filme importante de major aqui no Brasil.

Caminhos existem, e não, não envolvem pagar caro pra CARALHO em algo que custa menos que um ingresso de cinema. O retorno do vinil, que já tá rendendo mais dinheiro que a música DIGITAL, tá aí pra mostrar que uma mídia bem cuidada, valorizada e com nicho bem explorado pode dar dinheiro, sim. Basta apenas ser inteligente.

Afinal, hoje tem mais DVD player no mundo do que toca-disco... Mas vai saber por quanto tempo isso ainda vai durar, né?